"Ah,
compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos
outros, em não espantar-se com as suas fraquezas, em edificar-se com os menores
atos de virtude que os vemos praticar, mas, sobretudo compreendi que a caridade
não deve permanecer encerrada no fundo do coração: Ninguém, disse Jesus,
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro,
a fim de que ela ilumine todos os que estão na casa. Parece-me que essa
candeia representa a caridade que deve iluminar, alegrar, não somente aqueles
que me são mais caros, mas todos aqueles que estão na casa, sem excluir
ninguém.
Quando o Senhor ordenou seu povo amar seu próximo como a si mesmo Ele não tinha
ainda vindo à terra, e sabendo bem quanto alguém ama sua própria pessoa, não
podia pedir a suas criaturas um amor maior pelo próximo. Mas quando Jesus
deu a seus apóstolos um novo mandamento, o seu mandamento, como disse logo
depois, não é mais de amar o próximo como a si mesmo que Ele fala mas de amá-lo
como Ele, Jesus, o amou, como Ele o amará até a consumação dos séculos...
Ah,
Senhor, eu sei que não ordenas nada que seja impossível, conheces melhor que eu
minha fraqueza, minha imperfeição, sabes bem que jamais eu poderia amar minhas
irmãs como tu as amas, se tu mesmo, oh meu Jesus, não as amásses também em
mim. É porque queres dar-me essa graça que me deste um novo
mandamento. Oh, como eu amo esse mandamento, pois ele me deu
a segurança de que tua vontade é amar em mim todos aqueles que me ordenas
amar!..."
(História de uma alma - Santa Teresinha)