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A vida doméstica, outrossim, se, observada a lei de Cristo, floresce de
verdadeira felicidade, assim também, quando repudia o Evangelho, perece
miseravelmente e é devastada pelos vícios: "O que procura conhecer a
lei será saciado com ela, mas para o hipócrita ela é um escândalo" (Eclo 32,
19)
8.
Que pode haver na terra mais jucundo e alegre que a família cristã? Nascida
junto ao altar do Senhor, onde o amor foi proclamado santo vínculo
indissolúvel, consolida-se e cresce no mesmo amor que a graça superna alimenta.
E então "é por todos honrado o matrimônio e imaculado o tálamo"(Hb 13,4);
as paredes tranqüilas não ressoam de litígios nem são testemunhas de secretos
martírios pela revelação de astutos manejos de infidelidade; a solidíssima
confiança mútua afasta o espinho das suspeitas; no recíproco afeto de
benevolência se aliviam as dores, e se acrescentam as alegrias.
Lá
os filhos não são considerados peso insuportável, senão dulcíssimos penhores;
nem uma condenável razão utilitária ou a procura de estéril prazer fazem que se
impeça o dom da vida e que caia em desuso o suave nome de irmão e irmã.
Com
que solicitude cuidam os pais que cresçam os filhos não apenas fisicamente vigorosos,
senão que, seguindo a tradição dos antepassados, que lhes são freqüentemente
relembrados, sejam adornados da luz que lhes comunica a profissão da fé
puríssima e a honestidade moral!
Comovidos
por tantos benefícios, os filhos cumprem seu máximo dever, isto é, honram a
seus progenitores, secundam os seus desejos, sustentam-nos na velhice com seu
auxílio fiel, tornam jucundas suas cãs com um afeto que, inalterado pela morte,
no céu se há de tornar ainda mais glorioso e completo. Os membros da família
cristã, não queixosos na adversidade, não ingratos na prosperidade, sempre
estão plenos de confiança em Deus, a cujo império obedecem, a cujo querer se
confiam, cujo socorro jamais esperam em vão.
9.
Aqueles, pois, que nas Igrejas exercem funções diretivas ou de magistério,
exortem assiduamente os fiéis a que constituam e mantenham famílias segundo a
norma da sabedoria do Evangelho, buscando assim com assíduo cuidado preparar
para o Senhor um povo perfeito. Pelo mesmo motivo, cumpre também sumamente atender
a que o dogma, que por divino direito afirma a unidade e indissolubilidade do
matrimônio, seja compreendido em sua importância religiosa e santamente
respeitado por todos os que contraem núpcias.
Que
tal capital ponto da doutrina católica tenha validíssima eficácia para a sólida
estrutura da família, para o bem-estar crescente da sociedade civil, para a
saúde do povo e para uma civilização cuja luz não seja falsa, reconhecem-no
também não poucos, que, embora afastados da nossa fé, são todavia notáveis pelo
senso político.
Ah!
se vossa pátria houvesse conhecido por experiência alheia e não por exemplos
domésticos o cúmulo de males que produz a licença dos divórcios! Que a
reverência para com a religião, a piedade para com o grande povo persuadam a
que o mal, infelizmente grassante, seja radicalmente curado e afastado.
As
conseqüências desse mal, assim as descreveu o Papa Leão XIII, em termos
incisivos: "Mercê dos divórcios, o contrato nupcial é sujeito à
instabilidade: diminui-se a afeição, originam-se perniciosos estímulos à
infidelidade conjugal; recebem dano o cuidado e a educação da prole, prepara-se
ocasião de romper-se a sociedade doméstica: lançam-se sementes de discórdia
entre a família; diminui-se e se deprime a dignidade da mulher, que corre risco
de se ver abandonada depois que serviu de instrumento de prazer ao marido. E,
visto que para arruinar as famílias e solapar o poder das nações nada é mais
eficaz que a corrupção dos costumes, infere-se facilmente que o divórcio é o
que há de mais nocivo à prosperidade das famílias e ao bem dos Estados".( Encíclica Arcanum.)
10.
Quanto às núpcias, em que uma das partes não aceita o dogma católico ou não
tenha recebido o sacramento do batismo, estamos seguros de que observais com
diligência as determinações do Código de direito canônico. Na verdade, tais
matrimônios, como de longa experiência sabeis, raramente são felizes, e soem
ocasionar graves perdas à Igreja católica.
FONTE: São Pio V
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