HISTÓRICO
Em 1717 três pescadores, após
frustrada tentativa de apanhar peixes no rio Paraíba do Sul perto de
Guaratinguetá (SP), colheram em suas redes o corpo de uma estátua de Maria
SS. e, depois, a cabeça da mesma. A este fato se seguiu farta pescaria, que
surpreendeu os três homens. Tendo limpado e recomposto a imagem,
expuseram-na à veneração dos fiéis em casas de família.
Verificaram-se, porém, alguns
portentos, que chamaram a atenção do Pe. José Alves Vilela, pároco de
Guaratinguetá. Este então decidiu construir para a Santa Mãe uma capela capaz
de satisfazer ao crescente número de devotos da Virgem. Tal capela foi substituída
por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou o nome de
“Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte). Em 1846 foi iniciada a
construção de templo mais vasto, que ainda hoje subsiste. No ano de 1980 foi
concluída monumental basílica, alvo de peregrinações numerosas durante o ano
inteiro. Em 1930 o Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida
pelo Cardeal D. Sebastião Leme na presença do Sr. Presidente da República e de
numerosas autoridades religiosas, civis e militares.
Os acontecimentos de fins de
1995 chamaram a atenção para Maria Santíssima tal como é venerada em Aparecida
do Norte (SP) e no Brasil inteiro na qualidade de Padroeira do nosso país.
Sabe-se que tal devoção se deve a uma pesca surpreendente cercada de fatos
extraordinárias, que suscitaram a piedade dos fiéis da região de Guaratinguetá
e, posteriormente, a da população de todo o Brasil. Em 1930 a Virgem Santíssima
foi proclamada Padroeira do Brasil sob o título de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida (ou Nossa Senhora Imaculada em sua Conceição e Aparecida nas águas do
rio Paraíba do Sul).¹
Já que versões diversas correm
sobre o desenrolar dessas aparições e os atos subseqüentes, apresentaremos, a
seguir, a genuína história dos eventos registrados.
1. APARIÇÃO E AS
PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES
POPULARES (1717-1745)
Como se deu a manifestação de
Nossa Senhora Aparecida?
Eis o que relatam os documentos
históricos:
Em princípios do séc. XVIII
lutas, por vezes sangrentas, agitavam os exploradores dos veios de ouro em
Minas Gerais.
Em março de 1717, embarcou em
Lisboa, com destino ao Rio, Dom Pedro de Almeida e Portugal, Conde de Assumar,
que vinha substituir Dom Braz Balthasar da Silveira no governo da Capitania de
São Paulo e Minas.
Chegando ao Rio em junho de
1717, o Conde de Assumar mostrou-se logo interessado em conhecer a situação da
sua capitania. Seguiu, pois, em agosto para São Paulo, sede do governo
respectivo, do qual tomou posse aos 4 de setembro do mesmo ano. Em vista,
porém, dos tumultos registrados em Minas por motivo das minas de ouro. Dom
Pedro de Almeida e Portugal resolveu dirigir-se ao local das desordens. Partiu,
portanto, de São Paulo aos 25 ou 26 de setembro de 1717, deixando como
substituto nessa cidade Manoel Bueno da Fonseca, oficial de grande patente.
Após cerca de 17 dias de
viagem, isto é, aos 11 ou 12 de outubro de 1717, chegava o Conde de Assumar,
com sua comitiva, à região de Guaratinguetá. Entre os acontecimentos faustosos
que então se deram relatam os manuscritos da época o seguinte:
A Câmara da Vila notificou
então os pescadores que apresentassem todo o peixe que pudessem haver para o
dito governador. Entre muitos, foram pescar em suas canoas Domingos Martins
Garcia, João Alves e Felipe Pedroso e, principiando a lançar suas redes no
porto de José Corrêa leite, continuaram até o porto de Itaguassú, distância
bastante, sem tirar peixe algum. E lançando neste porto João Alves a sua rede,
de rasto tirou o corpo da Senhora, sem cabeça, e, lançando mais abaixo
outra vez a rede, tirou a cabeça de mesma Senhora, não se sabendo nunca
quem ali a lançasse.
“E, continuando a pescaria, não
tendo até então peixe algum, dali por diante foi tão copiosa em poucos
lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, ele
e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados deste sucesso” (cf.
Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio Machado, A
Basílica de Aparecida).
Eis o que referem os documentos
mais antigos em torno do aparecimento da Virgem.
A título de ilustração, pode-se
acrescentar que o porto de José Corrêa Leite, donde partiram os três
mencionados pescadores, se achava à margem esquerda do rio Paraíba no bairro
Tetequera (município de Pindamonhangaba). A imagem encontrada media 38 cm de
altura e apresentava cor bronzeada.
Impressionados pelo fenômeno,
principalmente pela pesca portentosa que se seguiu à descoberta da estátua, os
três mencionados pescadores limparam com grande cuidado a imagem, e verificaram
que representava Nossa Senhora da Conceição, que o povo sem demora passou a
chamar “Senhora Aparecida”. Felipe Pedroso conservou a imagem em sua
casa durante vários anos; por fim, resolveu dá-la a seu filho Atanásio, que
morava em Itaguassú, porto onde se dera o encontro da estátua. Atanásio, movido
então pela sua fé, ergueu um pequeno oratório, onde depositou a venerável
efígie; aí começou o povo da vizinhança a reunir-se aos sábados à noite, a
fim de rezar o santo rosário e praticar as suas devoções.
Certa vez, durante uma dessas
práticas aconteceu que, embora a noite estivesse muito calma, de repente se
apagaram as velas que alumiavam a imagem da Senhora. Os fiéis, querendo
reacendê-las, verificaram com surpresa que elas por si, sem intervenção de
alguém, se reacenderam.
Foi este o primeiro prodígio
registrado em torno da Senhora Aparecida. O mesmo portento se repetiu em
outras ocasiões, chegando a notícia ao conhecimento do pároco de Guaratinguetá,
Pe. José Alves Vilela. O sacerdote decidiu então construir para a estátua uma
capelinha mais ampla, capaz de satisfazer ao crescente número dos devotos da
Virgem, a qual ia multiplicando graças a benefícios sobre os fiéis. Em breve,
também essa capelinha se tornou pequena demais. Foi preciso pensar em nova
construção em lugar mais elevado que a margem do rio.
Escolhido o morro dos
Coqueiros, o mais vistoso e acessível dos que margeiam o Paraíba, começou-se
ali em 1743 a edificação de novo santuário, com a provisão do bispo do
Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz; aos 26 de julho de 1745, a obra
terminada foi devidamente benta, dando lugar à celebração da primeira Missa.
Doravante o morro e suas cercanias tomaram o nome de “Aparecida”, designação
até hoje conservada. “Aparecida do Norte” é designação popular, pois a cidade
fica a sudeste do Estado de São Paulo.
Entre os milagres que muito
provocavam o fervor do povo, conta-se o do escravo, ocorrido por volta de 1790
e famoso nos tempos subseqüentes. Segundo a versão mais abalizada, as
correntes se soltaram das mãos do escravo, quando este implorava a proteção de Nossa
Senhora Aparecida diante da respectiva imagem. Eis como o refere o Pe.
Claro Francisco de Vasconcelos pelo ano de 1838:
“Um escravo fugitivo, que
estava sendo conduzido de volta à fazenda pelo seu patrão, ao passar pela
Capela, pediu para fazer oração diante da Imagem. Enquanto o escravo estava em
oração, caiu repentinamente a corrente, deixando intato o colar que prendia seu
pescoço. A corrente se encontra até hoje pendente da parede do mesmo Santuário
como testemunho e lembrança de que Maria Santíssima tem suprema autoridade para
desatar as prisões dos pecadores arrependidos. Aquele senhor, tocado pelo
milagre, ofereceu a Nossa Senhora o preço dele e o levou para casa com uma
pessoa livre, a fim de amar e estimar aquele seu escravo como pessoa protegida
pela soberana Mãe de Deus” (relato extraído da obra de Júlio J. Brustoloni, A
Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário, Aparecida, SP, 1994).
(...)
Detalhes
importantes:
__ O Santuário de Aparecida e a
paróquia da cidade, onde situa-se a primeira basílica, são conduzidas e geridas
pelos sacerdotes de congregação dos Redentoristas;
__ Foi o Papa Pio XI que
proclamou Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil;
__ O grande e santo Papa Pio X
foi quem autorizou e abençoou, desde o Vaticano, a coroação da Imagem como
sendo de Nossa Senhora, em 04/09/1904;
__ Comprovando que não foi
acaso ter sido escolhido em 13 de para a abolição da escravatura, a coroa de
Nossa Senhora foi doada pela Princesa Isabel;
__ Anteriormente, ano da
abolição 1988, foi inaugurada a 1ª Basílica em Aparecida; (hoje, transformada
na Matriz da Paróquia).
__ A atual Basílica, Santuário
Nacional de Aparecida, foi concluída em 1984, após 29 anos de construção;
__ No subsolo encontramos a
Sala dos Milagres, com milhares de testemunhas e agradecimentos por graças
alcançadas;
__ Na Basílica de Aparecida é
possível receber até setenta mil pessoas. Em todo o mundo apenas a Basílica de
São Pedro, em Roma, é maior;
__ A festa em honra a Nossa
Senhora Aparecida, feriado nacional, acontece em 12 de outubro. O
comparecimento médio anual situa-se próximo a 250.000 pessoas, apenas no dia da
festa. Durante o ano todo o total estimado fica próximo a 4 milhões de
romeiros.
__ Dois Papas já estiveram em
Aparecida: João Paulo II em junho de 1980 e Bento XVI recentemente, maio de
2007.
“Todos nós, brasileiros,
agradecemos a Santíssima Trindade e a Nossa Senhora por tão grande graça
concedida”.
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