Domingo de Ramos
Israël es tu Rex,
Davídis et ínclyta proles:
Nómine qui in Dómini, Rex benedícte,
venis.
Glória, laus.
Vós sois o Rei de Israel,
ilustre descendente de David,
Rei bendito, que vindes em nome do
Senhor.
Glória, louvor.
Quando a multidão, ao chegar ao cume do monte
descobriu as brancas muralhas da cidade santa com os seus palácios magníficos e
o seu vasto templo rodeado de muros de defesa, lançou aos ecos todos do vale os
seus gritos de fé e amor: "Hosana! Hosana no mais alto dos Céus! Glória
ao Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor, para levantar o
reino de David nosso pai!"
Não se podia reconhecer mais formalmente o Messias
prometido a Abraão e cantado pelos profetas. E por isso os fariseus invejosos,
que se tinham infiltrado no cortejo, exprobravam a Jesus os gritos, a seu ver
sediciosos, dos seus partidários. Aquela ovação, feita ao seu inimigo,
taxavam-na eles de provocação à revolta contra César. "Mestre, nós vos
intimamos, diziam eles, com um despeito que não podiam dissimular, mandai
já calar os vossos discípulos! - É inútil, respondeu o
Salvador; porque, neste momento, se eles calassem, as próprias pedras
clamariam."
Naquela hora, por Deus escolhida para
glorificar o Seu Filho em nome da nação judaica, ninguém podia obstar aquela
pública manifestação de Sua realeza.
Ai dos que, naquele dia soleme, recusaram abrir os
olhos à luz, e blasfemaram contra o Salvador, em vez de cantar com o povo um
hino á Sua glória! Do cimo do monte das Oliveiras, pousou Jesus, por um momento
a vista sobre aquela Jesuralém que desde há tanto tempo vinha desprezando
obstinadamente a graça da salvação, e chorou.
"Ó Jerusalém, exclamou
Ele, se quisesses abrir os olhos e reconhecer
Aquele, que só, e mais ninguém, te pode dar a paz! Porém não: estás ferida duma
cegueira que te há de causar a ruína. Eis vem o dia, em que teus inimigos te
rodearão de trincheiras e te encerrarão e apertarão por todas as partes. Eles
te destruirão, e esmagarão contra o solo os filhos que encontrarem em teu seio;
e de Jerusalém não ficará pedra sobre pedra, porque não conhecestes o tempo em
que o Senhor te visitou."
Alguns momentos depois, entrava Jesus na cidade
seguido da imensa multidão dos seus discípulos. E toda a população Lhe saiu ao
encontro numa agitação profunda. Os estrangeiros perguntavam aos que
encontravam: "Que homem é este, e porque tantas aclamações? - É
o profeta de Nazaré, respondia-lhes a gente; este foi quem ressuscitou a
Lázaro." É o "hosana ao Filho de David" ia ecoando de
grupo em grupo, através de toda a cidade.
Quanto os fariseus, mais que nunca exasperados,
diziam uns para os outros: "Já vedes que não aproveitamos nada: nós
condenamo-lo e eis que toda a gente corre em seu seguimento."
Os discípulos acompanharam Jesus até ao templo; mas
Ele só lá se demorou um momento; contudo foi o suficiente para ver que a
casa de Deus voltara a ser uma feira pública, tal como de antes.
Aproximama-se a noite; e Ele saiu com a deliberação de no dia seguinte por
cobro àquelas profanações; depois, tendo despedido as turbas, voltou
para o monte das Oliveiras, onde pernoitou, orando a Seu Pai.
(Excertos do livro: Jesus Cristo, Sua vida, Sua
paixão, Seu triunfo - R. Pe. Berthe)
FONTE: A Grande Guerra
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