DESPERTADOR
DA ALMA
O inferno e as portas do inferno
INTRODUÇÃO
Há um inferno.
1º. A
Sagrada Escritura nos diz que há um inferno. Jesus Cristo disse: não
temais os que podem matar o corpo, temei os que matam o corpo e a alma e
os precipitam no inferno. — Se vosso olho, vossa mão, vosso pé vos
escandalizam, — isso é, são para vós ocasião de cometerdes o pecado, —
arrancai-os e lançai-os longe de vós, para não cairdes no inferno. — O
rico avarento foi sepultado no inferno e do meio de seus suplícios
bradava: Estou atormentado horrorosamente nas chamas devoradoras, dai-me uma
gota de água para refrescar a língua. — No dia do juízo Jesus dirá aos
condenados: — Ide, malditos, para o fogo eterno. — São claras estas palavras.
Ou há um inferno ou o Evangelho é mentira. Há um inferno ou Jesus nos engana.
2º. A
razão nos diz que há um inferno. Dois homens que seguem dois
caminhos opostos não podem se encontrar no mesmo ponto. Podem encontrar-se
e ter a mesma sorte os homens que seguem, uns o caminho do bem, outros o
caminho do mal? O justo e o pecador, a vítima e o assassino, a virgem e o
sedutor, o mártir e o algoz, a mãe de família honesta e a mulher perdida, podem
ir para o mesmo lugar? Suponhamos que São Pedro e Nero tivessem morrido no
mesmo dia e que juntos comparecessem perante o tribunal de Deus. Jesus Cristo
pergunta a São Pedro: Que fizeste durante a vida? Senhor, era um pobre
pescador. Vós me chamastes para ser pescador de almas. Deixei tudo e vos segui.
Desde então sabeis qual foi minha vida: rezar, jejuar, pregar, batizar,
converter os pecadores, salvar as almas, até que fui preso, lanhado na cadeia e
crucificado por amor de vós. — Eis minha vida e minhas obras. — E tu, Nero, que
fizeste? — Eu era imperador de Roma, gozei, e para gozar não recuei diante de
nenhum crime. Zombei de Deus e da virtude, mandei assassinar minha mãe e meu
irmão, queimar vivos milhares de cristãos, queimei a cidade de Roma. Afinal,
perseguido pelo povo revoltado por meus crimes, suicidei-me. Eis minha vida e
minhas obras. — Notai que são fatos históricos, coisas que realmente se
passaram. E agora, quereis que Deus diga: muito bem, Pedro, muito bem, Nero,
vão para o céu? Ou então que diga: vão para o inferno? Nossa razão protesta e
nos diz que deve haver uma recompensa para São Pedro e um castigo para o
monstro que se chamou Nero. Este castigo é o inferno. Há um inferno.
3º. A
experiência nos diz que há um inferno. Dizem os libertinos: nunca
ninguém voltou do inferno para nos dizer que há um inferno. É precisamente
o que o inferno tem de terrível. Dali ninguém volta. Ninguém sai do inferno,
diz a Escritura. No entanto, por uma disposição especial da Providência
Divina, por exemplo, para nos instruir, isto pode acontecer e de fato tem
acontecido. S. Francisco de Girólamo pregava em Nápoles, em frente de uma casa em
que morava uma mulher de má vida que perturbava a missão com seus gritos e suas
gargalhadas. De repente esta cai morta. O santo, logo que soube o que tinha
acontecido, foi à casa dela. “Catarina, disse ele, onde estás?” E duas vezes
repetiu as mesmas palavras. Repetiu-as uma terceira vez com mais
autoridade; e os olhos do cadáver se abrem, seus lábios se movem e na presença
de toda a multidão, uma voz, que parecia sair do abismo, respondeu: “no
inferno, no inferno!” Todos fogem, tomados de assombro, e o próprio santo,
impressionado, repetia: “no inferno! Deus terrível, no inferno!” É um fato
absolutamente certo, a tal ponto que serviu de milagre para a canonização do
santo. Há um inferno.
Que é o Inferno
Todo
o inferno está nesta palavra de Jesus Cristo: “Afastai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno”.
1º. O
inferno é a separação, a perda de Deus. “Afasta-te de mim, pecador”. É assim
que Deus repele para longe de si a alma pecadora. É a perda de Deus, a perda da
suma beleza, da suma bondade, do sumo bem. Enquanto nossa alma estiver presa no
cárcere da carne, não poderá nunca compreender a imensidade desta desgraça que,
na frase dos santos, constitui o inferno dos infernos.
2º. O
inferno é a maldição de Deus. Afasta-te, pecador maldito. A maldição eficaz
de um Deus todo-poderoso. Se é terrível a maldição de um pai, de uma mãe,
que será a maldição de Deus? Pecador maldito, maldito no corpo, maldito na
alma. Olhos, língua, mãos, pés, inteligência, coração, vontade, tudo é maldito,
porque tudo serviu de instrumento ao pecado.
3º. O
inferno é o fogo. Afasta-te de mim, pecador maldito, para o fogo. Quando
os profetas falam do inferno, logo se lhes apresenta à imaginação o mar, o
mar sem limites e sem fundo, e os condenados, nadando e mergulhando neste
abismo de fogo. O fogo os envolve, penetra-os, circula em suas veias,
insinua-se até à medula dos ossos.
4º. O
inferno é a eternidade. Afasta-te, pecador maldito, para o fogo eterno. A
eternidade... quem pode compreendê-la! É um tempo que não acaba. Mil anos,
milhões de anos, mil milhões de anos. Contai as gotas de água do oceano, os
grãos de areia das praias, as folhas das árvores... a eternidade tem mais anos,
mais séculos. Sempre! Nunca! Sempre queimar, sempre sofrer! Nunca o menor
alívio, a menor esperança.
Se
os condenados que estão no inferno pudessem voltar à terra, que fariam?
Procurariam outra vez a ocasião do pecado, as danças, os espetáculos, as
tavernas, as casas de perdição? Não! Correriam para a Igreja, ao pé do altar do
Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora, ao pé do confessor principalmente,
para alcançar o perdão de seus pecados. O que os condenados não podem mais, vós
o podeis. Não estais no inferno, mas talvez estejais no caminho do inferno.
Quanto antes, voltai para trás; talvez amanhã seja tarde.
As
Portas do Inferno
“É
larga, disse Jesus Cristo, a porta do inferno”. Pode-se acrescentar, são muitas
as portas do inferno. Com efeito, há tantas portas do inferno quantas
espécies de pecados mortais; mas há entre elas algumas mais largas e mais
perigosas: são as da impureza, da injustiça, da profanação do domingo, da
embriaguez, da má educação dos filhos, do protestantismo, do espiritismo, da
demora da conversão.
(O Pequeno Missionário - Manual de
Instruções, Orações e Cânticos coordenado pelo Pe. Guilherme Vaessen,
Missionário da Congregação da Missão - 6ª edição, Editora Vozes, 1953).
FONTE: A Grande Guerra
Esse texto é maravilhoso, digno de ser lido com atenção, pós o mesmo nos adverte e previne para não cairmos nesse lugar tão deplorável que é o inferno. Portanto, peçamos a Jesus que nos ajude a sermos fiéis a sua santa vontade.
ResponderExcluirConcordamos plenamente com você caro José Osivan. Muito bom texto, bem simples, claro e direto. Peçamos mesmo, constantemente, a Jesus a firmeza na santidade. Grande Abraço. Salve Maria.
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