Sobre o autor
Francisco
Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direito
Canônico pela Universidade de São Tomás de Aquino de Roma. Ordenado sacerdote
em 1955, reside em São Paulo, onde exerce uma intensa atividade de atenção
espiritual entre estudantes universitários e profissionais.
Autor
de diversas obras literárias, algumas delas premiadas, já publicou na coleção
Temas Cristãos, entre outros, os títulos O valor das dificuldades, O homem bom,
Lágrimas de Cristo, lágrimas dos homens; Maria, a mãe de Jesus; A voz da
consciência; e A paz na família.
INTRODUÇÃO
O
HOMEM NA CALÇADA
O
homem estava ali, perto de nós – de mim e de um meu amigo –, na mesma calçada,
a uns vinte metros de distância. Era um sessentão de estatura mediana e puxava
para gordo. Chamava a atenção porque gesticulava com invulgar veemência. Dava
para perceber, mesmo de longe, que se lhe contraíam as feições. De súbito,
elevou fortemente a voz, e então chegou até nós uma frase perfeitamente
audível:
–
Tenha santa paciência!
Nada
havíamos captado, nem eu nem o meu amigo, da agitada conversação anterior. Mas uma
certeza nos ficava: aquele homem acabava de perder a paciência, que devotamente
invocava como “santa”.
Era
evidente que o homem gordo não tinha gostado de alguma coisa de que lhe falara
o seu interlocutor. E o pedido de que tivesse santa paciência – explodido num
desabafo – fora sem dúvida provocado por uma contrariedade: o outro afirmara,
narrara ou defendera algo que o tinha aborrecido, que o tinha contrariado.
Sempre são as contrariedades que nos fazem perder a paciência.
Como
é lógico, nunca nos impacientamos quando tudo nos sorri e se amolda aos nossos desejos.
Se prestarmos atenção, poderemos observar que, na nossa linguagem comum, a
perda da paciência anda sempre associada a alguma coisa difícil de aceitar, de
aturar, de “engolir”, de sofrer:
“Haja
paciência para aguentar isso”, “Aquilo já está saturando as paciências”, “É
dose...”, dizemos.
E
é claro que, com isso, estamos falando de algo desagradável, que nos aborreceu;
quase sempre, de uma pessoa ou de uma situação que nos vem contrariando ou
incomodando desde há um certo tempo. Perante a adversidade instantânea (como a
agressão verbal de um motorista – “domingueiro!” – que passa por nós em alta
velocidade), não caímos propriamente na impaciência, mas – como veremos logo –
na ira.
(Livro
A Paciência – Francisco Faus)
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