1)
Há homens que, ao morrerem, não são julgados?
R= Sim,
senhor; todos os que, por qualquer motivo, não tiveram uso da razão (LXIX, 6).
2)
Correm todos a mesma sorte?
R= Não,
senhor; porém, também não se lhes dá destino diverso, no ato do Juízo, em
atenção aos seus méritos ou deméritos.
3)
Logo, a que se atende?
R= A
que uns hajam recebido o Batismo e outros não.
4)
Para onde vão os que o recebem?
R= Para
o Céu diretamente.
5)
E os que o não recebem?
R= Para
um lugar especial conhecido com o nome de Limbo.
6)
É o Limbo lugar distinto do Purgatório e do Inferno?
R= Sim,
senhor; porque ali não se padece a pena do sentido, pelos pecados pessoais
(Ibid.).
7)
Padece-se ali a Pena de Dano?
R= Sim,
senhor; porque os seus habitantes compreendem que estarão eternamente privados
da felicidade proveniente da Visão Beatífica, se bem que neles não reveste o
caráter de suprema tortura, como nos condenados ao Inferno (Apêndice, 1, 2).
8)
Por que esta diferença na dureza da Pena de Dano?
R= Porque
os condenados do Limbo compreendem que, se estão privados da Visão Beatífica,
não é em castigo de qualquer pecado pessoal, mas por serem filhos de Adão
pecador, isto é, pelo pecado de natureza que pessoalmente contraíram pelo
simples fato de terem nascido (Ibid.).
9)
Logo, conhecem os Mistérios da Redenção?
R= Certamente
que sim, ainda que o conhecimento que deles tem é superficial e puramente
externo, se assim nos podemos exprimir (Ibid.).
10)
Podemos dizer que possuem a luz da Fé?
R= Se
por luz da Fé entendemos a claridade interior sobrenatural que aperfeiçoa a
inteligência e de algum modo lhe permite penetrar no mais íntimo dos mistérios,
e sentir no seu conhecimento gosto e complacência sobrenaturais e desejo eficaz
de possuir o que se crê, não, senhor; posto que conheçam as verdades da Fé
especulativamente, à maneira dos que estão convencidos da verdade da Revelação,
porém, incapacitados para crê-la sobrenaturalmente e aprofundar-se no seu
conhecimento, por faltar-lhes o impulso da Graça.
11)
Logo, podemos dizer que vêem os Mistérios da Fé à claridade de uma luz mortiça
e fria que não tem cores nem comunica vigor?
R= Sim,
porque, nem é luz a cujos resplendores se destaquem as negras cores da
ingratidão, nem que ocasione acessos de raiva impotente como a raiva dos
condenados, nem calor de adesão, de esperança e de caridade como a dos justos
na terra, nem a luz ardente e embriagadora da felicidade que ilumina os Santos
no Céu; é uma luz sem radiações sobrenaturais, sem esperança, que não causa
remorso nem pesar, e que se limita a dar-lhes conhecimento da existência de um
bem que não lhes pertence, de uma felicidade que jamais possuirão, notícia que
não lhes causa tristeza, pranto, nem ranger de dentes; pelo contrário,
experimentam intensa alegria, ao pensar nos dotes e qualidades naturais recebidas
de Deus e nas da mesma ordem com que as dotará o dia da Ressurreição (Ibid.,
ad 5).
12)
Não fala a Igreja de outro Limbo situado junto ao das crianças que morrem sem
Batismo?
R= Sim,
senhor; o Limbo em que aguardavam a vinda do Redentor os justos completamente
isentos de estorvos pessoais para entrar no Céu.
13)
Está agora desabitado?
R= Recordando
que Jesus Cristo baixou a esse Limbo no instante de Ressuscitar, levando
consigo as almas dos que ali estavam detidos, é evidente que não tem nem pode
ter o primitivo destino; pode ser, sem embargo disso, que hoje sirva de morada
aos inocentes, formando um só com o Limbo das Crianças.
(R.
Pe. Tomás Pègue, O.P., "Suma Teológica
de S. Tomás em forma de Catecismo,
para
uso de todos os fiéis",
Part. III, Cap. XLVIII, pp. 255-257).
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