sexta-feira, 23 de maio de 2014

A nós volvei esses vossos olhos misericordiosos




            A NÓS VOLVEI ESSES VOSSOS OLHOS MISERICORDIOSOS

Tem Maria olhos compassivos sobre nós para aliviar nossas misérias.


3- Para todos é Maria um trono de misericórdia.


Predissera o profeta Isaías que pela grande obra da redenção nos devia ser preparado um sólio de misericórdia. “E será estabelecido um sólio em misericórdia” (16,5). Mas qual é esse sólio? É Maria, na qual acham confortos de misericórdia, não só os justos, mas também os pecadores, responde Conrado de Saxônia. Assim, como o Salvador é cheio de piedade, também o é Nossa Senhora; à semelhança do Filho, a Mãe nada pode recusar a quem a chama em seu socorro. Guerrico, Abade, faz Jesus dizer a Maria: Minha Mãe, em vós quero colocar a sede do meu reino e por intermédio vosso hei de espalhar as graças que me forem solicitadas. Vós me destes o ser humano, e eu vos darei ter parte em minha onipotência, com a qual possais ajudar e salvar a quem quiserdes.

Com grande afeto dirigia S. Gertrudes certa vez as sobreditas palavras à Virgem Santíssima: A nós volvei esses vossos olhos misericordiosos. Apareceu-lhe então a Senhora com o Menino Jesus nos braços e, mostrando-lhe os olhos de seu divino Filho, disse: São estes os olhos misericordiosos que posso inclinar, a fim de salvar todos aqueles que me invocam.

Chorando uma vez um pecador diante de uma imagem de Maria, e pedindo-lhe que lhe alcançasse de Deus o perdão de seus pecados, viu a bem aventurada Virgem voltar-se para o Menino que tinha nos braços e lhe dizer: Filho, perder-se-ão estas lágrimas? Reconheceu o infeliz que Jesus Cristo lhe concedera o perdão.


E como poderia parecer quem se encomenda a esta boa Mãe? Não lhe prometeu seu Divino Filho usar de misericórdia por seu amor  segundo seu desejo, para com  todos os que a ela recorrem? Tal foi a promessa que S. Brígida ouviu o Senhor fazer à sua Mãe. Considerando tanto o grande poder de Maria junto de Deus, como sua grande piedade para conosco, escreveu o Abade Adão de Perseigne: Ó Mãe de Misericórdia, quando é o vosso poder, tanta é a vossa piedade, quanto sois poderosa para impetrar, tanto sois também piedosa para perdoar. E como, pois, se poderá dar o caso de não terdes compaixão dos miseráveis, sendo vós Mãe de Misericórdia? Ou quando não podereis vós ajudá-los, sendo Mãe de onipotência? Tão fácil vos é conhecer nossas misérias, como realizar os vossos desejos. Fartai-vos, pois, (diz o Abade Roberto), fartai-vos, ó grande Rainha, da glória de vosso Filho, e por compaixão distribuí-nos as migalhas a nós, pobres filhos e servos vossos. Não as merecemos, é verdade; mas, fazei-o por compaixão para conosco.

Se, por causa de nossos pecados, nos invadr a desconfiança, digamos com Guilherme de Paris: Ó Senhora minha, não me lanceis em rosto meus pecados, porque lhe oporei vossa grande misericórdia. Jamais se diga que minhas culpas puderam contrabalançar no juízo a vossa misericórdia. Pois esta é muito mais eficaz para obter-me o perdão, que todos os meus pecados para valerem-me a condenação.



Ligório, S. Afonso de. Glórias de Maria. 11ª edição italiana. Editora Santuário.

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