quinta-feira, 8 de maio de 2014

Vida e Doçura nossa



CAPÍTULO II

VIDA E DOÇURA NOSSA

I – Maria é nossa vida porque nos obtém o perdão.

1 – A oração de Maria obtém-nos a graça da justificação.

Para a exata compreensão da razão por que a Santa Igreja nos ordena que chamemos a Maria nossa vida, é necessário saber, assim como a alma dá a vida ao corpo, assim também a graça divina dá vida à alma. Uma alma sem a graça divina só tem o nome de viva, mas na realidade está morta, como foi dito àquele bispo do Apocalipse: Tens reputação de que vive, mas está morto (AP 3,1). Obtendo Maria, por meio de sua intercessão a graça aos pecadores, deste modo lhes dá a vida. Ouçamos PA palavra que a Igreja lhe põe na boca, aplicando-lhe a seguinte passagem dos Provérbios: Os que vigiam deste manhã por me buscarem, achar-me-ão (8,7). Os que recorrem a mim deste manhã, isto é, sem demora certamente me acharão. Ou, segundo a tradução grega: acharão a graça. De modo que recorrer a Maria é recobrar a graça de Deus. Lemos por isso pouco depois: Quem me encontra, encontra a vida e receberá do Senhor a salvação (PR 8, 35). Ouvi-o vós que procurais o reino de Deus, exclamou São Boaventura, honrai a Santíssima Virgem Maria e achareis a vida juntamente com a eterna salvação.

Na afirmativa de S. Bernardino de Sena, Deus não destruiu o homem logo após o pecado, devido ao singular amor para com esta sua futura filha. Não lhe resta a menor dúvida de que todas as misericórdias e mercês, em favor dos pecadores na Antiga Lei, só lhes tinham sido feitas por Deus em consideração desta abençoada Virgem.

Exorta-nos, por isso, com razão, S. Bernardo: Procuremos a graça, mas procuremo-la por meio de Maria. Se formos tão infelizes, que perdemos a divina graça, procuremos recuperá-la por meio de Maria; porque se a perdemos ela a achou. E por este motivo o santo lhe chama descobridora da graça. Para nossa consolação declarou-o S. Gabriel Arcanjo, quando disse à Virgem: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus (Lc 1,30).

Mas, se Maria nunca se vira privada da graça, como podia dizer o anjo que a tinha achado? Só se pode achar uma coisa que se perdeu. A Virgem, entretanto, sempre esteve com Deus e não só em graça, mas cheia de graça, como o mesmo arcanjo manifestou, quando ao saudá-la, lhe disse: Ave, Maria, cheia de graça; o Senhor é contigo...



Ligório, Santo Afonso de. Glórias de Maria. Versão 11ª, edição italiana. Editora Santuário.

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