Por
D. Williamson*
Traduzido por Andrea Patrícia
Caros Amigos e Benfeitores,
O mundo está ficando a cada dia um lugar mais difícil para
os católicos viverem. A partir do momento em que eles querem levar a sério sua
Fé Católica, eles se encontram mais ou menos desalinhados com quase tudo o que
outra pessoa pensa, diz ou faz a volta deles. Isso chega a um ponto que, como
católicos, ou eles começam a desarmar sua Fé com qualquer uma das variedades de
concessões facilmente disponíveis, ou eles vivem num estado de contínua – e
crescente – tensão com o ambiente à sua volta, com pouca ou nenhuma perspectiva
de diminuição da tensão. O que eles fazem?
Certamente os jovens que são pegos nessa situação merecem
simpatia, até onde eles não tenham criado isso, tenham meramente caminhado para
dentro disso. É compreensível que muitos deles voltem-se para soluções falsas
como drogas, ou prazer, ou sucesso material, mas o problema, que esteve à volta
deles por muito tempo, ainda não foi embora. Questões sérias merecem respostas
sérias.
Deixem-me citar de uma carta que recebi mês passado de um
estudante universitário nos Estados Unidos. Eu adaptei ligeiramente esse texto:
“… Eu estou
bastante enojado da escola e da sociedade em geral. Total assombro é a única
maneira que eu consigo descrever minha reação a esse grande abismo que divide o
católico da sociedade moderna. Isso tem ido tão longe… Algumas vezes eu me
enraiveço internamente contra essa abominação toda, e começo a imaginar se eu
estou tornando-me aos poucos um odiador da humanidade. Mas não obstante por
mais que eles possam estar desorientados, eu ainda fico preocupado pelas almas
dos meus semelhantes, então talvez eu só esteja frustrado.
“Chego a pensar que essa crise toda na Igreja e no mundo só
poderá ser resolvida com sangue. ‘Todos nós somos culpados pelo ateísmo de hoje
na medida em que somos todos pecadores; todos nós, através dos pecados de
perpetração ou omissão da doença liberal. Então Deus é justo em fazer-nos
sofrer, exigindo nosso sangue, assim como o dos principais criminosos.
“Muitas vezes pergunto-me se será concedida uma restauração,
ou será o fim? Pode o homem moderno realmente adaptar-se a uma sociedade renovada
no reino de Cristo Rei? Ou tal restauração demandaria uma expulsão em massa ou,
mais triste ainda, o extermínio em massa de populações inteiras como aconteceu
quando os israelitas entraram em Canaã? Nossa Senhora nos avisou sobre a
aniquilação de várias nações.
“É fácil perder de vista a seriedade da vida, se deixar
levar pela fantasia que é enganosamente passada como realidade. Nós caminhamos
no Romantismo, o verdadeiro ópio de nossa era, para o qual uma pena justa será
rigorosa. Mas eu conheço a Verdade, que me separa da multidão liberal e
romântica na qual estou imerso, então se eu me deixar levar com a multidão eu
terei que pagar uma pena severa. Que Deus nos livre do liberalismo! Eu tenho
visto gente demais, até mesmo amigos, sendo devorada pela Besta. Como é
assustador conhecer os condenados viventes.
“Perdoe meu discurso inflamado, mas tais pensamentos podem
deixar alguém louco se não forem expressos. Mas expressar abertamente coisas
assim pode ser realmente perigoso na maioria das companhias…”
Fim dos trechos da carta do estudante. Agora, aqui está uma
linha da resposta:
Meu caro rapaz (ele é humilde o bastante para ouvir mesmo
depois de ser chamado assim!), em primeiro lugar, aqui e ali você pode ter
feito um discurso inflamado, mas você está muito mais no alvo do que fora dele,
e não deixe que ninguém diga algo diferente. Você está bastante certo ao dizer
que a massa das pessoas à nossa volta está vivendo uma fantasia, uma fantasia
do Romantismo, do amor sem Deus, que está se transformando em ódio, e sendo
assim haverá um terrível dia do Juízo. Você está certo em ficar assombrado, é
de fato uma abominação, mas tenha cuidado com a repugnância ou a raiva. A
grande massa de pessoas, nas palavras de Nosso Senhor, “não sabem o que fazem.”
Elas perderam a Verdade, elas têm merecido que Deus “envie a operação do erro,
para que elas acreditem na mentira” (II Tes. 2,11), elas precisam de muita
piedade.
Ao contrário você mesmo não perdeu a Verdade, você tem a Fé
Católica pela qual você está medindo o mundo à sua volta, e você está
essencialmente correto. Certifique-se de agradecer a Deus por isso, mas sem
traço de orgulho do fariseu que achava melhor do que qualquer outra pessoa, e
para que se mantenha agarrado à Verdade, reze o Rosário todo dia,
para impedir que a “operação do erro” tome a sua mente e a sua alma assim como
está tomando as de tantos. A situação que você descreve é primeiramente uma
guerra sobrenatural. Você precisa empregar primeiro as armas sobrenaturais.
Perca a Verdade, e você perde tudo. Reze o Rosário, Deus irá mantê-lo na
Verdade.
Quando você pensa que a abominação na Igreja e no mundo será
lavada em sangue, você está certamente correto. As Escrituras dizem: “Sem
derramamento de sangue não há perdão” (Heb. IX,22). Os homens estão cometendo
uma torrente de pecados precisando de perdão, mas eles estão se asfixiando fora
do fluxo do Sangue expiatório de Cristo no verdadeiro Sacrifício da Missa,
portanto será o próprio sangue deles que terá que correr, a não ser que haja
uma súbita penitência em larga escala o que não parece provável. Você está
certo em reconhecer que todos nós pecadores iremos sofrer justamente, mas não
fique escandalizado se um dia vir o sangue de um inocente correndo também
- quanto maior a inocência, maior o poder de perdão. Lembre-se do sangue
do Cordeiro de Deus: todo inocente, todo poderoso.
Você está certo novamente ao perguntar se o homem moderno
pode se adaptar no renovado reino social de Cristo Rei. Com a sua idolatria
sobre seus direitos, liberdade e independência ele certamente não pode, a não
ser que ele passe por uma séria conversão, ao ponto de que a Verdade o faça
realmente livre, como Nosso Senhor prometeu (Jo VIII,32), enquanto que agora
com todas gabando-se de as suas liberdades ele é um escravo da “operação
do erro”, e um escravo dos invisíveis mestres do mundo. Mas ele não pode
e não vê isso. Você está certo ao evocar os corruptos cananeus aos quais o
Senhor Deus baixou um decreto de extermínio. Obviamente foi oferecida a cada
cananeu toda a graça necessária para que ele salvasse a alma dele, mas ele era
muito corrupto para que se permitisse continuar a viver nesse mundo.
Similarmente uma massa de ocidentais modernos está no processo de perder seu
direito de viver nesse mundo.
Será que o extermínio deles será o fim do mundo? Pode-se
pensar que não. Muitas profecias falam de um grande castigo purificando a
humanidade para tornar possível uma glorificação final da Igreja Católica, uma
geração de paz (“No fim meu Imaculado Coração triunfará”), antes da corrupção
final que leva ao Anticristo. Você é jovem o bastante para ver o Castigo. Você
pode até ser jovem o bastante para ver o fim do mundo.
Não importa. Essas questões não tem que preocupá-lo. O que
deve preocupá-lo é como evitar a todo custo ser tragado para dentro da fantasia
como você chama isso, que é enganosamente passada como realidade, a “operação
do erro”. Além do Rosário, lembre-se de outra grande arma espiritual dada por
Deus para Sua Igreja na época em que começou a operação do erro com o protestantismo:
Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio.
Os Retiros Inacianos são meios providenciais para os
católicos num mundo distraído e que distrai nos mergulhar novamente, se
necessário uma vez ao ano, nas verdades da sua Fé, para recuperar seus apoios espirituais,
para discernir as coisas que realmente importam, para reviver seu bom senso e
amor a Deus, para imergir suas almas na oração. (…)
Finalmente outra grande arma na Guerra espiritual, logo após
a oração, é a penitência. Faça penitência. Mas como Nossa Senhora disse às
crianças de Fátima no começo do nosso século, sem dúvida porque ela sabia o
quão difícil se tornaria a vida para os católicos, penitência suficiente hoje
em dia é o dever do nosso estado de vida. Se você é um estudante, estude; se você
se tornar um sustentador de família [1], ganhe o pão; se você se tornar um pai,
cuide de sua esposa e de seus filhos. E deixe nas mãos de Deus todos os outros
detalhes. Ele quer que confiemos Nele. Meu caro rapaz, você é mais afortunado
do que imagina. Você não perdeu a Verdade. Há todo tipo de questões que são
secundárias. Procure o principal. Ame a Deus dia após dia. Cuide dos interesses
de Deus e Ele irá cuidar dos seus. Como Padre Pio disse: confie o passado à Sua
Misericórdia o presente ao Seu Amor, e o futuro à Sua Providência, e que Deus
esteja com você!
Fim da resposta de um bispo a um sério jovem.
Lembrem especialmente das Santas Almas do Purgatório durante
este mês de novembro. Deus os abençoe.
*Carta de novembro de 1993.
Traduzido de:
Bishop Richard Williamson. Letters from the Rector of
Saint Thomas Aquinas Seminary,. True Restoration Press.
Fonte: Maria Rosa Mulher
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