segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Meditações para o tempo da Epifania (I)



SOBRE A ADORAÇÃO DOS MAGOS.


Jesus nasce pobre num estábulo. Os anjos do céu o reconhecem por seu Rei, mas os homens da terra o deixam abandonado; apenas alguns pastores vêm visitá-lo. Mas o nosso Redentor quer começar desde então a comunicar-nos a graça da redenção; eis porque começa logo a manifestar-se aos gentios, que menos o conheciam. Para isso envia uma estrela para aclarar os Magos, a fim que venham reconhecer e adorar o seu Salvador. Essa é a primeira e a maior graça que nos fez, a vocação à fé, à qual sucedeu logo a vocação à graça, de que os homens estavam privados.

Os Magos põem-se a caminho sem detença. A estrela os acompanha até a gruta, onde está o divino Menino. Apenas chegados, entram, e que encontram? S. Mateus responde: Acharam o Menino com Maria. Encontram uma pobre donzela e um pobre Menino coberto de pobres paninhos, e ninguém que lhe faça companhia ou os assista. Não obstante, entrando na gruta, os santos peregrinos sentem uma alegria até então desconhecida; sentem seu coração cativar-se por aquele Menino que veem. A palha, a pobreza, os vagidos de seu pequeno Salvador, oh! Que setas de amor, que felizes chamas para seus corações iluminados! O celeste Menino mostra-lhes semblante alegre, testemunho da afeição com que os recebe entre as primeiras conquistas da redenção.

Os santos reis contemplam depois Maria, que não fala; fica em silêncio, mas o seu rosto satisfeito que respira celeste doçura mostra que os acolhe e agradece por serem os primeiros a reconhecer seu divino Filho pelo que era, por seu soberano Senhor. Consideremos como eles, guardando também respeitoso silêncio, o adoram, lhe prestam homenagem como a seu Deus, lhe beijam os pés, e lhe oferecem os presentes, que consistem em ouro, incenso e mirra. — Adoremos com eles o nosso pequeno Rei, Jesus, e ofereçamos-lhe todo o nosso coração.

Afetos e Súplicas.

Amável Menino, embora vos veja na gruta deitado sobre palha, tão pobre e desprezado, a fé me ensina que sois o meu Deus, descido do céu para minha salvação. Reconheço-vos pois por meu supremo Senhor e Salvador; mas nada tenho para vos oferecer. Não tenho o ouro do amor, pois só tenho amado os meus caprichos, e não tenho amado a vós, o Bem infinitamente amável. Não tenho o incenso da oração; tenho vivido miseravelmente sem pensar em vós. Não tenho a mirra da mortificação, pois para me não privar dos miseráveis prazeres, tantas vezes desgostei vossa bondade infinita. Que vos oferecerei então? Ofereço-vos o meu coração, manchado e pobre com o é; aceitai-o e transformai-o, pois que viestes a este mundo para lavar os nossos corações no vosso sangue, purificá-los dos pecados e assim converter-nos de pecadores em santos. Dai-me pois o ouro, o incenso e a mirra, que me faltam: dai-me o ouro do vosso santo amor; dai-me o espírito de oração; dai-me o desejo e a força de mortificar-me em tudo o que vos desagrada. Estou resolvido a obedecer-vos e a amar-vos; mas conheceis minha fraqueza, concedei-me a graça de vos ser fiel.

Virgem santa, que acolhestes os piedosos Magos com tanto afeto e os consolastes, dignai-vos também acolher-me e consolar-me, que a seu exemplo vos venho visitar e oferecer- me a vosso divino Filho. Maria, minha Mãe, tenho grande confiança em vossa intercessão. Recomendai-me a Jesus. Entrego-vos a minha alma, a minha vontade; prendei-a para sempre ao amor de Jesus.

(Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo – Santo Afonso Maria de Ligório)

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