terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Meditações para o tempo da Epifania (II)



SOBRE A APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO.


Chegado o tempo em que, pela lei, Maria devia ir ao templo purificar-se e apresentar Jesus ao Pai celeste, Ela parte com seu casto esposo. José leva as duas rolas que devem ser oferecidas, e Maria toma seu caro Infante, o divino Cordeiro, que vai apresentar ao Senhor: era o prelúdio do grande sacrifício que esse mesmo Filho de Deus devia um dia cumprir na cruz.

Consideremos como a santa e tenra Virgem entra no templo, e como faz a oblação de seu divino Filho em nome de todo o gênero humano, dizendo: Eis, ó Pai eterno, eis o vosso unigênito Filho, que é também meu; eu vo-lo ofereço como vítima para aplacar a vossa justiça para com os pecadores: aceitai-o, Deus de misericórdia, tende piedade da nossa miséria; por amor deste Cordeiro sem mancha, recebei os homens em vossa graça.

Ao oferecimento de Maria junta-se o de Jesus: Eis-me, diz o divino Infante, eis-me, meu Pai, consagro-vos toda a minha vida: enviastes-me ao mundo para o salvar com meu sangue; eis o meu sangue e a minha pessoa, ofereço-me todo a vós pela salvação do mundo.

Nenhum sacrifício foi jamais tão agradável a Deus como o sacrifício que lhe fez então o seu dileto Filho, tornado desde sua infância sacerdote e vítima por nós: Entregou-se por nós como hóstia oferecida a Deus. Se todos os homens e todos os anjos tivessem oferecido suas vidas a Deus, esse sacrifício não lhe teria agradado tanto como o de Jesus Cristo, porque só esse oferecimento de Jesus prestou ao Pai celeste uma honra infinita e uma satisfação infinita.

Se Jesus oferece sua vida a seu Pai por amor de nós, é justo que em retorno lhe ofereçamos nossa vida e nós mesmos. É isso que ele deseja, como o deu a entender à bem-aventurada Ângela de Foligno, quando lhe disse: “Ofereci-me por ti, a fim que te ofereças a mim”.


Afetos e Súplicas.

Padre eterno, eu miserável pecador, digno de mil infernos, apresento-me hoje a vós, Deus de majestade de infinita, e ofereço-vos meu pobre coração. Ah! Senhor, que é o coração que ouso oferecer-vos? um coração que não soube amar-vos, que ao contrário, tantas vezes vos ofendeu e traiu! Mas agora vo-lo ofereço penetrado de arrependimento e resolvido a amar-vos e a obedecer-vos em tudo. Perdoai-me, meu Deus, e atrai-me todo ao vosso amor. Não mereço ser atendido, mas vosso divino Filho, feito menino e oferecendo-se a vós no templo em sacrifício pela minha salvação, o merece por mim; apresento-vos esse Filho e seu sacrifício; nele ponho todas as minhas esperanças. Agradeço-vos, meu Pai, que o enviastes à terra para se sacrificar por mim! — Agradeço-vos também, ó Verbo encarnado, Cordeiro divino, que vos oferecestes a morrer por minha alma! Amo-vos, meu caro Redentor, e não quero amar senão a vós, pois que só vós oferecestes e sacrificastes a vossa vida para salvar-me. Aflige-me o pensamento de que tenho sido reconhecido aos outros e ingrato para convosco. Mas não quereis a minha morte; quereis que me converta e viva: sim, meu Jesus, a vós me volto; arrependo-me de todo o coração de vos haver ofendido, de ter ofendido um Deus que se sacrificou por mim Dai-me a vida, e que minha vida consista em amar-vos soberano Bem; fazei que vos ame, nada mais vos peço.

Maria, minha Mãe, foi também por mim que oferecestes no templo o vosso adorável Filho; oferecei-o hoje mais uma vez, e pedi ao eterno Pai me receba por amor de Jesus no número de seus servos. E vós, minha Rainha, aceitai-me também por vosso servo perpétuo; se for vosso servo, serei também servo de Jesus.


(Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo – Santo Afonso Maria de Ligório)

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