Como posso fazer com que meu filho de quatro
anos de idade
participe do nosso Rosário diário?
Pe. Peter Scott
A oração das crianças é uma coisa muito
delicada. Não diferentemente dos discípulos, que repreenderam os que trouxeram crianças
pequenas para ser abençoadas por Nosso Senhor, achamos difícil compreender que
as crianças possam fazer o que nós achamos tão difícil de fazer, ou seja,
rezar. No entanto, Nosso Senhor foi claro: “Deixai vir a Mim as
crianças, e não as impeçais: pois delas é o Reino dos Céus” (Mt. 19,14).
As crianças podem orar de fato, mas apenas
dentro dos limites das suas capacidades, ou seja, de sua compreensão, concentração
e atenção. Além disso, a sua oração deve manter a simplicidade infantil para ser
genuína: espontaneidade em pedir o que precisa, orar por mamãe e papai, pedir a
Jesus desculpas por suas falhas, etc. O artigo de Mary Reed Newland “Ensinando
as crianças a orar” em Raising Your Children [ Crian do Seus Filhos ] (disponível
em Angelus Press) tem algumas sugestões práticas: “As crianças têm uma fé tão simples
na eficácia da oração que é fácil para elas formar o hábito de orar em todos os
tipos de ocasiões… ocasiões de crises menores durante o dia. Sua oração será
feita em voz alta, de maneira natural, e com a simplicidade da fé que é como um
grão de mostarda, elas esperam que a montanha seja movida. É muito fácil
plantar o hábito, e seu mundo é muito mais seguro, porque desta fé de que Deus
está pronto e disposto a ajudá-las em tudo, rezar a Ele é uma segunda natureza
para elas”. (Págs. 137-138) Se o Rosário em família não se tornar uma tarefa
sem fim para as crianças pequenas, esses princípios devem ser aplicados.
Em primeiro lugar: reconhecer que cada família e
cada criança são diferentes. Há algumas famílias e algumas crianças,
acostumadas a uma disciplina mais rigorosa, que vão se ajoelhar ou sentar-se
calmamente durante a recitação do Rosário. Há outras que acham que é impossível
ficar parado. A disciplina necessária para o Rosário deve ser proporcional à
disciplina necessária para o resto de suas vidas. Se a vida da família como um
todo é disciplinada, o Joãozinho vai saber como sentar e ficar quieto durante o
tempo sagrado de oração. No entanto, a flexibilidade precisa ser mostrada nos
detalhes exteriores, dependendo das circunstâncias individuais de cada criança (por
exemplo, idade, temperamento e maturidade) e de cada família. Além disso, a
menos que sejam interrupções maliciosas, não se deve punir distrações e falta
de concentração, para que a oração não se torne onerosa e dolorosa. Em vez
disso deve ser dada ênfase às recompensas positivas pelos bons esforços, como
uma atividade divertida ou um prazer após a recitação do Rosário. O envolvimento
ativo das crianças, de acordo com sua faixa etária, é crucial. Isso não
significa apenas rezar o Pai Nosso e a Ave Maria, quando eles são capazes de fazê-lo.
Cada dezena poderia ser precedida por uma
discussão muito breve do mistério, e pode ser pedido às crianças para que digam
suas intenções para cada dezena específica. Uma virtude especial pode ser
solicitada, bem como a tristeza por uma falha. Deste modo, a espontaneidade pode
ser renovada, no início de cada dezena.
Outra ajuda chave para ter bom proveito com o
Rosário diário é aproveitar a facilidade das crianças em orar sempre, como Nosso
Senhor sugeriu. Sua confiança na Providência pode ser tão profunda, seu senso
de certo e errado tão agudo, que isso pode trazer uma oração espontânea pedindo
a ajuda ou perdão de Deus. Orações muito curtas, mas fervorosas podem pontuar o
dia. Um pai pode fazer bem em aproveitar isso e estender os mistérios do Rosário
durante o dia.
No entanto, acima de tudo, o mais importante é o
exemplo dos próprios pais. Se os pais estão entediados e distraídos durante a
recitação do Rosário, irritados e exigentes para com os filhos, e se eles
recitam o Rosário de maneira mecânica e rotineira, sem unção ou fervor, o mesmo
será encontrado em seus filhos. No entanto, se forem recolhidos e fervorosos,
capazes de verbalizar o objeto de sua meditação e as graças a serem obtidas, e
se os pais encontram nisso um momento agradável na presença de Deus,
elevando-se acima das mil e uma Interrupções das crianças inquietas, então as
suas crianças vão se esforçar para seguir o seu exemplo.
Edição nº 8 do jornalzinho ‘A Família Católica’
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