terça-feira, 28 de abril de 2015

28 de abril dia de São Luís Maria Grignion de Montfort.

Terceiro Padroeiro da Sociedade Religiosa Regina Pacis ou
Escravas de Maria Rainha da Paz. 

      Hoje, 28 de abril dia  comemora-se este grande santo que nos ensino a como ser devotos verdadeiros da Santíssima Virgem Maria na  escravidão.
Nasceu em 3 de janeiro de 1673, em Montfort-la-Cane (hoje Montfort-sur-Meu), na Bretanha, segundo dos 18 filhos do advogado João Batista e de Joana Roberto de la Vizeule. São Luís herdou do pai um temperamento colérico e arrebatado, e dirá depois que "custava-lhe mais vencer sua veemência e a paixão da cólera que todas as demais juntas". Mas conseguiu-o tão bem, que um sacerdote seu companheiro, nos últimos anos de sua vida, atesta que: "Realizou esforços incríveis para vencer sua natural veemência; e o conseguiu, e adquiriu a encantadora virtude da doçura", que atraía tanto as multidões.
O São Luís Grignion de Montfort sentia também muito pendor pela solidão, sendo comum retirar-se a um canto da casa para entregar-se à oração diante de uma imagem da Virgem, rezando principalmente o Rosário.São Luís Grignion por devoção a Nossa Senhora, na crisma acrescentou ao seu nome o de Maria.


sábado, 25 de abril de 2015

Um Sermão Original




Um Sermão Original


Não há pouco , um pároco fez o seguinte sermão aos fieis durante a Missa do domingo:


“Meus amados irmãos: ao pedir-vos alguma esmola para as vítimas da inundação, para as crianças abandonadas da Rússia, para as Obras da Santa Infância e da Propagação da Fé, sempre respondestes com generosos donativos. Hoje, não vos peço para gente estranha e remota; suplico uma esmola para muitas pessoas desgraçadas, especialmente senhoras e senhoritas da nossa paróquia, que não têm com que comprar um vestido que as cubra e se veem obrigadas a andar, pobrezinhas! Pelas ruas sem mangas, sem meias, decotadas, com as espáduas ao ar, com perigo de apanharem algum resfriado ou pneumonia. Recomendo-vos, de todo coração, essas pobres mendigas...
Já fiz a lista dos seus nomes e aqueles que quiserem oferecer para elas alguma esmola, receberão, certamente, a bênção de Deus e a gratidão dessas pobres coitadas!”


No domingo seguinte, quase todas as senhoras e senhoritas da paróquia assistiram à Missa modestamente vestidas.




(Destéfani, Frei Benvindo. Coleção de Exemplos para a vida Cristã. Editora Vozes,1946)

terça-feira, 21 de abril de 2015

O Catecismo: "A Caridade" Mosteiro da Santa Cruz - RJ











Série Folhetos Católicos nº 17 - SÁBADO JUDAICO OU DOMINGO CRISTÃO ?




 1 – Ensina a Igreja Católica, contra todos os protestantes partidários do 7º dia, que o dia da semana a ser santificado com repouso religioso é, na Lei evangélica, o domingo.


O dia de repouso na Lei mosaica 


   2 – O repouso semanal, muitas vezes repetido na Lei de Moisés, é um preceito divino. Nisso também se distingue das leis e costumes de outros povos antigos de governos tirânicos que impunham o trabalho aos escravos sem interrupção. A motivação da escolha do 7ºdia se encontra na Bíblia desde as suas primeiras páginas. (Gên. 1,1; 2, 1 a 3) A narração bíblica apresenta Deus criando o mundo em seis dias e descansando-Se no sétimo. Era a motivação mais adequada para aqueles judeus que viviam antes da grandiosa obra divina da Redenção.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Orgulho ou Preconceito?


Nota do Blog: Em razão do artigo equivocado da Revista Veja, com link logo abaixo, o Mosteiro da Santa Cruz se viu na necessidade, não de se defender, mas de defender a Verdade, ou seja, o próprio Deus, Nosso Senhor. Foi, então, escrito um artigo contra as colações da tal revista que usou do seu trabalho, indo ao mosteiro, para difamá-lo.


(Foto: DIVULGAÇÃO)



Por Dom Tomás de Aquino, OSB.

A revista VEJA publicou uma meteria sobre as controvertidas cerimônias realizadas no Mosteiro da Santa Cruz (Nova Friburgo-RJ) entre as quais a de maior importância foi a sagração episcopal de Mgr Jean-Michel Faure. Esta sagração feita por Mgr Richard Williamson foi seguida de uma ordenação sacerdotal do Irmão André Zelaya de León, da Guatemala, monge de nosso mosteiro, estando aqui há mais de 20 anos. Ambas as cerimônias foram apresentadas como atos de rebelião. Aliás o título do artigo é: “Rebelião no altar”, artigo que se termina da seguinte maneira: “O francês Faure, cheio de orgulho, tem até apelido para o racha: La Resistance”. Orgulho mesmo ou preconceito da revista? Eis a questão.

Orgulho se pode tomar em dois sentido. Ou será o senso da dignidade de sua condição como quando um filho da Santa Igreja se declara, com justo orgulho, católico, apostólico, romano. Ou será um vício, um pecado; pecado de rebelião contra Deus. O pecado de Lúcifer.

Talvez o autor do artigo quis deixar ao leitor a escolha, embora o tom geral do artigo indique de preferência o sentido pejorativo de revolta. Seja como for, a pergunta permanece: orgulho de Mgr Faure, de Mgr Williamson e dos monges de Santa Cruz ou preconceito contra eles? A questão continua não respondida.

Retrocedemos no tempo, pois assim fazendo encontraremos o fio de Ariane que nos tirará do labirinto em que a crise atual da Igreja nos lançou, e nos fornecerá o necessário para responder À pergunta já feita. Retrocedamos até a Reforma Protestante e ao declínio do Cristianismo na Europa e no mundo. Declínio contra o qual lutaram vitoriosamente, mas só por um tempo, o Concílio de Trento e os grandes santos da Contra-Reforma. Duas forças se chocaram então e se chocam até hoje. Uma nova religião que põe o homem no centro da civilização e combate a Igreja Católica antes de combater Nosso Senhor Jesus Cristo em pessoa para terminar atacando, negando a existência de Deus, com marxismo, e mesmo corrompendo a eterna noção de Verdade com o Modernismo, condenado por São Pio X.


terça-feira, 14 de abril de 2015

Os Instrumentos de Suplício - Parte Final




XIII. A CRUZ: AS MULHERES QUE CHORAM

Jesus  chega  penosamente  à  porta  Judiciária.  Atualmente  é  um  vão  de  paredes  muito
espessas que expande, nas sombras dessa espessura, a sua ogiva esbelta. Do outro lado, são as ruas sinuosas e movimentadas dos bazares.

No  tempo  de  Jesus,  a  porta  dava  para  as  valas  que  margeavam  as  muralhas  e  para  a
planície rochosa onde se erguia o Calvário. De ordinário o cortejo parava nessa porta; a multidão  apinhava-se  formigante  e  curiosa,  e  lia-se  uma  última  vez  a  sentença  ao condenado. Quando Jesus desembocou na plena luz da planície, tendo à esquerda, não longe, o sinistro perfil do Calvário, ergueu os olhos e viu todas as caras hostis da plebe. Comprime-se esta, acotovela-se, quer ouvir, sobretudo quer ver o rosto e as impressões
do condenado.

Todos os olhares fixam-se com efeito no Cristo: analiza-se-Lhe a palidez, o terror; há uma  curiosidade  malsã  da  multidão  que  a  si  própria  se  convida  para  o  espetáculo  do último suspiro de um condenado. É o que os Atos dos Apóstolos chamarão, a propósito de São Pedro, de expectatio plebis: essa espera cruel de todo o povo ante o qual, como em derradeira cena, se produz, se exibe a Vítima.

“Este – clama em voz alta o arauto – é Jesus de Nazaré, agitador e sedutor do povo, e que se disse Rei dos Judeus. Seus compatriotas, os sacerdotes e os anciãos, entregaram-nO à justiça para ser crucificado. Ide, lictores, e preparai a cruz”.

Ela está pronta, esmaga já os ombros do paciente. A multidão esbraveja. Jesus vê tudo e ouve tudo.

Entretanto o cortejo se põe novamente em marcha e dobra à esquerda. Alguns passos mais,  e  é  a  suprema  subida  de  onde    se  não  torna  a  descer.  Nesse  momento, inopinadamente, Jesus fraqueja: será a comoção nova da sentença, o horror natural da morte,   o   peso   da   Cruz   que   durante   a   simples   parada   da   leitura   pesou   mais esmagadoramente  nos  ombros  curvados?  Cai  Ele  humilhantemente,  e  desta  vez  o
levantar é mais custoso. 

Já não há Simão Cirineu! A grande multidão que O cerca sente-se burlada: contava com uma exibição, e vê só um infeliz que treme e desfalece a cada passo; murmura então.

As mulheres são mais compassivas. No ponto em que a estrada dobra para o Calvário, agruparam-se elas, grupo comovido e que se lamenta. Jesus percebe o som sincero dos corações partidos, através das blasfêmias de todo um mundo: pára. Ele que nada disse a
Sua Mãe, nada a Simão, nada a Verônica, tem uma palavras de consolação para aquela piedosa simpatia: “Não choreis por Mim, diz com voz sumida, chorai antes por vós: dia virá  em  que  direis:  Felizes  nós  se  não  houvéramos  gerado.  Está  próximo  esse  dia,
porque  se  deste  modo  se  trata  a  lenha  verde,  pergunto-vos  Eu,  que  se  fará  da  lenha
seca?” (Luc. 23, 31).

Os  soldados  deixaram-nO  dizer:  porque  Jesus  queria  falar,  Ele  é  o  Mestre  quando cumpre o que seja.

Assim,  quem  é  para  lastimar  não  é  o  Messias  amesquinhado,  desfeito  e  agonizante, segundo foi escrito e decidido, Filius Hominis vadit, o Filho do Homem vai: ai, porém, daqueles que atraiçoam e abandonam o Cristo a morrer por nós.

Deus orienta assim com uma palavra a piedade dos homens. Deve ela ir não às vítimas, porém aos algozes; não aos perseguidos, mas aos perseguidores; não aos que sobem o Calvário,  mas  aos  que  os  fazem  subi-lo.  São  os  grandes  miseráveis  porque,  se  Deus permite que assim se trate a lenha verde, a que tem a seiva da Graça, que produz frutos e
que gera os Seus eleitos, que se vai fazer de vós, opressores dos justos, mortos à Graça, lenha seca e sem vida? Em verdade, Eu vo-lo digo, vós prestais é para o fogo eterno. Lenha seca e eternamente árida, haveis de ser o pasto eterno de um fogo lento, vingador e divino, que arderá enquanto tiver um alimento... Ora, vós sois imortais!

Esta  palavra  do  Cristo  consola  todas  as  opressões  deste  mundo.  Delas  está  o  mundo cheio, e Deus se cala.


Consagração da cidade de Anagé-BA ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria

Consagração da Cidade de Anagé ao SAgrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria



“Jesus, Maria, eu Vos amo. Salvai as almas”

fÓrmulas

Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus

Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai sobre nós, que humilde­mente estamos prostrados diante do Vosso altar, os Vossos olhares. Nós somos e queremos ser Vossos; e, a fim de podermos viver mais intimamente unidos a Vós, cada um de nós se consagra espontaneamente neste dia ao Vosso Sacratíssimo Coração.
Muitos, desprezando Vossos Mandamentos, Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os todos ao Vosso Sagrado Coração.
Senhor, sede Rei, não somente dos fiéis, que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos, para que tornem o quanto antes à casa paterna para não perecerem de miséria e de fome.
Sede Rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que, em breve, haja um só rebanho e um só Pastor.
Sede Rei de todos aqueles que ainda estão sepultados nas trevas da idolatria e não recuseis conduzi-los todos à Luz e ao Reino de Deus. Volvei, enfim, um olhar de Misericórdia aos filhos do que foi outrora Vosso povo escolhido. Desça, também, sobre eles, num batismo de redenção e de vida, aquele Sangue que um dia invocaram sobre si.
Senhor, conservai incólume a Vossa Igreja e dai-lhe uma liberdade segura e sem peias; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que de um pólo a outro do mundo ressoe uma só voz: Louvado seja o Coração Divino que nos trouxe a salvação, honra e glória a Ele, por todos os séculos. Assim seja.
( S. S. Pio XI, em 11 de Dezembro de 1925)

Ato de Consagração proferido ao Imaculado Coração de Maria

Conscientes de nossa responsabilidade diante de Deus e de nossos concidadãos, conscientes de que nada acontece sem a permissão de Deus, que tempera as alegrias e as dores em vista da salvação eterna de seus filhos, conscientes de que os males dos povos não tem outra razão senão os nossos pecados, conscientes, enfim, de que Deus Ele mesmo nos deu Maria Santíssima, Mãe de seu Filho, por medianeira de todas as graças e auxilio de todos os que a Ela recorrem, nós, com ardente amor filial, consagramos hoje a cidade de Anagé ao Imaculado Coração de Maria, pedindo-lhe que afaste de nossa cidade toda e qualquer escândalo, má conduta e corrupção e, acima de tudo, nos obtenha a graça de nos afastarmos daquilo que mais ofende a Sabedoria Divina, ou seja, nossos pecados, causa dos muitos males que sobrevieram em nossa cidade nesses últimos tempos.
Ó Maria Santíssima, Advogada nossa, animados por um amor filial, nós vos consagramos nossa cidade, nossas pessoas e nossos bens. Cuidai de uns e dos outros como coisa e propriedade vossa. Protegei nossas almas, nossos corpos, nossas famílias, nossos parentes e nossos amigos.
Nós vos reconhecemos por nossa Mãe e por Mãe de Deus. Nós reconhecemos vossa Imaculada Conceição e todos os privilégios que Deus vos concedeu.
Muitos vos desconhecem, muitos vos abandonaram, mas tende piedade de todos e estendei vossa proteção sobre toda a nossa cidade. Assim seja.

Ata da Consagração de Anagé – BA

Depois de lamentáveis acontecimentos na política da cidade de Anagé, no qual sofreu ao longo de muitos anos as mais terríveis e assombrosas provas de corrupções e vergonha na sua administração e governo. O Grupo Santo Tomás de Aquino, formado pelos filhos dessa terra, procurou à senhora prefeita para sugerir a Consagração da cidade ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, como melhor meio de obter a proteção de Deus contra novos assaltos e a conversão da cidade cujos pecados dos homens podem ser, certamente, a causa dos principais males que afligiram a política e a cidade de Anagé.
E hoje, 14 de Fevereiro de 201, Nosso Senhor quer por intercessão da Virgem Maria, conceder esta grande graça ao anageenses, pois na sede da Prefeitura, na presença de Dom Tomás de Aquino, Prior Beneditino do Mosteiro da Santa Cruz - Nova Friburgo/RJ, dos membros do Grupo S. Tomás, das autoridades e amigos conhecidos, a Prefeita Andréia Oliveira, consagrou a cidade de Anagé ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, deixando exposto em lugar de honra à imagem desses Sagrados Corações, cumprindo tanto quanto foi possível, a vontade se Nosso Senhor e de Nossa Senhora em fazer-se conhecidos – “Jesus quer que, ao lado da Devoção ao Seu Sagrado Coração, seja posta a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, explica a Mensagem de Fátima. Tudo isso, para ver reinar nos corações das famílias, das cidades, dos países e do mundo inteiro Nosso Senhor Jesus por Maria Santíssima. Como disse um grande Santo – “Tudo a Jesus, tudo por Maria”
Rezemos para que Deus, Nosso Pai, possa derramar graças por meio de seu Divino Filho e de sua Santa Mãe a esta cidade tão marcada pelos acontecimentos políticos, trazendo para este solo consagrado: verdade, caridade, conversão e santificação, para se estabelecer neste local o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Rezemos também para que o Santo Padre consagre a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, rezemos pelos sacerdotes, para que tenhamos santos sacerdotes e santas vocações ao sacerdócio, empenhados em propagar esta devoção que não é outra coisa se não um meio seguro de salvar os homens e as nações.

Pronunciado e assinado pela autoridade competente:

Na Prefeitura Municipal de Anagé

Prefeita
Andréia Oliveira

Anagé, 14 de Fevereiro de 2015

Grupo Santo Tomás de Aquino

Uma vitória do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria











domingo, 5 de abril de 2015

Série Folhetos Católicos nº 16 - A BÍBLIA: DEUS NOS FALA





1 – “Deus é amor.” (1 Jo. 4,16) Só isto explica toda a amplitude das efusões divinas.  De fato, é próprio do amor comunicar-se: eis a criação. É próprio do amor falar à pessoa amada: eis a revelação. É próprio do amor fazer-se igual à pessoa amada: eis a Encarnação. É próprio do amor rebaixar-se: eis o presépio. É próprio do amor dar-se: eis a Eucaristia. É próprio do amor sacrificar-se: eis a imolação de Jesus na Cruz. É próprio do amor fazer feliz a pessoa amada: eis a glorificação.” (Em “COM DEUS”, p. 343)

   2 – Todas as verdades acima mencionadas, e outras mais, fazem parte da nossa profissão de fé católica, o nosso “credo”, e estão contidas na Bíblia Sagrada. Neste “Folheto”, vamos tratar apenas do tema da frase que indica  a Divina Revelação; ou mais particularmente, da Revelação escrita, a Bíblia Sagrada.

   Não se tratará, pois, aqui da Sagrada Tradição através da qual também parte do ensino divino chegou até nós. Nesses casos a Tradição, sob a ação da assistência prometida por Cristo à sua Igreja, só explicitou as verdades contidas implicitamente na Bíblia.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Os Instrumentos de Suplício - Parte IV




X - A CRUZ: A MÃE

Dizem que quando Jesus foi condenado à morte e entregue aos judeus para ser crucificado, elevou-se na araçá tão formidável clamor, que a Virgem Maria, refugiada numa casa da rua principal que seguia o fundo do vale do Tyrópeon, ao pé do Pretório, compreendeu, àquele grito de ódio, que tudo estava terminado: ergueu-se logo e, amparada por mãos amigas saiu à frente da porta para aguardar a passagem do lúgubre cortejo.

Este se formava a toda pressa no interior do corpo de guarda; requeriam-se pelo menos quatro soldados para levar os pregos, os martelos, as cordas, as escadas: um centurião romano deveria presidir à execução; estes cinco homens estavam escalados para a emergência. Não é fora de propósito pensar que vários outros, criados do Pretório ou soldados romanos, tenham pedido e conseguido agregar-se ao cortejo do famoso Rei, ou que outros mesmos lhe tenham sido acrescentados por dever oficial.
Pilatos tinha entregado Jesus aos judeus; no sopé da escada do Pretório, aquela turba sequiosa esperava pela Vítima: na primeira fila os sacerdotes, os escribas, os anciãos, os notáveis do Sinédrio e, provavelmente, a sua tropa de criados e de soldados. Isto fazia uma escolta compacta, cerrada. A cruz que de há muito haviam preparado para Barrabás é trazida: aguarda em pé, sustentada por um homem ao pé da escadaria. Jesus aparece no topo dos vinte e oito degraus, hoje transportados a Roma; desce devagar, regiamente, escoltado por criados e soldados. Tem as mãos atadas.

Nunca monarca algum que descesse para um carro de triunfo manifestou mais altivez, mais magnitude do que deixou transparecer Jesus nessa curta descida que ia ter à cruz. Através das vestes, sob os passos, qual púrpura real e roçagante, marcava-Lhe o Sangue as pegadas e a passagem. Chegado em baixo, é violentamente agarrado pelos algozes: adaptam-Lhe a cruz aos ombros; quer a tenha carregado num só ombro, quer deitada sobre as costas, ocupadas então as duas mãos em suster-lhe os dois braços dela, é sempre certo que o pé da cruz arrastava em terra. A cada passo, portanto, os tropeços do caminho, as pedras, o calçamento, as asperezas imprimiam um solavanco ao pé da cruz, e este solavanco repercutia dolorosamente nos ombros ensangüentados do Mestre.

Aliás, é-Lhe o corpo todo uma ferida só; os milhares de golpes da flagelação, as contusões repetidas das bofetadas, dos socos, das pauladas, não deixaram lugar algum sem pisadura; cada passo, cada movimento, o própria roçar das vestes são outros tantos padecimentos. Mas o sinal é dado: soam os clarins, os clamores avultam, a onda se abala e logo, numa marcha que se quer apressada, lá se vai o pobre Jesus, cedendo ao peso, curvado, dobrado quase, com a cruz a dançar-lhe nas costas a cada passo; o suor, o Sangue, um palor lívido o rosto. A cabeça está por força abaixada, os cabelos caem-Lhe ante a face em longas mechas empapadas de Sangue e suor. É através deste intrincado sangrento que a multidão, ávida desses espetáculos, busca apreender o trabalho dos sofrimentos passados e o da morte que se aproxima.

Tudo se faz com pressa e precipitação nesse último acompanhamento. Os judeus estão pressurosos por acabar com aquilo, ou porque queiram quanto antes ver expirar a sua Vítima, ou porque o grande dia do sábado, que principiará naquela noite, os instigue e anime, ou porque no fundo receiem algum surto de magia no condenado. As ruas de Jerusalém são estreitas, a multidão apaixonada é tumultuosa. Jesus é assim esbarrado, sacudido, o pé da cruz se desvia; todo o corpo do pobre condenado segue essas oscilações e esses contra-golpes.
À saída da grande porta de três vãos por sobre a qual haviam apresentado o Homem, Ecce Homo! a rua desce rapidamente, em ladeira íngreme, para emendar em ângulo reto com a via principal que se estendia ao longo do vale do Tyropeon. A escolta que O acossa, as vaias que O ensurdecem, o impulso dados pelos sacerdotes e anciãos que precedem o cortejo, sobretudo a cruz que O sobrepuja, que O verga e O impele para a frente: tudo isto faz com que a marcha de Jesus seja precipitada, de tal sorte que, chegado ao termo da ladeira, impelido por aquele declive doloroso, Ele cai bruscamente, e a cruz esmaga-O com todo o seu peso.
O Sangue, dizem, escorreu-Lhe da boca e das narinas. Foi preciso certo tempo para reerguer a cruz e Jesus. Este estava tão macilento, tão lívido, que um murmúrio de compaixão prorrompeu num grupo de mulheres que O seguia. Entretanto, sem dó O sobrecarregam de novo.
O cortejo vira à esquerda; a rua é reta, sem acidente, por alguns metros. Com as vestes cobertas de poeira e de Sangue, o Mestre se adianta, mais curvado que nunca. Súbito, à esquerda, à frente de uma porta e amparada por algumas mulheres, – Ele distinguiu Madalena, – avista Ele Sua Mãe. Ela estende instintivamente os braços: esse gesto da Mãe diante de quem tudo desapareceu e que só vê o Filho.

Ele soergueu um pouco a cabeça rorejante de Sangue e olhou-A. O cortejo passou, impelido numa onda de empurrões e pó. Maria continuava a estender os braços, mas a figura do Filho já desaparecera no turbilhão humano que o rodeava. Que olhar! Que silêncio! Há sofrimentos que não se podem exprimir; desnaturá-los-ia a palavra; tudo se diz com um olhar e em silêncio. É nessas horas que as almas comunicam entre si diretamente, através do invólucro da carne que sofre.
A vida espiritual tem estados semelhantes. Jesus passa: a alma estende os braços e quer segurá-lO... Ele já passou. Mas olhou-a. E, como Maria, a alma se põe no encalço de Jesus: aquele olhar fascinou-a, ela irá até o Calvário, espezinhada, padecente por todos os poros, a sangrar, porém irá, porém se manterá lívida, de pé, junto à cruz. Assim Jesus manifesta o Seu poder divino até no meio das ignomínias e das inferioridades padecidas em Sua Paixão.

Uma palavra pôs por terra os algozes que O vinham prender no horto.
Um olhar traspassou Pedro e transtornou-lhe a alma: Et conversus Jesus respexit Petrum.
Um outro olhar cai sobre Sua Mãe: Ela segue arrastada pelo Seu Amor que vai adiante.

Dentro em pouco ouviremos uma palavra de Jesus dar o Céu ao bom ladrão. É mister quebrar a casca sangrenta da Paixão para lhe achar o fruto da divindade. Está lá, ainda que oculta. Por assim dizer, desde que subiu ao Calvário Jesus só age e só opera nas almas através do sofrimento que as oprime. Não há serem salvos e predestinados senão os que são conformes a Jesus Cristo, e a Jesus Cristo Crucificado (Rm 8, 29).
Ó minha alma, inveja, pois esta semelhança, rejubila-te se alguns traços sangrentos daquela face lívida, desonrada, desprezada, se imprimirem em ti. Olha, a multidão grita, os braços se agitam e empurram Jesus, a cruz Lhe pesa, os amigos são poucos... onde estão mesmo? A estrada se faz ascendente e desolada até à porta judiciária por onde se sai da cidade. Há na tua vida algo deste sombrio cenário? Então estás na estrada real. Praeit Dominus: o Senhor vai na frente; é lá em cima, no Calvário, que Ele dá o paraíso.
A lembrança do doloroso encontro de Jesus e Maria permaneceu cara à piedade dos fiéis amantes do Calvário. Mostra-se ainda hoje, em Jerusalém, no lugar presumido desse encontro, numa cripta sombria, sobre um mosaico antiqüíssimo, a dupla efígie de dois pés, dois pés de mulher: estão desenhados sobre o fundo escuro do mosaico, em pedras brancas e brilhantes: era ali que se postava Maria quando Jesus passou. Gostam as pessoas de ver esse lugar e a posição dos pés: estão voltados obliquamente para o lado do pretório, frente para Jesus que dali vinha. Minúcia alguma é indiferente quando se trata de uma Mãe – e que Mãe! – a aguardar, na angústia e na desolação preditas pelo profeta Simeão, a passagem do Filho que caminha para a morte.

XI- A CRUZ: SIMÃO DE CIRENE

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os Instrumentos de Suplício - Parte III





VII- OS FLAGELOS

Do começo da vida até ao momento da morte, Jesus teve sempre diante dos olhos a Sua Paixão sangrenta. Qual um artista que traz incessantemente consigo, numa gestação dolorosa, o ideal de que fará a sua obra prima.

Para Jesus, este grande drama da Paixão tem cinco atos principais: Ele os enumera, pormenoriza-os e sobre eles freqüentemente comenta na intimidade da sua conversação com os Apóstolos. “O Filho do Homem, diz mais de uma vez aflitivamente, será traído (e ai daquele que O trair!): em conseqüência dessa traição será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, que por sua vez O entregarão aos gentios”. E aí está o primeiro ato. Depois será escarnecido, posto a ridículo. Et illudent ei. Ludibria-lO-ão, divertir-se-ão à Sua custa cinicamente. E nesta palavra, como num espelho profundo onde se refletissem cenas distantes, Jesus vê se desenrolarem todos os ultrajes do corpo da guarda, do Pretório, do palácio de Herodes, até a sinistra irrisão da coroa e do título real afixado à cruz: é o segundo ato. O terceiro cifra-se numa palavra: Et conspuent eum: cuspir-Lhe-ão em cima. É um traço que O atormenta antecipadamente, frisa-O Ele com dolorosa precisão. Et flagellabunt: será flagelado, açoitado como um escravo ou um animal malfazejo: é o quarto ato. Após todas essas cenas, todas essas orgias de sangue, o quinto ato termina no Calvário. Assim, como em cruel escorço, eis toda a Paixão do Cristo, tal qual O preocupa e O angustia de antemão.

A traição. As zombarias. Os escarros. Os flagelos. A cruz.

Tais são os cimos que Ele tem de galgar em menos de dezoito horas. Que profundezas de humilhações ser-Lhe-á forçoso atravessar para atingi-los! Flagellabunt eum! A flagelação parece ser, à luz da reflexão, uma cruel inutilidade: porque essa tortura suplementar a quem vai padecer a morte? A flagelação pode quando muito compreender-se como um castigo destinado a punir e a escarmentar. Mas, para um condenado, não passa isso de um ato de selvageria. Aturou-o Jesus. Tão bem o haviam compreendido os Judeus que, na conformidade da sua lei, ratificada por Deus, tinham que limitar no número dos golpes, trinta e nove, e o lugar onde se deviam aplicar esses golpes estava designado: as espáduas e o peito do réu. Jesus não teve o benefício da Sua lei nacional. Estava entregue aos gentios: ora, os gentios, mais bárbaros, mais cínicos, mais próximos dos baixos instintos, a despeito da sua civilização, não entendiam essas reservas no modo do castigo.

Ó Jesus! Fostes pois inteiramente despido e atado assim a uma coluna, com as mãos presas pela frente a uma argola, e o Vosso corpo se dobrava dolorosamente em dois! Quanto tempo durou esse horrível suplício? Qual foi o número dos golpes? Sabemos que eram gentios que batiam, que nenhuma lei limitava os golpes; – que eles eram estimulados pelos judeus; – que o homem entregue perdera toda reputação; – que já lhes era entregue em estado deplorável, coberto de poeira e de escarros, como um louco indigno de compaixão, um sedutor, um mágico; – que Pilatos, na sua cruel política, pedira um castigo de preferência severo; – que eles, os gentios, não queriam ficar atrás relativamente ao que fôra feito na noite precedente pela guarda de Caifás; – que, finalmente, eram soldados grosseiros, ávidos de espetáculos sangrentos.

Sabemos também que não se utilizavam varas para os estrangeiros e os escravos, mas sim flagelos engrossados de nós ou eriçados de pontas. É provável portanto que aqueles verdugos não se tenham contentado com bater só no lado de trás do corpo, porém que, quando a sua Vítima ficou ensangüentada desse lado, a tenham cruelmente virado e sulcado de golpes, da cabeça aos pés o Divino Cordeiro a sangrar e a gemer sob os flagelos. Supra dorsum meum fabricaverunt peccatores. Lavraram-me as costas todas. Prolongaverunt iniquitatem suam. E prolongaram a sua cruel prática (cf. Sl 128, 3).

Aí estão o lugar e a duração já indicados. A planta pedis usque ad verticem, non est in eo sanitas, nem um só lugar sem laceração, da base ao vértice. Vulnus et livor et plaga tumens. São só feridas, rasgos lívidos, chaga túmida (cf. Is 1, 6). Como designar melhor os efeitos de uma longa e cruel flagelação? Nenhum dos suplícios suportados pelo Filho do Homem na Sua Paixão podia produzir efeitos semelhantes. E sob o dedo do profeta se remata a sinistra pintura: “Já não tinha forma, nenhuma beleza, o rosto está como suprimido, encolhido, aniquilado por aquela horrível dor; flagelado, açoitado como o último dos homens, assemelha-se o Seu corpo ao de um leproso; exangue, parece um galho mirrado que sai de uma terra seca. Podem-se-Lhe contar os ossos, postos a nu. Faz mal à vista, a gente desvia a cabeça, é um homem açoitado por Deus: açoitado, que digo? Ele está é triturado” (Isaías 53).

Estes pormenores não convêm senão à flagelação. Por que a quis Deus tão longa, tão cruel, tão especialmente horrível? Por que essa pintura do Profeta tão pungente, tão realista? Por que de per si constitui ela um ato do drama lúgubre? Por que acrescentou Ele que de antemão ela faz experimentar ao Filho do Homem um arrepio involuntário? Os que conhecem o terrível mistério da depravação humana e as perversões de uma carne de que Deus queria fazer um invólucro radioso da alma pura, talvez compreendam os horrores da expiação divina.

Em duas circunstâncias memoráveis Deus alçou-se contra a carne culpada: no dilúvio, que cobriu o mundo corrompido, e em Sodoma e Gomorra, que inflamaram-se numa noite, quais sinistros archotes. A mesma corrupção existe hoje em dia: se não tivéssemos a onda de Sangue Divino que correu na coluna, o mundo subsistiria ainda?


VIII - A COROA DE ESPINHOS

Jesus emite várias afirmações no decurso da Sua Paixão. Duas entre outras são nitidamente formuladas de modo que não deixam lugar a dúvida alguma. Ao Sumo Sacerdote que o intima a de clarar se é o Filho de Deus, o Cristo bendito, o Messias esperado: Vos dicitis, quia ego sum. Dizeis bem, sim, Eu o sou. A Pilatos que Lhe pergunta visivelmente perturbado: És então verdadeiramente Rei? Responde Ele: Tu dicis, quia rex sum ego. Sim, dizes bem, Eu sou Rei.