segunda-feira, 30 de abril de 2012

Adoro Te e Devote - Santo Tomás de Aquino





Letra e Tradução



Adóro te devóte, latens Déitas,
Quae sub his figúris vere látitas:
Tibi se cor meum totum súbiicit,
Quia te contémplans totum déficit.

Visus, tactus, gustus in te fállitur,
Sed audítu solo tuto créditur.
Credo, quidquid dixit Dei Fílus:
Nil hoc verbo Veritátis vérius.

In cruce latébat sola Déitas,
At hic latet simul et humánitas;
Ambo tamen credens atque cónfitens,
Peto quod petívit latro paénitens.

Plagas, sicut Thomas, non intúeor;
Deum tamen meum te confíteor.
Fac me tibi semper magis crédere,
In te spem habére, te dilígere.

O memoriále mortis Dómini!
Panis vivus, vitam praestan hómini!
Praesta meae menti de te vívere.
Et te illi semper dulce sápere.

Pie pellicáne, Iesu Dómine,
Me immúndum munda tuo sánguine.
Cuius una stilla salvum fácere
Totum mundum quit ab omni scélere.

Iesu, quem velátum nunc aspício,
Oro fiat illud quod tam sítio;
Ut te reveláta cernens fácie,
Visu sim beátus tuae glóriae. Amen.
Eu te adoro com afeto, Deus oculto,
que te escondes nestas aparências.
A ti sujeita-se o meu coração por inteiro
e desfalece ao te contemplar.

A vista, o tato e o gosto não te alcançam, mas só com o ouvir-te firmemente creio.
Creio em tudo o que disse o Filho de Deus, nada mais verdadeiro do que esta Palavra da Verdade.

Na cruz estava oculta somente a tua divindade, mas aqui se esconde também a humanidade.
Eu, porém, crendo e confessando ambas, peço-te o que pediu o ladrão arrependido.

Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas, mas confesso, Senhor, que és o meu Deus; faz-me crer sempre mais em ti, esperar em ti, amar-te.

Ó memorial da morte do Senhor,
pão vivo que dás vida ao homem,
faz que meu pensamento sempre de ti viva, e que sempre lhe seja doce este saber.

Senhor Jesus, terno pelicano,
lava-me a mim, imundo, com teu sangue, do qual uma só gota já pode salvar o mundo de todos os pecados.

Jesus, a quem agora vejo sob véus,
peço-te que se cumpra o que mais anseio: que vendo o teu rosto descoberto, seja eu feliz contemplando a tua glória. Amém.




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Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Jesus, Filho de Deus vivo,
Jesus, esplendor do Pai,
Jesus, pureza da luz eterna,
Jesus, Rei da glória,
Jesus, sol da justiça,
Jesus, Filho da Virgem Maria,
Jesus amável,
Jesus admirável,
Jesus, Deus forte,
Jesus, Pai do futuro do século,
Jesus, Anjo do grande conselho,
Jesus poderosíssimo,
Jesus pacientíssimo,
Jesus obedientíssimo,
Jesus, brando e humilde de coração,
Jesus, amante da castidade,
Jesus, amador nosso,
Jesus, Deus da paz,
Jesus, autor da vida,
Jesus, exemplar das virtudes,
Jesus, zelador das almas,
Jesus, nosso Deus,
Jesus, nosso refúgio,
Jesus, Pai dos pobres,
Jesus, tesouro dos fiéis,
Jesus, bom Pastor,
Jesus, luz verdadeira,
Jesus, sabedoria eterna,
Jesus, bondade infinita,
Jesus, nosso caminho e nossa vida,
Jesus, alegria dos anjos,
Jesus, Rei dos patriarcas,
Jesus, Mestre dos apóstolos,
Jesus, Doutor dos evangelistas,
Jesus, fortaleza dos mártires,
Jesus, luz dos confessores,
Jesus, pureza das virgens,
Jesus, coroa de todos os santos,
Sede-nos propício; perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício; ouvi-nos, Jesus.
De todo o mal, livrai-nos, Jesus.
De todo o pecado,
De vossa ira,
Das ciladas do demônio,
Do espírito da impureza,
De morte eterna,
Do desprezo das vossas inspirações,
Pelo mistério da vossa santa Encarnação,
Pela vossa natividade,
Pela vossa infância,
Pela vossa santíssima vida,
Pelos vossos trabalhos,
Pela vossa agonia e paixão,
Pela vossa cruz e desamparo,
Pelas vossas angústias,
Pela vossa morte e sepultura,
Pela vossa ressurreição,
Pela vossa ascensão,
Pela vossa instituição da Santíssima Eucaristia,
Pelas vossas alegrias,
Pela vossa glória,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós, Jesus.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.
Oremos.
Senhor Jesus Cristo, que dissestes: Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á, nós vos suplicamos que concedais a nós que vo-lo pedimos, os sentimentos afetivos de vosso divino amor, a fim de que nós vos amemos de todo o coração e que esse amor transcenda por nossas ações, sem que deixemos de vos amar.
Permiti que tenhamos sempre, Senhor, um igual temor e amor pelo vosso santo nome; pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do vosso amor. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.
Amém.

Convite

Primeira Virtude de um jovem - A Obediência


A Primeira Virtude de um jovem é a obediência aos seus pais e superiores





Assim como uma plantinha, embora colocada em bom terreno, num jardim, contudo toma forma defeituosa e vai definhando se não for cultivada e, de algum modo, guiada até certa altura, assim vós, meus caros filhos, vos inclinareis fatalmente para o mal, se não vos deixardes guiar por quem está encarregado da vossa educação e do bem da vossa alma. Essa guia vós atendes nos vossos pais e nos que fazem suas vezes; a eles deveis obedecer com docilidade. “Honra teu pai e tua mãe e terás vida longa na terra”, diz o Senhor.

Mas em que consiste essa honra? Consiste em obedecer-lhes, respeitá-los e prestar-lhes assistência. Obedecer-lhes e por isso, quando vos mandam alguma coisa, fazei-a prontamente, sem resistir, e guardai-vos de proceder como alguns que resmungam, encolhem os ombros, sacodem a cabeça e, o que é pior, respondem mal. Esses fazem grande injúria aos seus pais e também a Deus, pois que nas ordens dos pais se manifesta a vontade de Deus. Nosso Salvador, apesar de ser onipotente, para ensinar-nos a obedecer, foi submisso em tudo a Santíssima Virgem e a São José, na humilde ocupação de artífice: Et erat súbditus illis. Para obedecer a seu Pai celeste ofereceu-Se á morte dolorosíssima da cruz: Factus obédiens usque ad mortem; mortem autem crucis.

Deveis também ter grande respeito a vosso pai e a vossa mãe e não empreender coisa nenhuma sem sua licença, nem dar a conhecer seus defeitos. São Luis Gonzaga não fazia coisa nenhuma sem licença e, na falta de outrem, a pedia aos mesmos criados. O jovem Luis Comolo foi obrigado um dia a estar longe de seus pais por mais tempo do que lhes tinham permitido. Mas ao chegar em casa, todo choroso pediu logo humildemente perdão daquela desobediência involuntária.

Finalmente, deveis prestar aos pais assistência em suas necessidades com o serviços domésticos de que fordes capazes especialmente entregando-lhes todo o dinheiro ou qualquer coisa que vos venha as mãos, usando de tudo conforme suas indicações. É também estrito dever de um jovem rezar de manhã e à noite pelos seus pais, para que Deus lhes conceda todos os bens espirituais temporais.

Tudo o que vos disse a cerca da obediência e do respeito aos pais, deveis também praticar em relação a qualquer outro superior, eclesiástico ou secular, e por isso também em relação aos vossos professores, dos quais igualmente recebereis de boa vontade, com humildade e respeito os ensinamentos, os conselhos as correções, certos de que tudo o que eles fazem é para a vossa maior vantagem e que a obediência prestada aos superiores é como se fora prestada ao mesmo Jesus Cristo e a Nossa Senhora.

Duas coisas vos recomendo com maior empenho. A primeira é que sejais sinceros com os superiores, não encobrindo nunca as vossas faltas com fingimentos, muito menos negando-as. Dizei sempre a verdade com franqueza. As mentiras, além de ofenderem a Deus, vos tornam filhos do demônio, que é o príncipe da mentira, e, vindo-se depois a saber a verdade, passareis por mentirosos, com grande desdouro perante os superiores e os companheiros. Em segundo lugar, vos recomendo que aceiteis os conselhos e as advertências dos superiores como norma de vossa vida e do vosso modo de agir. Felizes vós, se assim fizerdes; os vossos dias serão venturosos, todas as vossas ações serão bem ordenadas e servirão de edificação aos outros. Por isso, concluo dizendo-vos: O menino obediente tornar-se-á santo; pelo contrário, o desobediente segue um caminho que o levará a perdição.

(Dom Bosco - Jovem instruído - capítulo IV)

domingo, 29 de abril de 2012

Oração de São Padre Pio de Pietrelcina

 
São Padre Pio de Pietrelcina



Permanecei, Senhor, comigo, porque é necessária a Vossa presença para não Vos esquecer.
Sabeis quão facilmente Vos abandono.

Permanecei, Senhor, comigo, pois sou fraco e preciso da Vossa força para não cair tantas vezes.

Permanecei, Senhor, comigo, porque Vós sois a minha luz e sem Vós estou nas trevas.

Permanecei, Senhor, comigo, pois Vós sois a minha vida e sem Vós esmoreço no fervor.

Permanecei, Senhor, comigo, para me dares a conhecer a Vossa vontade.

Permanecei, Senhor, comigo, para que ouça a Vossa voz e Vos siga.

Permanecei, Senhor, comigo, pois desejo amar-Vos muito e estar sempre em Vossa companhia.

Permanecei, Senhor, comigo, se quereis que Vos seja fiel.

Permanecei, Senhor, comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, deseja ser para Vós um lugar de consolação e um ninho de amor.

Permanecei, Jesus, comigo, pois é tarde e o dia declina… isto é, a vida passa, a morte, o juízo, a eternidade se aproximam e é preciso refazer minhas forças para não me demorar no caminho, e para isso tenho necessidade de Vós.

Já é tarde, e a morte se aproxima. Temo as trevas, as tentações, a aridez, a cruz, os sofrimentos, e quanta necessidade tenho de Vós, meu Jesus, nesta noite de exílio.

Permanecei, Jesus, comigo, porque nesta noite da vida, de perigos, preciso de Vós. Fazei que, como Vosso discípulo, Vos reconheça na fração do pão, isto é, que a comunhão eucarística seja a luz que dissipe as trevas, a força que me sustente e a única alegria do meu coração.

Permanecei, Senhor, comigo, porque na hora da morte quero ficar unido a Vós, se não pela comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.

Permanecei, Jesus, comigo; não Vos peço consolações divinas porque não as mereço, mas o dom de Vossa presença, ah! sim, vo-lo peço.

Permanecei, Senhor, comigo, é só a Vós que procuro, Vosso amor, Vossa graça, Vossa vontade, Vosso coração, Vosso Espírito, porque Vos amo e não peço outra recompensa senão amar-Vos mais. Com um amor firme, prático, amar-Vos de todo o meu coração na terra para continuar a Vos amar perfeitamente por toda a eternidade.

Amém.

29 de Abril - Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja


Santa Catarina de Sena


Carta No. 24 - ao cura Biringhieri Arzochi (A um sacerdote pouco exemplar)

"Sede, sede aquela flor perfumada que deveis ser; espargi o bom odor (2Cor2,15) na doce presença de Deus. Sabeis que a flor, conservada durante muito tempo na água, não exala perfume, mas fedor. A mim parece, pai, que vós e os demais sacerdotes deveis ser assim uma flor. Mas também essa flor, imersa nas águas iníquas e putrefatas dos pecados e misérias do mundo, não exala perfume, mas fedor. Oh, como é mísero e infeliz quem é posto na santa Igreja como flor, responsável pelos seus súditos! Vós sabeis que Deus os quer límpidos e puros. Infeliz de mim, infeliz de mim, venerável pai! É o contrário que acontece. Comportam-se de tal maneira, que não apenas são fétidos, mas também arruínam todos aqueles que deles se avizinham.
Acordai e não continueis dormindo! Já dormimos bastante, mortos para a graça. Não nos resta mais tempo, soou a hora da sentença, estamos condenados à morte."

O Diálogo - Palavras do Pai Eterno ditadas pela santa no momento mesmo dos êxtases.

"Volto a falar novamente dos clérigos e ministros da Igreja. Quero lamentar-me contigo sobre outros defeitos, dos quais ainda não falei. São aqueles vícios, que uma vez te mostrei na figura de colunas: a impureza, o orgulho e a ganância. Com eles, vendem até a graça do Espírito Santo! São vícios interdependentes e têm uma base comum, o egoísmo. Tais colunas, enquanto permanecem de pé, sem serem derrubadas pelas virtudes, tornam a pessoa   obstinada  nos  demais pecados.
Como disse antes, todos os pecados nascem do egoísmo; o mais grave é o orgulho, que destrói a caridade. O orgulho conduz ainda a pessoa à impureza e à ganância. São esses os três laços que ligam os ministros maus ao demônio."

28.1 - A impureza

"Filha querida! Já tratei um pouco sobre a maneira como os clérigos mancham o corpo e o espírito na impureza. Para que conheças melhor a minha Misericórdia  sintas maior compaixão por esses infelizes, quero acrescentar quanto segue.
Há ministros tão endemoniados que, além de não respeitarem a eucaristia e desprezarem a dignidade que lhes dei, fora de si se apaixonam por determinada pessoa, e, não conseguindo realizar seus desejos, recorrem à magia. Usam então o alimento da eucaristia como instrumento para concretizar seus pensamentos desonestos e más intenções.
Relativamente aos fiéis, que deveriam pastorear e alimentar quanto ao corpo e quanto à alma, apenas os atormentam de diversos modos. Mas não vou me ocupar disso; não quero que sofras em demasia. Como te mostrarei numa visão, os fiéis são abandonados a caminhar sem rumo, desorientados, fazendo o que não querem. Se tentam resistir, sofrem terrivelmente na própria carne. Pois bem, qual a causa de tudo isso e de outros males que conheces e que não é preciso recordar, senão a vida desonesta dos clérigos? Ó Filha querida! atiram lama à minha carne que foi elevada acima dos anjos pela união em Cristo da natureza humana com a divina!
 
Ó homem abominável e infeliz! Não homem, mas animal, que entregas às meretrizes teu corpo, por mim ungido e consagrado, e que fazes coisas ainda piores! No madeiro da cruz, meu Filho, sofrendo, curou a ferida de Adão herdada por ti e por todos os homens. Com seu sangue,Ele medicou pecados impuros e desonestos! O bom Pastor lavou as ovelhas no seu sangue e tu manchas as ovelhas que são tão puras, tudo fazes para atirá-las à lama. Deverias ser um espelho de  honestidade e és um espelho de impureza. Fazes justamente o contrário daquilo que  realizou o meu Filho, pois orienta para o mal os seus membros. Permiti que os olhos de Cristo fossem vendados para iluminar os teus, e tu, com olhares impuros, atiras fechas envenenadas contra a tua própria alma  e contra o coração das pessoas a quem olhas. Deixei que Ele bebesse fel e vinagre e tu, qual animal desnorteado, saboreias alimentos delicados, tratando o estômago como a um "deus". Sobre tua língua passam palavras desonestas e vazias, quando- por meio dela- devias alertar o próximo, anunciar minha palavra e recitar o Ofício Divino com os lábios e o coração; vejo-te a jurar e imprecar como um desequilibrado, até blasfemando contra mim; permiti que as mãos do meu Filho fossem algemadas para libertar-te, a ti e a todos os homens, dos laços do pecado; e tu usas as mãos ungidas e consagradas em vista da distribuição da Eucaristia, para toques indecorosos; todas as ações, nas quais usas as mãos, estão corrompidas e orientadas para o mal! Ó infeliz! E dizer que eu te pusera em tão alta dignidade para servir a mim e à humanidade! Foram os pés de Cristo transpassados pelos cravos, deles fazendo eu um degrau para que chegasses a contemplar os segredos do seu Coração. Transformei seu Coração numa dispensa, onde todos podeis experimentar o amor  inefável que vos dedico; ali encontras o sangue, por ti derramado como purificação dos pecados, mas tu fazes do teu coração um templo para o diabo. Tua afetividade, simbolizada nos pés, só me oferece maldade, uma vez que te conduz unicamente a lugares de pecado.
 
Assim: ofendes-me com todo o corpo. Fazes exatamente o contrário do que fez Jesus, bem naquele ponto em que tu e os demais homens deveriam imitá-lo. À semelhança de instrumentos musicais, teus sentidos emitem sons desafinados, uma vez que as três faculdades da alma se "reuniram" em torno do demônio, em vez de o fazerem no meu ser. Tua memória deveria estar cheia com a lembrança dos meus favores, no entanto só contém desonestidades e muitos outros males; quanto à inteligência, era teu dever fixá-la mediante a fé em Cristo crucificado, de quem és, ministro, mas vaidosamente lhe deste por objeto os prazeres, a procura de altas posições sociais, a riqueza mundana; tua vontade  haveria de repousar diretamente em mim, mas tu a fizeste amar as criaturas e teu próprio corpo. Tens mais amor aos animais do que por mim. Prova disso é a tua impaciência quando te privo de algo, e teu desagrado ante o próximo ao julgares que te prejudicou em alguma coisa. Quando o acusas, revelas que já perdeste o amor por mim e por ele.
 
Ó infeliz ministro, és sacerdote do meu grande amor! A ti foi confiado o fogo sagrado que é minha caridade divina, o abandonas por afeições desordenadas! Nem mesmo podes suportar, em nome dela, um pequeno prejuízo que te cause alguém."

(28.6.4 - Visão de Catarina sobre a impureza)
Virtudes sacerdotais

"Filha querida, disse tais coisas para que melhor compreendas a dignidade dos meus ministros e chores com mais amargor os seus pecados. Se os ministros meditassem sobre a própria dignidade, não viveriam em pecado mortal, não manchariam sua alma. Se eles não me ofendessem, se não pecassem contra a própria dignidade, se não entregassem até o corpo para ser queimado, mesmo assim não me agradeceriam suficientemente pelo dom que receberam. Neste mundo é impossível uma dignidade maior. São ungidos meus, meus cristos, postos por mim na função de ministros, flores perfumadas na hierarquia da santa Igreja. Nem os anjos possuem dignidade igual a esta concedida aos homens, na pessoa dos sacerdotes.

Coloquei-os como anjos na terra, e como tais devem viver. De todos os homens exijo pureza e amor; todos devem amar-me e amar o próximo; todos devem socorrer o irmão naquilo que lhes for possível com orações e obras de caridade, assim como já disse em outro lugar, ao tratar desse assunto. Mas dos meus ministros peço pureza maior, maior amor por mim e pelos homens. Que distribuam o corpo e sangue do meu Filho com grande desejo da salvação da humanidade, para glória do meu nome. Da mesma forma como eles querem limpo o cálice usado no sacrifício eucarístico, também eu quero que sejam puros os seus corações, suas almas, seus pensamentos. Igualmente seus corpos - instrumentos da alma - hão de ser possuídos em perfeita pureza. Não quero que se envolvam na lama da luxúria, nem que se mostrem inflados de orgulho na procura de cargos prelatícios ou cheios de rancor por si mesmos e pelos outros. A insatisfação pessoal costuma manifestar-se sobre os outros; quando impacientes, os ministros terminarão dando maus exemplos, não se preocuparão em livrar os homens das mãos do demônio, não se dedicarão com esforço ao ministério do corpo e sangue do meu Filho, não distribuirão a luz da eucaristia na forma explicada.

Filha querida, compreendes quanto o pecado contra a natureza me desagrada em qualquer pessoa; mas entenderás também que muito mais me desgosta quando é praticado por aqueles que escolhi para a vida de continência. Uns abandonaram o mundo e se fizeram religiosos; outros são diocesanos.  Entre eles acham-se os ministros. Jamais entenderás como tal vício, cometido por eles, ofende-me muito mais do que quando feito pelos leigos em geral e pelos leigos consagrados. Os ministros são lâmpadas colocadas sobre o candelabro e devem iluminar pelo ministério eucarístico, pela virtude, pelo bom exemplo. Mas de fato espalham a escuridão. Vivem na escuridão. Por causa de sua soberba e impureza, nada entendem das Escrituras, a não ser em sua veste exterior, literária."

sábado, 28 de abril de 2012

Comentário Eleison – número CCL (250) – 28 de abril de 2012


“ILUMINISMO” TENEBROSO

Quer a Fraternidade Sacerdotal São Pio X decida finalmente passar por cima do desacordo doutrinal e entrar num acordo puramente prático com as autoridades da Igreja Conciliar em Roma, quer não, as almas preocupadas com sua salvação eterna precisam entender, tanto quanto possível, o que está em jogo. Acerca disso um meu amigo acabou de me enviar uma síntese admirável do coração do problema: 
“De 2009 a 2011 as assim chamadas ‘Discussões Doutrinais’ tiveram lugar entre os peritos vaticanos e quatro teólogos da FSSPX. Essas discussões puseram de manifesto quão firmemente as autoridades romanas estão atadas aos ensinamentos do Vaticano II. Esse Concílio tentou reconciliar a doutrina católica com o conceito de homem desenvolvido pelo ‘Iluminismo’ do século XVIII. 
“Assim, o Concílio declara que por causa da dignidade de sua natureza, a pessoa humana tem o direito de praticar a religião que escolher. Consequentemente a sociedade precisa proteger a liberdade religiosa e organizar a coexistência pacífica das várias religiões. Estas são convidadas a participar do diálogo ecumênico, desde que todas elas possuem sua própria parte de verdade. 
“Com efeito, tais princípios negam que Cristo seja verdadeiramente Deus, e eles negam que sua Revelação, o depósito de que a Igreja é guardiã, precisa ser aceita por todos os homens e todas as sociedades. Assim, a doutrina da liberdade religiosa, como foi expressa no documento ConciliarDignitatis Humanae nº. 2, contradiz os ensinamentos de Gregório XVI em Mirari Vos, Pio IX emQuanta Curam, Leão XIII em Immortale Dei e Pio XI em Quas Primas. A doutrina expressa na Constituição Dogmática Lumen Gentium nº. 8, segundo a qual a Providência Divina usa as seitas acatólicas como meios de salvação, contradiz os ensinamento de Pio IX no Syllabus, Leão XIII emSatis Cognitum e Pio XI em Mortalium Animos. 
“Essas novas doutrinas que, junto com muitas outras, contradizem os ensinamentos formais e unânimes dos Papas anteriores ao Concílio, podem somente ser qualificadas, à luz do dogma católico, de heréticas. 
“Por isso, desde que a unidade da Igreja repousa sobre a integridade da Fé, é claro que a FSSPX não pode chegar a nenhum acordo, mesmo que apenas “prático”, com aqueles que possuem tais doutrinas.” 
Quando meu amigo acusa o movimento de emancipação intelectual do século XVIII conhecido como “Iluminismo” de estar na raiz do colapso dos clérigos do século XX, ele está fazendo exatamente a mesma coisa que o Arcebispo Lefebvre, quando disse aos seus padres, meio ano antes de morrer em 1991: “Quanto mais se analisa os documentos do Vaticano II... mais se percebe que o que está em jogo é... uma indiscriminada perversão da mente, uma filosofia completamente nova baseada na filosofia moderna, no subjetivismo... é uma versão completamente diferente da Revelação, da Fé e da filosofia... é verdadeiramente pavoroso.” 
Então, como se consegue fazer a mente voltar a sujeitar-se à realidade de Deus? Um meio seria apossar-se das Encíclicas papais mencionadas acima por meu amigo e estudá-las. Elas foram escritas para bispos, mas bispos conciliares não são confiáveis. Os leigos de hoje precisam tomar em suas mãos sua própria formação e seu próprio Rosário. 

Kyrie Eleison.

[Fonte: http://a-grande-guerra.blogspot.com.br/]

Canon in D - Johann Pachelbel






                                                    



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Suíte número 3 - Johann Sebastian Bach













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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ladainha dos Santos Anjos


Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, Criador dos Anjos, tende piedade de nós.
Deus Filho, Senhor dos Anjos, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, vida dos Anjos, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, alegria de todos os Anjos, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
Rainha dos Anjos, rogai por nós.
Todos os Coros dos Espíritos Celestes, rogai por nós.
Santos Serafins, Anjos do Amor, rogai por nós.
Santos Querubins, Anjos do Verbo, rogai por nós.
Santos Tronos, Anjos da Vida, rogai por nós.
Santos Anjos da Adoração, rogai por nós.
Santas Dominações, rogai por nós.
Santas Virtudes, rogai por nós.
Santas Potestades, rogai por nós.
Santos Principados, rogai por nós.
Santos Arcanjos, rogai por nós.
Santos Anjos, rogai por nós.
São Miguel Arcanjo, rogai por nós.
Vencedor de lúcifer, rogai por nós.
Anjo da fé e da humildade, rogai por nós.
Anjo da Unção dos Enfermos, rogai por nós.
Anjo dos moribundos, rogai por nós.
Príncipe dos exércitos celestes, rogai por nós.
Companheiro das almas do Purgatório, rogai por nós.
São Gabriel Arcanjo, rogai por nós.
Anjo da Encarnação, rogai por nós.
Mensageiro fiel de Deus, rogai por nós.
Anjo da esperança e da paz, rogai por nós.
Protetor de todos os servos e servas de Deus, rogai por nós.
Guarda do Santo Batismo, rogai por nós.
Patrono dos sacerdotes, rogai por nós.
São Rafael Arcanjo, rogai por nós.
Anjo do Divino Amor, rogai por nós.
Dominador do Espírito, rogai por nós.
Anjo da cura e do alívio na dor, rogai por nós.
Auxiliador nos casos de necessidade, rogai por nós.
Patrono dos médicos, viajantes e peregrinos, rogai por nós.
Todos os Santos Arcanjos, rogai por nós.
Anjos do serviço perante o trono de Deus, rogai por nós.
Anjos do serviço prestado à humanidade, rogai por nós.
Santos Anjos de Guarda, rogai por nós.
Auxiliadores em nossas necessidades, rogai por nós.
Luz em nossas trevas, rogai por nós.
Amparo em todos os perigos, rogai por nós.
Admoestadores de nossas consciências, rogai por nós.
Intercessores perante o trono de Deus, rogai por nós.
Defensores contra o inimigo, rogai por nós.
Nossos guias seguros, rogai por nós.
Nossos mais fiéis amigos, rogai por nós.
Nossos prudentes conselheiros, rogai por nós.
Nossos modelos de obediência, rogai por nós.
Consolação no abandono, rogai por nós.
Espelho de humildade e pureza, rogai por nós.
Anjos das nossas famílias, rogai por nós.
Anjos dos nossos sacerdotes e curas de almas, rogai por nós.
Anjos das nossas crianças, rogai por nós.
Anjos da nossa terra e da nossa pátria, rogai por nós.
Anjos da Santa Igreja, rogai por nós.
Todos os Santos Anjos, rogai por nós.
Oremos:
Concedei-nos, Senhor, o auxílio de vossos Anjos e Exércitos Celestes, a fim de que, por eles, sejamos preservados dos ataques de Satanás, e, pelo Precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, Rainha dos Anjos, libertos de todos os perigos, possamos servir-vos em paz para sempre, por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. 

27 de Abril - São Pedro Canísio, Doutor da Igreja


São Pedro Canísio, baluarte antiprotestante 

Natural de Nimega, na Holanda, onde nasceu em 8 de maio de 1521,  filho de Jacob Canísio, burgomestre local, e Egídia van Houweningen, Pedro perdeu a mãe aos dois anos de idade. Na idade escolar, foi enviado a Colônia para o estudo de artes, direito civil e teologia. Aos 19 anos recebeu o grau de doutor em direito civil, e foi para Louvain estudar direito canônico.
Fez então os exercícios espirituais com o Beato Pedro Fabro — o primeiro discípulo de Santo Inácio de Loyola — e decidiu dedicar sua vida à evangelização como membro da Companhia de Jesus.
No dia 8 de maio de 1543, em Colônia, foi recebido como noviço por outro dos primeiros jesuítas, Padre Pedro Lefèvre. Apenas ordenado em 1546, foi julgado digno de substituí-lo como superior. Em Colônia, fundou a primeira casa da Companhia de Jesus em terras alemãs.
Naquela época tumultuosa, em que os erros de Lutero contagiavam um clero e uma sociedade decadentes, o próprio Arcebispo de Colônia, Hermann de Weda, aderiu à heresia do monge apóstata e tentou arrastar a ela seus diocesanos, como infelizmente muitos outros já haviam feito. Mas os diocesanos de Colônia reagiram e escolheram o Pe. Canísio para pedir ao Núncio Apostólico, ao Imperador Carlos V e ao Arquiduque George da Áustria a deposição desse mau pastor. O Papa excomungou Hermann e o substituiu por um digno prelado.
Brilhante ação no Concílio de Trento
Concílio de Trento
O Cardeal Othon Truchess, Bispo de Augsburgo, que conheceu então o Padre Canísio, admirado por sua ciência e virtude, quis levá-lo ao Concílio de Trento como seu teólogo. Tendo consultado Santo Inácio a respeito, este respondeu que a escolha não podia ter sido melhor. Embora tenha tido a oportunidade de falar só duas vezes na ilustre assembléia, ele o fez com muita erudição, causando admiração nos presentes. Com o Padre Laynez, teólogo do Papa no Concílio –– depois segundo Superior Geral dos Jesuítas –– foi encarregado de fazer um levantamento exato dos erros dos hereges a respeito dos Sacramentos; e de, baseado na Tradição, traçar sobre eles regras definitivas.
Suspensas as sessões do Concílio, Santo Inácio de Loyola chamou a Roma Pedro Canísio. Os dois santos tinham necessidade de se conhecerem pessoalmente.
Formação dos contra-reformadores
“Tudo, no tempo de Inácio, estava para ser fundado: ele necessitava de mestres capazes de eclipsar seus rivais heréticos. Sabe-se que Lutero deveu uma parte de seu poder à sua eloqüência ardente, à sua facilidade prodigiosa para tratar as matérias filosóficas e religiosas em sua língua materna. Os discípulos que deviam sucedê-lo em seu ensino o imitavam e adquiriam bem depressa esse prestígio que deslumbra os espíritos fracos. Inácio formou mestres que superaram rapidamente os pretendidos reformadores”.(1)
Durante cinco meses, o Pe. Canísio permaneceu na Casa-Mãe dos Jesuítas em Roma. Depois disso Santo Inácio enviou-o para ensinar retórica no colégio de Messina. Queria o superior experimentar sua virtude, pois, após ter brilhado no Concílio, poderia pretender mais honrosa posição. Canísio era, entretanto, de outra têmpera, e a despretensão foi uma de suas virtudes mais características.
Um ano depois voltou ele a Roma, desta vez para pronunciar os votos definitivos.
Reitor da Universidade de Ingolstadt
Foi nessa época que o Duque da Baviera, Guilherme III, pediu ao Papa Paulo III que lhe enviasse alguns professores da Companhia de Jesus para a Universidade de Ingolstadt. Santo Inácio escolheu para a missão Canísio, le Jay e Salmeron, três dos seus mais caros discípulos.
No caminho o Pe. Canísio parou em Bolonha, onde recebeu o título de Doutor em Teologia.
No dia 13 novembro de 1549, os três jesuítas chegaram a Ingolstadt. Lá, Pedro Canísio ensinou teologia, catequizou e pregou. No ano seguinte foi eleito reitor da Universidade. Mas a obediência destinava-lhe outro campo de atividade. Em 1552, Santo Inácio enviou-o ao novo colégio da Companhia, em Viena. Na Áustria, perigava a fé. Não só o clero secular e as ordens religiosas, como também as escolas, estavam infectados pelos gérmens da heresia luterana. Havia cidades sem pastor, os sacramentos estavam abandonados, não se celebravam mais cerimônias religiosas. Nessa triste situação, Canísio  multiplicou-se por si mesmo, pregando na corte, ao povo e às crianças. Durante a peste que assolou o país, pregou a reconversão a Deus e assistiu heroicamente os empestados e os moribundos.
Para piorar as coisas, o Arquiduque Maximiliano, filho mais velho de Ferdinando I, nomeou como pregador da corte um padre casado e adepto da pseudo-reforma de Lutero. Pedro Canísio reagiu, tendo escrito e falado diretamente ao Imperador contra tal situação, e se opôs diretamente ao herege em disputas públicas e em sermões. O padre apóstata foi expulso da corte,  fato que Maximiliano não perdoará a Canísio.
O Imperador ofereceu-lhe a sé vacante de Viena, mas o jesuíta recusou peremptoriamente o convite. Em 1555, vemo-lo junto ao Imperador na Dieta de Augsburgo. Nesse ano e no seguinte ele pregou em Praga, sendo muito perseguido pelos hereges hussitas locais.
A Summa de São Pedro Canísio e o catecismo
O Imperador Ferdinando havia pedido a Santo Inácio um apanhado curto e sólido da doutrina católica, capaz de refutar inúmeros panfletos protestantes contra a Fé. Canísio foi incumbido dessa tarefa, surgindo a Summa doctrinae christianae. Esta obra e o Catecismo do Concílio de Trento, representarão os dois monumentos do triunfo da Igreja sobre a doutrina de Lutero. Ferdinando divulgou tal súmula por todo seu Império, e Felipe II, da Espanha, a fez imprimir e distribuir em seus Estados do novo e velho continentes.
Dessa súmula diz o bem-aventurado Papa Pio IX, no breve de beatificação de Pedro Canísio: “Tendo notado que a heresia se propagava por toda parte por meio de pequenos livros, Canísio pensou que não havia melhor remédio contra o mal do que um bom resumo da doutrina cristã. Ele compôs então o seu, mas com tanta exatidão, clareza e precisão, que não existe outro tão próprio para instruir e  confirmar os povos na Fé católica”.(2)
Ainda em 1556 ele abriu colégios da Companhia em Ingolstadt e Praga, e nesse mesmo ano foi nomeado primeiro provincial da Alta Germânica, que abarcava Suábia, Baviera, Boêmia, Hungria, e a Baixa e Alta Áustria.
O santo missionário era requisitado em toda parte. Durante o inverno de 1556-1557, atuou como representante do Imperador na Dieta de Ratisbona, em cuja catedral pregou.
Brilhantes embates contra o luteranismo
Por escolha dos príncipes católicos e ordem do Papa, tomou parte nas discussões religiosas de Worms com os luteranos, refutando Melânckton, discípulo predileto de Lutero. Foi muito hábil, conseguindo que os protestantes das várias seitas se desentendessem entre si, e a sessão foi suspensa.
Pouco depois, pregou e confirmou na fé os católicos da Alsácia e de Friburgo. A pedido do Arquiduque Alberto, foi para a cidade de Straubing, cujos pastores haviam debandado e recomendado ao povo que deixassem a fé católica. Durante seis semanas, Pedro Canísio pregou até quatro vezes por dia. Por sua caridade, mansidão e santidade, confirmou o povo na fé de seus antepassados.
Viajou em seguida a Roma para assistir ao primeiro Capítulo Geral de sua Ordem. Lá recebeu do Papa a missão de acompanhar o Núncio Apostólico à Polônia, onde os miasmas do protestantismo faziam perigar a verdadeira fé, aí participando da Dieta de Piotrkow. Fortalecido por ele, o fraco Rei Sigismundo declarou solenemente que não admitiria que se tocasse em nada nos direitos da Igreja.
Entretanto, foram retomadas as sessões do interrompido Concílio de Trento. E tanto o Papa Pio IV quanto o Imperador e os legados apostólicos julgaram imprescindível a presença de Pedro Canísio. Na magna assembléia, foi ele encarregado de presidir uma comissão que iria rever o Index, ou catálogo dos livros condenados. Como sempre, o santo brilhou por sua sábia atuação.
Concluído o Concílio em 1563, surgiu o problema de fazer os príncipes alemães aceitarem suas decisões. A escolha papal recaiu novamente em Pedro Canísio. Nomeado Núncio Apostólico, foi enviado à Alemanha. Após o êxito de sua empresa, o novo Papa São Pio V ordenou-lhe que participasse da Dieta de Augsburgo, realizada em 24 de março de 1566.
Os protestantes de Magdeburgo escreveram um odioso panfleto, repleto de injúrias à Igreja e aos católicos, denominado Centúrias de Magdeburgo. O Papa ordenou ao Pe. Canísio de refutá-lo. Escreveu então as Alterações da palavra divina, obra-prima de controvérsia e apologia da Religião católica.
A Suíça  encontrava-se em perigo. A pedido do Papa, Pedro Canísio dirigiu-se àquela nação, tornando-se o segundo apóstolo do país e padroeiro de Friburgo.
Não é possível, nos limites de um breve artigo, seguir toda a gloriosa trajetória desse zeloso filho de Santo Inácio.
Já em vida foi cognominado Martelo dos hereges, pela constância com que os refutava e devido à força dos seus argumentos
Faleceu de uma hidropisia longa e dolorosa, em 20 de dezembro de 1597. Pela importância de seus escritos, foi declarado Doutor da Igreja.(3)
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Notas:
1. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints d’après le Père Giry, Bloud et Barral, 1882, tomo XIV, p. 402.
2. Id., p. 403.
3. Também utilizamos como fonte de referência deste artigo a obra de Otto Braunsberger, in The Catholic Encyclopedia, Volume XI, online edition.

Oração " Confesso-me" em Português e Latim com Áudio







                   Confesso-me                                                Confiteor


Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso,à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos são Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, (bate-se por três vezes no peito) por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à bem-aventurada Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos são Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que rogueis a Deus Nosso Senhor por mim.
Confiteor Deo omnipotenti, beatæ Mariæ semper Virgini, beato Michæli Archangelo, beato Joanni Baptistæ, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi, pater: quia peccavi nimis cogitatione, verbo, et opere: (percutiunt sibi pectus ter, dicentes): mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michælem Archangelum, beatum Joannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, omnes Sanctos, et te, pater, orare pro me ad Dominum Deum nostrum.





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quinta-feira, 26 de abril de 2012

A FORÇA DA VONTADE

 O texto abaixo foi escrito por Jaime Balmes (1810-1848), jovem e brilhante filósofo espanhol, notável também por sua atividade jornalística e política. É um trecho do seu pequeno e denso livro El Criterio (1845), sua obra mais conhecida, na qual expõe uma série de considerações, simples, claras e certeiras, sobre o Pensamento e sobre a vida prática, que merecem ser sempre levadas em consideração.
 
A FORÇA DA VONTADE
 
 
Quase sempre há no homem uma grande soma de forças que ele deixa inativas. O conhecer-se acertadamente é um maravilhoso segredo para fazer muitas e grandes coisas. Ficamos impressionados diante de certos trabalhos realizados pela necessidade. Em situações de necessidade, o homem transforma-se e muda, por assim dizer, de natureza. A inteligência se engrandece, adquire uma penetração, uma lucidez e uma precisão maravilhosas; o coração se dilata, nada assombra a sua audácia; até o corpo adquire mais vigor. E por quê? Criaram-se por ventura novas faculdades no homem? Não, mas as faculdades que dormiam foram despertadas. Onde tudo era repouso, tudo se tornou movimento, tudo convergiu para um fim determinado. Aguilhoada pelo perigo, a vontade se desenvolve em sua irresistível potência; ordena imperiosamente a todas as faculdades que concorram para a ação comum; presta-lhe sua energia e sua decisão. Espanta-se o homem ao sentir-se inteiramente mudado; o que apenas ousaria imaginar, o impossível de ontem, torna-se o fato realizado do presente.

O que praticamos nas circunstâncias extremas e sob o império da necessidade nos deixa ver o que podemos no curso ordinário da vida. Para obter, é mister querer; mas querer com vontade decidida, resoluta, inconcussa; com vontade que caminha para o fim sem desanimar com os obstáculos ou fadigas. Mas às vezes parece-nos ter vontade, quando só temos veleidades. Quereríamos, mas não queremos. Quereríamos, se não fora preciso romper com nossa preguiça, afrontar certos perigos, vencer certas dificuldades. Escasseando de energia a nossa vontade, molemente desenvolveremos nossas faculdades e cairemos desfalecidos a meio do caminho.


A FIRMEZA DA VONTADE

Querer com firmeza! Esta firmeza assegura o sucesso nas empresas difíceis; por meio dela nos dominamos a nós mesmos, condição indispensável para dominar as coisas. Há dois homens em cada homem: um, inteligente, ativo, elevado, nobre em seus pensamentos e em seus desejos, submetido às leis da razão, cheio de ousadia e generosidade; outro inteligente, sem arrojo, sem expediente, não se atrevendo a levantar nem a cabeça nem o coração acima do pó da terra, envolvido inteiramente nos instintos e nos interesses materiais. O último é um ser de sensações e de gozos; nem lembrança de ontem, nem previsão de amanhã; para ele, a hora presente, o gozo presente é que constituem a felicidade; tudo o mais é nada. Em contrapartida, o primeiro instrui-se com as lições do passado, sabe ler no futuro, há para ele outros interesses que os de momento; não circunscreve em tão estreito círculo o que se chama a vida, a aspiração da alma imortal. Sabe que o homem é uma criatura formada à imagem de Deus; levanta o pensamento e o coração para o céu; conhece a sua dignidade; compenetra-se da nobreza da sua origem e de seus destinos, paira acima da região dos sentidos. Que direi ainda? Ao gozo prefere o dever.

Nenhum progresso sólido e permanente é possível se não favorecemos a parte nobre da alma, sujeitando-lhe o homem inferior. O que se domina a si mesmo, facilmente domina as circunstâncias. Uma vontade firme e perseverante, além de outras qualidades, liga ou subjuga as vontades mais fracas, e lhes impõe naturalmente e sem esforço a sua superioridade.

A obstinação é um defeito gravíssimo, pois que fecha nossos ouvidos aos conselhos; porque, a despeito de toda a consideração de prudência ou de justiça, nos encadeia a nossos sentimentos, pensamentos e resoluções: planta vivaz cuja raiz é o orgulho. Entretanto, os perigos da obstinação são talvez menores que os da inconstância: se a obstinação nos cega concentrando nossas faculdades em um só ponto, às vezes em um erro, a inconstância enfraquece estas faculdades, ora deixando-as ociosas, ora aplicando-as, com mobilidade sem repouso, a mil diversos objetos. A inconstância torna-nos incapazes de terminar qualquer empresa; colhe o fruto antes da maturidade, recua diante dos mais insignificantes obstáculos: uma leve fadiga, um leve perigo a amedronta; deixa-nos à mercê de todas as paixões, de todo o sucesso, de todo o homem que possa ter interesse em nos dominar; finalmente fecha os ouvidos aos conselhos da justiça, da razão e do dever.

Quereis adquirir vontade perseverante e firme e premunir-vos contra a inconstância? Formai convicções firmes, traçai-vos um sistema de vida, e nada confieis ao acaso do que lho puderdes subtrair. Os sucessos, as circunstâncias, a vossa previdência de curto alcance não raro vos obrigarão a modificar os planos que houverdes concebido; não importa: não deve esse ser motivo para de novo os não formar; isto não vos autoriza a vos entregardes cegamente ao curso das coisas e a caminhar à ventura. Pois não nos foi dada a razão como guia e apoio?

Traçar de antemão uma linha de atuação e só agir depois de maduras reflexões, é proceder com notável superioridade sobre os que se conduzem ao acaso. O homem que se guiar por estes princípios, ouso afirmá-lo, levará incontestável vantagem sobre os que se portem de outro modo. Se estes são seus auxiliares, naturalmente os porá debaixo de suas ordens, e se verá constituído seu chefe sem que eles o pensem nem ele próprio o pretenda; se são seus adversários ou inimigos, os desbaratará, ainda que com menos recursos.

Consciência reta e tranqüila, vontade firme, plano bem concebido, eis os meios para levar a bom termo as empresas difíceis. Isto pede-nos alguns sacrifícios, concordo; supõe trabalho interior, enérgico e perseverante, pois que é mister começar por se vencer a si próprio; mas, assim na ordem intelectual e moral, como na física, nas coisas do tempo, como nas da eternidade, só merece e obtém a coroa o que sabe na luta afrontar as fadigas e os perigos.


Fonte: O Critério, Editora Anchieta, São Paulo, 1948.
Tradução: Arlindo Viega dos Santos.

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Virgo Dei Genitrix, ora pro nobis!

21 Anos sem Dom Antonio Castro Mayer...



...Uma vida a serviço da Igreja - Por Pe. Fernando Rifan



quarta-feira, 25 de abril de 2012

VIVER DE AMOR



VIVER DE AMOR

 

 No entardecer do Amor, falando sem figuras,
Assim disse Jesus: "Se alguém Me quer amar,
Saiba sempre guardar Minha Palavra
Para que o Pai e Eu o venhamos visitar.
Se do seu coração fizer Nossa morada,
Vindo até ele, então, haveremos de amá-lo
E irá, cheio de paz, viver
Em Nosso amor!"

Viver de Amor, Senhor, é Vos guardar em mim,
Verbo incriado, Palavra de meu Deus,
Ah, divino Jesus, sabes que Vos amo sim,
O Espírito de Amor me abrasa em chama ardente;
Somente enquanto Vos amo o Pai atraio a mim.
Que Ele, em meu coração, eu guarde a vida inteira,
Tendo a Vós, ó Trindade, como prisioneira
Do meu Amor!...

Viver de Amor é viver da Vossa vida,
Delícia dos eleitos e glorioso Rei;
Vives por mim numa hóstia escondido,
Escondida também por Vós eu viverei!
Os amantes procuraram sempre a solidão:
Coração, noite e dia, em outro coração;
Somente Vosso olhar me dá felicidade:
Vivo de Amor!

Viver de amor não é, nesta terra,
A nossa tenda armar nos cumes do Tabor;
É subir o Calvário com Jesus,
Como um tesouro olhar a Cruz!
No céu eu viverei de alegrias,
Quando, então, todo sofrimento acabará:
Mas, enquanto exilada, quero, no sofrimento
Viver de Amor!

Viver de Amor, é dar, dar sem medida,
Sem reclamar na vida recompensa.
Eu dou sem calcular, por estar convencida
De que quem ama nunca em pagamento pensa!...
Ao Coração Divino, que é só ternura em jorro,
Em tudo já entreguei! Leve e ligeira eu corro,
Só tendo esta riqueza tão apetecida:
Viver de Amor!

Viver de Amor, banir todo o temor
E lembranças das faltas do passado,
Não vejo marca alguma em mim só segundo...
Chama divina, ó doce fornalha,
Quero, no vosso calor, fixar minha morada
E, em vosso fogo é que canto o refrão mais profundo:
"Vivo de Amor!..."

Viver de Amor, guardar dentro do peito
Tesouro que se leva em vaso mortal.
Meu Bem-Amado, minha fraqueza é extrema,
Estou longe de ser um anjo celestial!...
Mas, se venho a cair cada hora que passa,
Em meu socorro vens,
A todo instante me dás Vossa graça:
Vivo de Amor!

Viver de Amor é velejar sem descanso,
Semeando nos corações a paz e a alegria.
Timoneiro amado, a caridade me impulsiona.
Pois te vejo nas almas, minhas irmãs.
A caridade é minha única estrela
E, à sua doce luz, navego noite e dia,
Ostentando este lema, impresso em minha vela:
"Viver de Amor!"

Viver de amor, enquanto meu Mestre cochila,
Eis o repouso entre as fúrias da vaga.
Oh! não temas, Senhor, que eu Vos acorde,
Aguardo em paz a margem dos céus...
Logo a fé irá rasgar Vosso véu,
Minha esperança é ver-Vos um dia.
A Caridade infla e empurra minha vela,
Vivo de Amor!...

Viver de Amor, ó meu Divino Mestre,
É pedir-Vos que acendas Vossos Fogos
Na alma santa e consagrada de Vosso Padre
Que ele seja mais puro que um Serafim dos céus!...
Vossa Igreja imortal, ó Jesus, glorifica
Sem fechar Vosso ouvido a meus suspiros;
Por ela Vossa filha aqui se sacrifica,
Vivo de Amor!

Viver de Amor, Jesus, é enxugar Vossa Face
E obter de Vós perdão para os pecadores.
Deus de Amor, que eles voltem à Vossa graça
E para todo o sempre Vosso Nome bendigam.
Ressoa em meu peito a blasfêmia;
para poder apagá-la estou sempre a cantar:
"Vosso Nome sagrado hei de amar e adorar;
Vivo de Amor!..."

Viver de Amor é imitar Maria,
Banhando, com seu pranto e com perfumes raros,
Os pés divinos que beijava embevecida,
Para, depois, com seus cabelos enxugá-los...
Levanta-se, a seguir, quebra o vaso
E Vossa Doce Face perfuma...
Mas Vossa Face eu só perfumo, bom Senhor,
Com meu Amor!

"Viver de Amor, estranha loucura",
Vem o mundo e me diz, "pára com esta glosa,
Não percas o perfume e a vida que é tão boa,
Aprende a usá-los de maneira prazerosa!"
Amar-Vos é, então, Jesus, desperdício fecundo!...
Todos os meus perfumes dou-Vos para sempre,
E desejo cantar, ao sair deste mundo:
"Morro de Amor!"

Morrer de Amor é bem doce martírio:
Bem quisera eu sofrer para morrer assim...
Querubins, todos vós, afinai vossa lira,
Sinto que meu exílio está chegando ao fim!
Chama de Amor,vem consumir-me inteira.
Como pesa teu fardo, ó vida passageira!
Divino Jesus, realiza meu sonho:
Morrer de Amor!...

Morrer de Amor, eis minha esperança!
Quando verei romperem-se todos os meus vínculos,
Só meu Deus há de ser a grande recompensa
E não quero possuir outros bens,
Abrasando-me toda em Seu Amor,
A Ele quero unir-me a vê-lO:
Eis meu destino, eis meu céu:
Viver de Amor!!!

(Obras Completas, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face)