Santo Estevão
Festa de Primeira
Classe
Santo Estevão, seu nome vem do grego Στέφανος (Stephanós),
o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando coroa - e
Santo Estêvão é, de resto, representado com a coroa de martírio da cristandade,
recordando assim o facto de se tratar do primeiro
cristão a morrer pela sua fé - o protomártir. Alguns da sinagoga se
levantaram a disputar com Estevão, mas não podiam resistir à sabedoria e ao
Espírito que nele falava.
Então subornaram alguns homens, que agitaram o
povo. Levaram-no ao conselho e apresentaram falsas testemunhas, que disseram:
“Este homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei”.
(Atos 6,8-13). Ele, porém, disse: “Irmãos e pais, escutai. O Altíssimo não
habita em edifícios construídos por mãos de homens, como diz o profeta: “O Céu
é o Meu trono e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis?” diz
o Senhor, “ou qual é o lugar do meu repouso? Não fez porventura a minha mão
todas estas coisas?” Homens de dura cerviz e de corações e ouvidos
incircuncisos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como agiram vossos
pais, assim o fazeis também! A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? E
mataram até os que anunciavam a vinda do Justo, do qual agora fostes traidores
e homicidas, vós que recebestes a lei por ministério dos Anjos e não a
guardastes”. Ao ouvir, porém, tais palavras, enraiveceu-se-lhes o coração e rangiam
os dentes contra Estevão. Mas como estava cheio de Espírito Santo, olhando para
o céu, viu a glória de Deus e Jesus à destra de Deus. E disse: “Eis que estou
vendo os céus abertos e o Filho do Homem à direita de Deus”. Então, levantando
uma grande gritaria, taparam os ouvidos e, todos juntos, arremeteram com fúria
contra o santo diácono e, tendo-o lançado para fora da cidade, apedrejaram-no;
e as testemunhas depuseram os mantos aos pés de um moço, que se chamava Saulo.
E apedrejaram Estevão, que invocava Jesus e dizia:
“Senhor Jesus, recebi o meu espírito”. E pondo-se de joelhos, clamou em alta
voz, dizendo: “Senhor, não lhes imputeis
este pecado”. E tendo dito isto, adormeceu no Senhor. E Saulo
consentiu no homicídio de Estevão“. (Atos 7, 48-60) Estevão sofreu o martírio
mais ou menos um ano depois da crucificação de Cristo. A piedosa Emmerich narra
o seguinte: “Vi Estevão, sem se lembrar do apedrejamento, rezando apenas pelos
carrascos e olhando para o céu aberto.
O martírio deu-se fora da porta, ao norte, ao lado de uma estrada. Era um lugar aberto, circular, em cujo centro se achava uma pedra, sobre a qual se ajoelhou o santo moço, rezando, com as mãos erguidas. Vestia uma longa veste branca, arregaçada, sobre a qual pendia, no peito e nas costas, uma espécie de escapulário, com duas fitas transversais; creio que era uma parte das vestes sacerdotais. Procederam no apedrejamento em certa ordem; em volta do lugar haviam juntado pedras, ao pé de cada um dos apedrejadores. Vi também Saulo, homem extraordinariamente sério e zeloso, que arranjara tudo o que era necessário para a lapidação e os lapidantes depositaram os mantos aos seus pés. Estevão levantara as mãos, rezando e não se movia, sob as pedradas; era como se não as sentisse.
Também não fazia movimentos espontâneos para se
proteger; parecia extasiado, olhava para o alto e o céu estava aberto acima
dele; via Jesus e com Ele, Maria, sua Mãe. Finalmente uma pedra lhe bateu na
cabeça, prostrando-o morto. Era um moço alto e belo, de cabelo castanho e liso.
Saulo não causava uma impressão repugnante, pelo grande zelo com que preparava
a lapidação, como acontecia com os outros, que eram cheios de inveja e hipocrisia;
pois o fazia impelido por um falso zelo, mas que julgava justo, pela lei
judaica; foi por isso também que Deus o iluminou”.
Os ossos do santo mártir Estevão foram mais tarde
milagrosamente encontrados, em consequência de uma Visão, junto com os corpos
de Nicodemos, Gamaliel e seu filho Abidon.“O corpo de Estevão, que jazia numa
posição natural, foi levado a Jerusalém, a uma Igreja situada no monte em que
estivera o Cenáculo. Esses ossos foram depois várias vezes distribuídos e
levados a vários lugares e muitos milagres se deram com eles. Lembro-me que uma
cega tocou o caixão das relíquias com flores, por meio das quais recobrou de
novo a vista. Em outro lugar se converteram muitos judeus. Em certa região o
demônio, assumindo a forma de um homem muito respeitável, pediu uma parte das
relíquias de S. Estevão, mas quando o bispo pediu a luz de Deus, para saber se
o suplicante o merecia, fugiu o demônio, rugindo e tomando um aspecto horrível.
De tais milagres vi muitos e também que parte das relíquias foram levadas para
Roma e depositadas junto ao corpo de S. Lourenço. Deu-se então um fato
milagroso: O corpo de S. Lourenço mudou de posição, cedendo lugar às relíquias
de Santo Estevão”. Com a morte de Estevão a perseguição não terminou
absolutamente, pois S. Lucas acrescenta à narração do apedrejamento de S.
Estevão estas palavras: “Saulo, porém, assolava a Igreja, entrando pelas casas
e tirando com violência homens e mulheres, fazia com que os metessem no
cárcere. Entretanto os que se tinham dispersado iam de um lugar para outro,
anunciando a palavra de Deus”. (Atos 8, 3-4).
Assim servia essa perseguição ao plano de Deus, não
só para provar e purificar os eleitos, mas também para propagar a doutrina de
Jesus em outras regiões e aumentar o número de fiéis.
Fonte: Escravas de Maria.
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