sábado, 14 de dezembro de 2013

Meditações para o Natal (VIII)



Deus, que é rico em misericórdia, premido pelo excessivo amor com que nos amou, quando éramos mortos pelos nossos pecados,
nos deu a vida em Jesus Cristo (Ef 2,4).


Considera que a morte da alma é o pecado, pois esse inimigo de Deus nos tira a graça, que é a vida de nossa alma. Em consequência de nossas culpas, estávamos todos mortos e condenados ao inferno; e Deus, movido de extremo amor por nossas almas, quis restituir-nos a vida. E que fez? enviou à terra seu unigênito Filho, a fim de que por sua morte nos fosse recuperada a vida.

O apóstolo tem, pois razão de chamar essa obra divina um excesso de amor: Nimiam caritatem; pois o homem nunca poderia esperar lhe fosse restituída a vida de maneira tão amorosa, se, segundo uma outra expressão de S. Paulo, Deus não tivesse encontrado esse meio de resgate. Todos os homens estavam mortos, e não havia remédio para eles; mas o Filho de Deus, movido pelas entranhas de sua misericórdia, desceu do céu e deu-nos a vida. Com justiça, pois o apóstolo chama Jesus Cristo a nossa Vida.

Eis pois esse divino Redentor revestido da nossa carne e feito menino por nós: Eu vim, diz Ele, para que minhas ovelhas tenham a vida e uma vida mais abundante. Ele veio tomar para si a morte a fim de nos dar a vida. Não é, pois justo que vivamos unicamente para esse Deus que quis morrer por nós? Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu por eles. Não é justo que Jesus Cristo seja o único Senhor de nosso coração, Ele que deu seu sangue e sua vida para conquistá-lo? O Cristo morreu e ressuscitou, ajunta o mesmo, a fim de reinar sobre os mortos e os vivos. Oh! Deus, qual seria o ingrato e o infeliz que, crendo pela fé que um Deus morreu para obter o seu amor, recusaria amá-lo e, renunciando a sua amizade, quereria tornar-se voluntariamente escravo do inferno?


Afetos e Súplicas.

Ó meu Jesus, se não tivésseis aceito e sofrido a morte por mim, eu permaneceria na morte do pecado, sem esperança de salvar-me nem de poder jamais amar-vos. Por vossa morte me restituístes a vida; mas eu a perdi depois voluntariamente e muitas vezes, tornando a pecar. Morrestes para ganhar o meu coração, e eu, com minhas rebeliões, o fiz escravo do demônio; eu vos tenho desprezado e recusado reconhecer-vos por meu Senhor. Tudo isso é verdade, mas é verdade também que não quereis a morte do pecador, mas que se converta e viva, e morrestes para dar-nos a vida. Arrependo-me de vos haver ofendido, meu caro Redentor; perdoai-me pelos méritos de vossa Paixão. Dai-me a vossa graça, dai-me a preciosa vida que me adquiristes com a vossa morte e reinai de hoje em diante plenamente em meu coração. Não quero mais estar sob o poder do demônio: ele não é o meu Deus, ele não me ama, ele nada sofreu por mim. O demônio nunca foi o legítimo possuidor do meu coração, ele o roubou; vós só, meu Jesus, vós só sois o seu verdadeiro dono, vós que me criastes e me resgatastes com o vosso sangue; só vós me tendes amado, e a que ponto! É, pois justo que vos consagre sem reserva o resto de minha vida. Dizei o que quereis de mim, quero satisfazer-vos em tudo. Castigai-me como vos aprouver, submeto-me a tudo; poupai-me somente o castigo de viver sem o vosso amor: fazei que vos ame e disponde de mim como vos aprouver.

Ó Maria, meu refúgio e minha consolação, recomendai-me a vosso divino Filho: a sua morte e a vossa intercessão são todas as minhas esperanças.

(Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo – Santo Afonso Maria de Ligório)

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