JESUS AMAMENTADO.
O
Menino Jesus, depois de envolvido em paninhos, pedia e tomava o leite do seio
de Maria. A Esposa dos Cânticos desejava ver seu irmãozinho sugando o leite de
sua mãe; mas seu desejo não foi satisfeito. Nós, ao contrário, tivemos a felicidade
de ver o Filho de Deus feito homem e tornado nosso irmão, tomar seu alimento do
seio de Maria. Oh! que espetáculo para o céu ver o Verbo divino feito menino e
sugando o leite duma jovem virgem, sua criatura!
Eis
pois Aquele que alimenta todos os homens e todos os animais da terra, feito tão
fraco e tão pobre, que necessita dum pouco de leite para sustentar a vida! A
Irmã Paula, camaldulense, ao ver uma imagem de Jesus amamentado, sentiu-se logo
abrasada de terno amor para com Deus. Jesus tomava pouco leite e só raramente;
foi revelado à Irmã Maria Ana, franciscana, que sua Santíssima Mãe lhe dava o
seio só três vezes ao dia. Ó leite precioso para nós! Convertido em sangue nas
veias de nosso Redentor, tornou-se depois num banho de salvação para nossas
almas manchadas.
Consideremos
ainda que Jesus tomava esse leite para sustentar o corpo que queria dar-nos em
alimento na santa comunhão. — Assim, meu terno Salvador, sugando o leite de
vossa Mãe, pensastes em mim: pensastes em mudar esse leite em sangue, para o
derramar depois na vossa morte, em fazer dele o preço da minha redenção, e em
nutrir minha alma no Santíssimo Sacramento, que é o leite salutar pelo qual
conservais nossas almas na vida da graça: “O leite de vossas almas é Jesus
Cristo”, dizia S. Agostinho.
Ó
Menino querido ao meu coração, ó meu Jesus, permiti exclame eu como a mulher do
Evangelho: Felizes as entranhas que vos levaram, e os peitos que sugastes. —
Sim, sois bem aventurada ó Mãe de Deus, que amamentastes o Verbo encarnado! Ah!
Permiti que me una a vosso divino Filho para receber de vós o leite duma terna
e afetuosa devoção ao Menino Jesus e a vós, minha queridíssima Mãe!
Rendo-vos
graças, ó divino Infante, que vos sujeitastes à necessidade do leite a fim de
me testemunhar o vosso amor! — O Senhor deu a entender a S. Maria Madalena de
Pazzi que se reduziu a essa necessidade precisamente para nos mostrar seu amor
para com as almas por Ele resgatadas.
Afetos e Súplicas.
Ó meu doce Jesus, amável
Menino, sois o Pão do céu e o alimento dos anjos; vós nutris todas as
criaturas; como estais reduzido a mendigar um pouco de leite duma virgem para
sustentar vossa vida? — Ó amor divino, como pudestes tornar um Deus tão pobre
ao ponto de necessitar dum nutrimento terrestre? Ah! compreendo-vos, meu Jesus,
recebeis o leite de Maria no estábulo para o transformar em sangue precioso que
quereis oferecer a Deus na cruz em sacrifício de expiação por nossos pecados!
Dai, ó Maria, dai todo o leite que podeis dar a vosso divino Filho, pois cada
gota desse leite deve servir para lavar minha alma de suas manchas, e nutri-la
depois na santa comunhão! — Ó meu Redentor, como vos não amará aquele que crê
no que fizestes e sofrestes para salvar-nos? E eu sabendo isso, como pude ser
tão ingrato para convosco? Mas a vossa bondade é minha esperança e me assegura
que, se eu quiser a vossa graça, ela me pertence. Ó Bem supremo, arrependo-me
de vos haver ofendido, e amo-vos sobre todas as coisas, ou antes, não amo senão
a vós, e só a vós quero amar, sois e sereis sempre meu único Bem e meu único
Amor. Meu caro Redentor, dai-me, vo-lo peço, uma terna devoção à vossa santa
infância, coo o fizestes a tantas almas que, à recordação de vossa infância,
parecem esquecer tudo e não mais poder pensar senão em vos amar. É verdade que
elas são inocentes e eu pecador; mas vos fizestes pequeno para vos fazer amar
também pelos pecadores. Sim, meu Deus, eu vos ofendi, mas agora amo-vos de todo
o meu coração e só desejo o vosso amor.
Ó Maria, dai-me um pouco da
ternura com que nutríeis com vosso leite o Menino Jesus.
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