quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Meditações para o Natal (VI)



O Senhor operou na terra um prodígio novo (Jr 31,22).


Antes da vinda do Messias, o mundo estava sepultado numa noite tenebrosa de ignorância e iniquidade. O verdadeiro Deus era apenas conhecido em um só canto do globo terrestre, isto é, na Judéia. Em toda parte adoravam-se como divindades os demônios, os animais e as pedras. Em toda parte reinava a noite do pecado, que cega as almas, enche-as de vícios, e as impede de ver o miserável estado em que vivem, inimigas de Deus, condenadas ao inferno: Espalhastes as trevas, e fez-se a noite; é então que se põem em movimento todos os animais da selva. Jesus veio libertar o mundo dessas trevas: Aos que habitavam na região da sombra nasceu-lhes a luz. Libertou-o da idolatria, esclarecendo-o sobre o verdadeiro Deus, e o libertou do pecado pela luz da sua doutrina e de seus divinos exemplos: Para destruir as obras do demônio é que o Filho de Deus veio ao mundo. O profeta Jeremias anunciou que Deus iria criar o Redentor dos homens. Essa criação nova foi Jesus Cristo, o Filho de Deus, as delícias do paraíso e o amor de seu Pai, que disse dele: Eis o meu Filho dileto, no qual pus as minhas complacências. Foi o Unigênito de Deus que se fez homem. É uma criação nova, pois desde o primeiro momento de sua existência, rendeu mais glória e honra a Deus do que o fizeram e o farão todos os anjos e santos juntos durante toda a eternidade. Eis por que os anjos cantaram no nascimento de Jesus: Glória a Deus no mais alto dos céus. O Menino Jesus glorificou mais a Deus do que o desonraram todos os pecados dos homens.

Tenhamos pois coragem, nós pobres pecadores: ofereçamos esse divino Menino ao Pai eterno; apresentemos-lhe as lágrimas, a obediência, a humildade, a morte e os méritos de Jesus que assim repararemos toda a desonra que lhe causamos com as nossas ofensas.


Afetos e Súplicas.

Ah! Deus eterno, eu vos tenho desonrado preferindo tantas vezes a minha vontade à vossa, e as minhas vis e miseráveis satisfações à vossa santa graça. Que esperança de perdão haveria para mim se me não houvéreis dado Jesus Cristo precisamente para Ele ver, segundo a palavra de S. João, nossa vítima propiciatória, e a esperança dos pecadores? Sim, porque Jesus Cristo oferecendo-vos o sacrifício de sua vida para expirar nossos ultrajes a vossa divina Majestade, vos rendeu mais honra do que nós vos causamos desonra com os nossos pecados. Recebei-me, pois, meu Pai, por amor de Jesus Cristo. Arrependo-me de vos haver ultrajado. Pequei contra o céu e contra vós, já não sou digno de ser chamado vosso filho; não mereço perdão, mas Jesus merece que o atendais. Ele pediu por mim na cruz, dizendo: Pai, perdoai-lhes; e agora ainda no céu vos pede me recebais no número dos vossos filhos. Recebei este filho ingrato, que vos deixou outrora, mas que hoje se torna a vós resolvido a amar-vos. Sim, meu Pai, eu amo e quero amar-vos sempre. Ah! Pai amável, conhecendo agora o amor que me tendes e a paciência com que me tendes esperado durante tantos anos, não posso mais viver sem vos amar. Dai-me um grande amor que me faça chorar incessantemente as minhas ofensas para com um Pai tão bom; fazei que eu arda sempre de amor por vós, que sois um Pai tão amante. Ó meu Pai, amo-vos, amo-vos, amo-vos.

Ó Maria, Deus é meu Pai, e vós sois a minha Mãe. Vós podeis tudo junto de Deus: obtende-me seu santo amor e a santa perseverança.

(Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo – Santo Afonso Maria de Ligório)

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