segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Graça - (Trecho do Catecismo Ilustrado, Edição da Juventude Católica de Lisboa de 1910)






Não podemos observar os mandamentos, praticar a virtude, evitar o pecado só com as nossas forças, é preciso sobretudo a graça de Deus.        '

A graça é um dom sobrenatural, que Deus nos concede gratuitamente com virtude dos merecimentos de Jesus Cristo para efetuar a obra da nossa salvação.

Ha duas espécies de graça, a graça habitual ou santificante, e a graça atual ou auxiliante.

A graça habitual ou santificante é um dom sobrenatural, estável e permanente, que o Espírito Santo infunde gratuitamente pelos merecimentos de Jesus Cristo em nossa alma, afim de a tornar aceita e agradável a Deus e herdeira do paraíso.

Esta graça é muito apreciável, é a graça por excelência, aquele dom perfeito, superior a todos os dons e sem o qual todos eles são perdidos, porque, sem a graça santificante, não ha salvação para o homem.

Podemos perder esta graça, basta um só pecado mortal para nos fazer perder a graça habitual.

A graça atual ou auxiliante, é todo o auxilio divino e de momento, que nos excita, nos move e ajuda a praticar a virtude e a fugir do mal.

A graça atual nos é tão necessária, que sem ela não podemos fazer coisa alguma útil para a salvação.

Deus concede-nos a graça atual todas as vezes que é necessária, e que a pedimos devidamente.

Podemos infelizmente resistir á graça, e fazemos isso muitas vezes.

A graça atual é um socorro interior, ou exterior. A graça auxiliante interior consiste na luz sobrenatural que Deus da ao entendimento e nos bons movimentos que da aos corações. A graça atual exterior consiste nos sermões, nos bons exemplos, nos bons conselhos, nos milagres, nos castigos dos pecadores, até nas doenças e enfermidades, etc, em fim em todo o auxilio exterior que nos leva ao cumprimento de nossos deveres.

Não podemos merecer os auxílios da graça, Nosso Senhor os dá gratuitamente, mas podemos perde-las.

Deus da a graça atual a todos os homens, porque quer que todos os homens se salvem, e porque Nosso Senhor morreu na cruz por todos.

Podemos alcançar a graça de Deus por dois meios; pelo uso dos sacramentos recebemos a graça santificante; e pela oração a graça auxiliante.
A graça habitual, já o dissemos, perde-se pelo pecado mortal, e diminui pelo pecado venial.

Podemos recuperar a graça perdida pelo sacramento de Penitencia, ou por um ato de contrição perfeita, acompanhado do desejo de nos confessar­mos.

Geralmente falando, pode chamar-se graça a todo o favor que Deus nos faz; e neste sentido, a multidão inumerável de benefícios que temos rece­bido deste o primeiro instante do nosso ser, e que estamos recebendo em todos os momentos da nossa vida são outras tantas graças que Deus nos dispensa e que estão pedindo o nosso continuo e eterno agra­decimento.

A posse da graça habitual chama-se estado de graça. Neste feliz estado, amamos a Deus e Deus nos ama, e todas as nossas ações, mesmo as mínimas, tornam-se sobrenaturais e merecedoras do paraíso.


Explicação da gravura.

Na parte superior a direita, São Paulo está representado, dando-nos o exemplo da fidelidade á graça. Um dia, como se dirigia a cidade de Damasco com intenção de prender todos os Cristãos que nela encontrasse, ouviu uma voz que lhe disse : Saulo, Saulo, porque está me perseguindo? Respondeu-lhe: Quem sois, Senhor? E a voz respondeu : Sou Jesus a quem tu persegues. E São Paulo disse : Senhor, que quereis que eu faça?

Na parte superior esquerda, vê-se a Nosso Senhor falando com a mulher samaritana.

A alma em estado de graça está representada por uma virgem com um lírio na mão. Está olhando para o céu e o Espírito Santo habita no seu coração.


A alma em estado de pecado está representada por uma mulher, presa com cadeias pelo demônio que tomou posse do seu coração.

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