Necessidade da intercessão de Maria
para nossa salvação.
(Santo Afonso de Maria Ligório)
3. Objeções contra a necessidade da intercessão de Maria
Esta proposição sobre a universal mediação de Maria, quanto aos bens que de Deus recebemos, não agrada muito a certo autor moderno.1 Embora fale, aliás com muita piedade e erudição, da verdadeira e da falsa devoção, ao tratar contudo da devoção à Mãe de Deus, mostra-se muito avaro em lhe conceder esta glória. Em dar-lha não tiveram, entretanto, escrúpulo um S. Germano, um Santo Anselmo, um S. João Damasceno, um S. Boaventura, um S. Bernardino de Sena, o venerável abade de Ceies e tantos outros doutores. Nenhum deles encontrou dificuldade na aceitação da doutrina de ser a mediação de Maria, pelos motivos já expostos, não só útil como também necessária à nossa salvação.
Diz o citado autor que uma tal proposição, isto é, de não conceder o Senhor graça alguma senão por meio de Maria, é hipérbole, é uma exageração que escapou ao fervor de alguns santos. Falando-se com exatidão, quer a sentença apenas significar que de Maria recebemos Jesus Cristo, por cujos méritos obtemos todas as graças. Do contrário, acrescenta ele, seria um erro acreditar que Deus não possa distribuir-nos suas graças sem a intercessão de Maria. Pois diz o Apóstolo que "reconhecemos um único Deus e um único medianeiro entre Deus e os homens, Jesus Cristo".
1) O autor em questão é Luís Muratori, cujo livro provocou muita oposição. Bento XIV protegeu a Muratori, que aliás era bem intencionado (Nota do tradutor).
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