Papa Leão XIII
“No dia 13 de outubro o Santo Padre, terminada a Missa, estava assistindo a outra, em ação de graças, como era seu costume. De súbito foi visto erguer energicamente a cabeça, fixando-se num ponto acima do celebrante. Olhava sem pestanejar, com uma expressão de terror e assombro que chegou a fazê-lo mudar de cor. Algo de estranho se desenhava ante seus olhos. Por fim, como voltando a si, ele se levanta e encaminha-se para o gabinete. Os presentes o acompanham ansiosos.
- Santo Padre, não está se sentindo bem? Precisa de alguma coisa? -lhe indagam.
- Não, nada!
Fecha a porta por dentro. Meia hora depois, manda vir o secretário da Congregação dos Ritos e lhe entrega uma folha, pedindo-lhe que a mande imprimir e faça chegar aos bispos do mundo inteiro. O que conteria aquela folha? Uma oração para ser recitada no fim da Missa. Dizia:
"São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, insistentemente pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo, para perder as almas. Amém".
Mais tarde, o próprio Papa contaria como tudo aconteceu: durante a Missa tivera uma visão, na qual ouvira a voz profunda e gutural de Satanás, jactando-se diante de Deus:
- Eu posso destruir a Igreja e arrastar a humanidade toda para o inferno. Mas para isto preciso de mais tempo e mais poder.
- Quanto tempo e quanto poder? - perguntou-lhe uma voz doce.
A voz gutural redarguiu:
- De 75 a 100 anos, e mais poder sobre os que se põem ao meu serviço.
- Pois tens esse tempo! - replicou a voz suave
Quatro anos depois, Leão XIII parecia ter ainda viva diante dos olhos esta cena, quando escrevia, em seu motu proprio de 23 de setembro de 1888: "Satanás vagueia pela terra... e com o sopro pestilento da impureza e dos vícios mais infames, lança o veneno da sua perfídia, como um rio de lama sobre a humanidade". Sua preocupação com o espírito do mal volta a manifestar-se de tanto em tanto: "Uma das maiores necessidades da Igreja é a defesa contra o demônio realidade terrível, misteriosa, assombrosa, o tentador por excelência, o inimigo oculto que semeia erros e desgraças na história humana.,. Com o demônio, o mal deixa de ser mera deficiência, para se transformar em eficiência, num ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor".
("Ephemerides Liturgicae", n° 69)
Pe. Gabriele Amorth
Pe. Gabriele Amorth
Para confirmar aquilo que o Pe. Pechenino escreveu, dispomos do testemunho irrefutável do Cardeal Natalli Rocca, que na sua carta pastoral para a Quaresma, emanada de Bolonha em 1946, diz: “Foi mesmo Leão XIII quem redigiu esta oração. A fase (Satanás e os outros espíritos malignos) que vagueiam pelo mundo para perder das almas tem uma explicação histórica que o seu secretário particular Mons. Rinaldo Angeli, nos contou várias vezes; Leão XIII teve verdadeiramente a visão de espíritos infernais que se adensavam sobre a cidade eterna (Roma).
Foi desta experiência que nasceu a oração que ele quis toda a Igreja rezasse. Esta oração rezava-a ele com voz viva e vibrante: ouvimo-la muitas vezes na Basílica do Vaticano. Mas isto não é tudo: ele escreveu também por suas próprias mãos um exorcismo especial que figura no Ritual Romano (ed. 1954, tit. XII, c.III, pág.863 e seg.).Recomendava aos bispos e aos sacerdotes que rezassem muitas vezes estes exorcismos nas suas dioceses e paróquias. Ele próprio o fazia muitas vezes durante o dia.
Também é interessante ter em conta um outro acontecimento que reforça ainda mais o valor desta oração que se rezava no fim de cada Missa. Pio XI quis que, ao serem rezadas estas orações, se pusesse uma intenção particular pela Rússia (alocução de 30 de Junho de 1930). Nesta alocução, depois de ter lembrado as orações pela Rússia que ele próprio tinha pedido a todos os fiéis a quando da festa do Patriarca S. José (19 de março de 1930) e, depois de ter lembrado a perseguição religiosa na Rússia, concluiu com estas palavras:
“E para que todos possam sem fadiga e sem obstáculos continuar esta santa cruzada, decidimos que as orações que o nosso bem amado predecessor Leão XIII ordenou aos sacerdotes e aos fiéis que rezassem depois da Missa, sejam ditas por esta intenção particular, isto é, pela Rússia. Que os bispos e o clero secular e regular tomem ao seu cuidado informar os fiéis e aqueles que assistem ao Santo Sacrifício, e que não se esqueçam de lhes lembrar estas orações (Civiltà Cattolica, 1930, vol.III).
Conforme se pode constatar a presença aterrorizadora de Satanás foi claramente tida em conta pelo Pontífice; e a intenção que Pio XI, tinha acrescentado, visava mesmo o fundamento das falsas doutrinas difundidas no nosso século, que envenenaram não só a vida dos povos mas também dos próprios teólogos.
Se a disposição tomada por Pio XI não foi respeitada, a falta deve-se àqueles a quem tinha sido confiada; inseria-se perfeitamente no âmbito dos avisos carismáticos que o Senhor havia dado à humanidade através das aparições de Fátima, embora mantendo-se independente desta: Fátima ainda era desconhecida do mundo.
("Um Exorcista Conta-nos")
FONTE: Sursum Corda
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