quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Combate Cristão



O COMBATE CRISTÃO



Hoje mais do que nunca trata-se de um combate, um combate sem trégua, sem piedade, mas é também ao mesmo tempo o único combate que vale a pena, que nos dá o entusiasmo e a paz.
Penso que foi Santo Agostinho quem definiu, melhor que ninguém, quais são as regras desse combate, da história da Igreja, da história da humanidade.

E a primeira regra que ele dá é que há dois amores opostos: o amor de si mesmo até ao desprezo de Deus, o amor de Deus até ao desprezo de si mesmo. Nós somos o que amamos. E este combate é o combate de todo o homem necessariamente, quer se queira ou não, é a oposição entre o homem carnal e terrestre e o homem espiritual. É o combate que todos nós experimentamos. É o homem egoísta ou o homem caritativo. É o amor próprio, o amor de si ou, pelo contrário, verdadeiramente, o amor de Deus, o amor do próximo. É o individualismo ou é o cuidado pelo bem comum, quer seja no seio da Igreja, da família, da sociedade. É esta luta que se desenrola ao longo de toda a história e isso mostra-nos, pois, em primeiro lugar, a importância da caridade. A caridade é o motor da nossa vida cristã, é verdadeiramente o desafio dessa vida.
A nossa vida é finalmente uma questão de caridade: o que se ama, e de que maneira se ama.
Pois o cristão deve antes de tudo exercitar-se na verdadeira caridade e, por aí, é preciso chegar ao desprezo de si.

Chamou-se a Santo Agostinho o doutor da graça, porque pôs em destaque a importância da graça.É verdade finalmente que todo o desafio é o sobrenatural, a graça, e o sacerdote não faz senão dar, espalhar a graça de Deus. é essencialmente a sua função. É isso que foi deixado de lado hoje pela igreja conciliar. O sacerdote está ali para levar. dar. espalhar o sobrenatural.
E na medida em que o sobrenatural, portanto, a graça de Deus. fica bem estabelecido nas nossas almas, na medida em que a graça cresce, se desenvolve, pois bem, nessa medida é-se invencível!
Por quê? Porque pela graça tem-se Deus em si. Pela graça Deus está em nós! Ora, Deus não pode ser vencido. Portanto fareis triunfar profundamente esta graça de Deus nas vossas almas e ter sempre um olhar sobrenatural; se não sossobra-se no desencorajamento, sossobra-se no ativismo naturalista, que é muito perigoso.

O terceiro princípio que coloca Santo Agostinho para explicar as leis que regem necessariamente a história da Igreja e a história da humanidade é o primado de Cristo. Não há outra fonte da graça senão Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o centro e o fim da história. É por isso que Santo Agostinho chama a toda a história antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo a "história profética". Era para preparar e anunciar a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Sua encarnação, a Sua redenção. E depois de Nosso Senhor Jesus Cristo o fim é o Seu triunfo e o Seu triunfo vai-se realizar quando da Sua segunda vinda, a Parusia. É então que terá lugar o triunfo de Nosso Senhor Jesus Cristo e, enquanto se espera, edifica-se, constrói-se a Jerusalém celeste, a Igreja definitiva, a Igreja para sempre. Fora de Nosso Senhor Jesus Cristo não há salvação, fora de Nosso Senhor Jesus Cristo não há paz; portanto não há felicidade, não há vida feliz fora de Nosso Senhor Jesus Cristo. E o sacerdote deve deixar-se apaixonar por este ideal! É preciso dar Cristo às almas, é preciso trabalhar no reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo por toda a parte.

O quarto princípio para Santo Agostinho e para nós é o de que não há fatalismo na vida, na história, não há determinismo, tão pouco há acaso. Tudo é Providência divina, tudo, absolutamente tudo! É preciso convencermo-nos disto! Das maiores às mais pequenas coisas, tudo é querido por Deus. Não há nada que Lhe escape, nem na ordem natural nem menos ainda na ordem moral sobrenatural. Finalmente, a história não é outra coisa senão o desenrolar dos desígnios eternos de Deus. Bem entendido, inclui-se a nossa liberdade, Deus criou-nos livres.
Uma coisa impede a outra, mas os desígnios de Deus cumprem-se ao longo da história infalivelmente, necessariamente, se não Ele não seria Deus! E isso deve dar-nos uma grande confiança, porque todos os males, de ordem natural e mesmo de ordem moral, estão previstos e permitidos por Deus. Não somente contribuem para o bem do universo, mas têm um fim; são ordenados ao bem e ao cumprimento da Sua vontade, que é finalmente a salvação das almas e o triunfo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

"Tudo foi criado para o homem para Cristo, Cristo para Deus".

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