“Deus
quis que não recebêssemos nada que não passe pelas mãos de Maria”
“Por vós, Maria, temos acesso ao Filho, por vós que achaste a graça, Mãe da
Salvação, para que por vós nos receba Aquele que por vós nos foi dado”.
(São Bernardo)
Nascido
numa grande família nobre da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon,
Bernardo foi o terceiro de sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel)
e de Aleth de Montbard. Com a idade de nove anos, é enviado para a Escola
Canônica de Châtillon-sur-Seine, onde mostra um gosto particular pela
literatura. Em 1112, decide entrar na Abadia de Cister, fundada em 1098
por São Roberto de Molesme, e na qual Santo Estevão Harding havia acabado de
ser eleito Abade. Convence vários amigos, irmãos e parentes a ingressarem com
ele na vida monástica e chega assim com outros 30 candidatos para entrar na
Abadia.
Em 1115, Estevão Harding envia-o jovem à frente de um grupo de
monges para fundar uma nova casa cisterciense no vale de Langres, em
Ville-sous-la-Ferté. A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux
– Claraval. Bernardo é nomeado Abade desta nova Abadia, e confirmado por
Guilherme de Champeux, bispo de Châlons e célebre teólogo.
Os
primórdios de Claraval são difíceis: a disciplina imposta por São Bernardo é
bastante severa. Bernardo busca formação nas Sagradas Escrituras e nos Padres
da Igreja. Ele tem uma predileção quase exclusiva pelo Cântico dos Cânticos e
por Santo Agostinho. O livro e o autor correspondem às tendências da
época. Muitas pessoas afluem à nova abadia e Bernardo acaba de converter
toda sua família: seu pai, Tescelin, e seus cinco irmãos tornam-se monges em
Claraval. Sua irmã, Umbelina, toma igualmente o hábito no priorado de
Jully-les-Nonnains. A partir de 1118, novas casas são fundadas (a exemplo da
Abadia Nossa Senhora de Fontenay, para evitar a superlotação de
Claraval.
Em 1119, Bernardo faz parte do Capítulo Geral dos Cistercienses
convocado por Estevão Harding, que dá sua forma definitiva à Ordem. A Carta da
Caridade, que é então redigida, é confirmada pouco depois pelo papa Calisto
II. É nesta época que Bernardo escreve suas primeiras obras, tratados e
homilias e, sobretudo, uma Apologia, escrita a pedido de Guilherme de
Saint-Thierry, que defende os beneditinos brancos (os cistercienses segundo a
cor de seu hábito) contra os beneditinos negros (cluniacenses). Pedro, o
Venerável, abade de Cluny, lhe responde amigavelmente, e apesar de suas diferenças
ideológicas, os dois homens tornam-se amigos. Envia igualmente numerosas
cartas para incentivar à reforma o resto do clero, em particular os bispos. Sua
carta ao arcebispo de Sens, Henrique de Boisrogues chamada mais tarde de De
Officiis Episcoporum (Da conduta dos Bispos) é reveladora do importante papel
dos monges no século XII, e das tensões entre o clero regular e
secular. Em 1128, Bernardo participa do concílio de Troyes, convocado pelo
papa Honório II e presidido por Matthieu d’Albano, legado do papa.
Bernardo é
nomeado secretário do concílio, mas ao mesmo tempo é contestado por uma parte
do clero, que pensa que por ser monge, que se intromete em coisas que não são
lhe concernem. Ele termina por se desculpar, mas o concílio é fortemente
influenciado por sua atuação. Torna-se uma personalidade importante e
respeitada na Cristandade; ele intervém em assuntos públicos, defende os
direitos da Igreja contra os príncipes seculares e aconselha papas e
reis. Em 1130, depois da morte de Honório II, durante o cisma de Anacleto
II, é a sua voz que faz com que Inocêncio II seja aceito. Em 1132, ele
consegue do papa a independência de Claraval em relação a Cluny. Nesse
período de desenvolvimento das escolas urbanas, no qual os novos problemas são
discutidos na forma de questões (quaestio), de argumentação e busca de uma
conclusão (disputativo), São Bernardo é defensor de uma linha tradicionalista.
Ele combate as posições de Abelardo, e as faz ser condenadas no concílio de
Sens em 1140.
Em
1145, Claraval dá um papa à Igreja, Eugênio III. Quando o reino de Jerusalém é
ameaçado, Eugênio III, ele mesmo um cisterciense, pede a Bernardo que pregue a
segunda cruzada em Vézelay em 31 de março de 1146 e mais tarde em Spire. Ele o
faz com tanto sucesso que o rei de França Luís VII o Jovem e o imperador do
Sacro Império Conrado III tomam eles mesmos a cruz. No concílio de Reims,
em 1148, ele faz uma acusação de heresia contra Gilbert de la Porre é, bispo de
Poitiers. Não obtém grande sucesso e seu adversário conserva sua posição e
prestígio. São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na
França, 14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália,
4 na Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se
filiaram à Ordem. Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500
abadias cistercienses. Havia 700 monges ligados a Claraval. Bernardo morre
em 1153 com 63 anos.
São Bernardo, rogai por nós.
Fonte: Escravas de Maria
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