Desde a
eleição do Papa Francisco, e muito mais agora com a sua recente visita ao
Brasil, tem se ouvido falar na mídia sobre pobreza. Contudo, quanto mais
se fala mais percebemos que pouco - ou quase nada - conhece-se sobre o
assunto.
* * *
Em 1858,
com apenas 23 anos de idade, o seminarista Giuseppe Melchiorre Sarto, futuro
São Pio X, foi ordenado sacerdote e designado para a paróquia de Tômbolo,
de1.500 almas, no distrito Trentino, na Itália.
Enquanto
exercia seu múnus sacerdotal nessa paróquia, veio nela a falecer uma rica
senhora, grande benfeitora da Igreja – Isabel Viani –, cujo elogio fúnebre
coube ao Pe. Sarto fazer.
O conceito
de pobreza evangélica enunciado pelo futuro santo nesse sermão é
particularmente digno de nota como reflexo autêntico da doutrina da Igreja. Não
podendo transcrever aqui a íntegra de seu belo panegírico, limito-me à parte em
que ele trata do conceito de pobreza cristã. Note-se que a falecida era uma
senhora muito abastada. O sublinhado é meu.
*
* *
“E não
estranheis, senhores, se eu vos afirmar que ela foi pobre [...]. No meio de
tantas espécies de pobreza que vemos sobre a Terra, não há senão uma digna dos
carismas celestes, capaz de conquistar a estima e o amor das almas virtuosas e
perfeitas.
“Não
pretendo aqui comentar aquela necessária e inevitável falta de bens a que são
condenados todos os que nascem em famílias necessitadas nas quais faltam todos
os meios de melhorar o seu estado. Essas, para serem dignas de louvor, devem
com paciência transformar em virtude a inevitável necessidade.
“Não falo
também daqueles que aí vemos errar pelas estradas e que, debaixo de seus
farrapos de pobres, escondem riquezas de desejos.
“Falo sim,
daqueles que seguem a lei do espírito e da verdade, que não exige o sacrifício
material e efetivo de seus bens. Falo sim, daqueles que, na abundância de
todas as coisas, renunciam moralmente com o afeto e com a vontade a quanto de
bem lhes pode oferecer a Terra.
“Esta é a
pobreza que tem origem nos exemplos e na doutrina de Jesus Cristo. Pobreza que,
no Sermão da Montanha, obteve, entre as bem-aventuranças, o primeiro lugar e as
primeiras honras (*). Pobreza que, com o seu gracioso aspecto, soube cativar a
grande alma de Isabel Viani, que durante toda a sua vida não teve um só ato de
complacência, e direi melhor, um só olhar para sua grandeza terrena.” (D. Frei
Vitorino Facchinetti, O.F.M., Pio X, Editora Vozes, Petrópolis,
1945, p. 73)
Gregorio Vivanco Lopes
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(*) O Pe. Sarto se refere aqui à bem-aventurança
expressa no Evangelho de São Mateus (5,3):“Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.
Nossa! Muito interessante e num momento oportuno. Como o sentido de "humildade" está deturpado, hoje! Citando a fonte, publicarei em nosso blog agora mesmo! Acesse: http://tradicaocatolicateixeiradefreitas.blogspot.com.br/
ResponderExcluirSalve Maria!