quinta-feira, 7 de junho de 2012

Como Destronaram Nosso Senhor Jesus Cristo.

COMO DESTRONARAM JESUS CRISTO

"No juízo final, Jesus Cristo acusará aos que o expulsaram da vida pública, e por este grande ultraje aplicará a mais terrível vingança."
Pio XI
Volto ao tema da Realeza Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, este dogma de fé católica, que ninguém pode por em dúvida sem ser um hereje: sim, é isso: um herético!
Ainda têm eles a Fé?
O leitor pode julgar a fé agonizante do Núncio Apostó­lico de Berna, Mons. Marchioni, com quem tive a seguinte conversa em 31 de Março de 1976 em Berna:

- Mons. Lefebvre:  "Pode-se ver claramente coisas perigosas
no Concilio (...). Na Declara
ção sobre a liberdade religio­
sa h
á coisas contrárias aos ensinamentos dos papas: decide-
se que já não pode haver Estados católicos!"
- Núncio: "Mas é evidente!"
- Mons Lefebvre: "Acredita o senhor que a supressão dos Es­
tados católicos vá ser um bem para a Igreja?"
- Núncio: "O senhor compreende, se se faz isto se obterá uma
maior liberdade religiosa entre os sovi
éticos!
t
Mons. Lefebvre:  "Mas o que fazem os senhores do Reino So-
i.il de Nosso Senhor Jesus Cristo?"

- Núncio: "O senhor sabe,, atualmente é impossível; talvez em
futuro afastado?... Atualmente ^ste reino está nos indiví­
duos; deve ser aberto às massas"^
- Mons. Lefebvre: "E o que fazem da Encíclica "Quas Primas"?
- Núncio: "Ah,, hoje em dia o Papa não a escreveria"
- Mons. Lefebvre:  "Sabe que na Colômbia foi a Santa Sé que
pediu a supressão da constituição do Estado?"
- Núncio: "Sim, e aqui também".
- Mons. Lefebvre: "No Vaiais?" (província suiça)
- Núncio:  "Sim no Vaiais.  E veja, agora agora me convidam
para todas as reuniões".
- Mons. Lefebvre:  "Então o senhor aprova a carta que Mons.
Adam (bispo de Sion, no Vaiais) escreveu a seus diocesanos
para explicar porque deviam votar a favor da lei  de se­paração da Igreja e do Estado?"
- Núncio: "Veja o senhor, o Reino Social de Nosso Senhor Je­
sus Cristo,
é atualmente algo difícil..."

Vocês vêem, ele não acredita mais! é um dogma "impos­sível" ou "muito difícil", "que não seria mais escrito hoje" E quantos pensam assim atualmente! Quantos são incapazes de entender que a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo deve se realizar com a ajuda da sociedade civil, e que o Estado deve assim, nos limites da ordem temporal, ser o instrumento de aplicação da obra da Redenção. E eles lhes responderão:

"Ah! são duas coisas diferentes, você mistura política e religião!"

Entretanto tudo foi criado por Nosso Senhor Jesus Cristo para complementar a obra da redenção. Tudo, inclusive a sociedade civil que também, como lhes disse, é uma criatu­ra de Deus. A sociedade civil não é uma pura criação da von­tade dos homens, ela resulta antes de tudo da natureza so­cial do homem, do fato de que Deus criou os homens para que vivam em sociedade; isto faz parte da natureza criada por Deus. Portanto assim como os indivíduos, a sociedade deve render homenagem a Deus, seu autor e seu fim e ser útil ao plano redentor de Jesus Cristo.
Em setembro de 1977 fiz uma conferência na casa da princesa Palaviccini, em Roma, e li uma missiva do Cardeal Colombo, arcebispo de Milão, em que ele afirmava que o Esta­do não deve ter religião, que deve ser "sem ideologia". Em resposta a meu ataque, o cardeal, longe de me contestar, es­creveu no "Avenire d"Itália" repetindo tudo, reiterando com maior ênfase, ao longo de todo o artigo que se entitulava "Lo Stato non puo essere altro che laico" - O Estado não po­de ser senão laico, portanto sem religião! Um cardeal disse isso! Que idéia tem ele da Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo? É incrível! Vejam o quanto o liberalismo já havia penetrado na Igreja. Se ele tivesse dito isso vinte anos an­tes teria sido uma bomba em Roma, todo mundo teria protesta­do, o Papa Pio XII teria refutado e tomado medidas... Mas atualmente é normal, a coisa parece normal. É necessário pois que estejamos convencidos desta verdade de fé: tudo, inclusive a sociedade civil, foi concebido para servir dire­ta e indiretamente ao plano redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Condenação da Separação Entre a Igreja e o Estado
Inicialmente chamo a atenção para o fato dos Papas te­rem condenado a separação da Igreja do Estado, não somente quanto à doutrina mas também na sua aplicação nas nações de maioria católica. Evidentemente não se condena a tolerância eventual de outros cultos em uma cidade de maioria católica,
nem a forciori o fato de haver uma pluralidade de cultos em numerosos países estrangeiros ao que até a pouco era chamado de cristandade.
Isto dito, afirmo com os papas que é uma impiedade e um erro próximo à heresia defender que o Estado deve estar separado da Igreja e a Igreja do Estado. O espírito de fé de um São Pio X, sua teologia firme, seu zelo pastoral, levan­tam-se com força contra o intento laicisante de separar a Igreja do Estado. Lhes convido a meditar sobre o que ele diz em sua encíclica "Vehementer nos" de 11 de Fevereiro de 1906:

"A necessidade de separar o Estado da Igreja é uma tese absolutamente falsa e um erro pernicioso. Baseado no princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culto religioso, ela é antes de tudo injuriosa a Deus, fundador e conservador das sociedades humanas, ao qual devem tributar culto público e social.
A tese de que falamos acima constitui também uma verda­deira negação da ordem sobrenatural porque limita a ação do Estado a conseguir a prosperidade pública nesta vida terrena que é a razão imediata das sociedades po­líticas, e não se ocupa de modo algum com sua razão útima que é a eterna bemaventurança proposta ao homem quando tenha terminado esta vida breve; mas como a or­dem atual das coisas, sujeita ao tempo, se encontra su­bordinada à conquista do bem supremo e absoluto, é obrigação do poder civil não somente afastar os obstá­culos que se podem opor a que o homem alcance aquele bem para o qual foi criado, como também ajudar a conse­gui-lo .
Esta tese é igualmente contrária à ordem estabelecida no mundo por Deus, ordem que exige uma verdadeira con­córdia e harmonia entre as duas sociedades; porque a religiosa e a civil se compõem dos mesmos indivíduos, por mais que cada uma delas exerça em sua esfera pró-
pria sua autoridade sobre eles. Resulta daí que exist. matérias em que devem agir uma e outra, por se trat de incumbência de ambas. Rompido o acordo entre Estai e a Igreja, surgirão graves diferenças na apreciaç; das matérias mixtas que tenderão a se acentuar, ficai obscura a noção da verdade, a dúvida e a ansiedade ací barão tomando conta de todas as almas.
Acrescente-se que esta tese ocasiona gravíssimos dano à sociedade civil que não pode prosperar nem viver mui to tempo quando não se reconhece o papel da religião que é a regra suprema que define e assinala os direito; e deveres do homem."
Notável Continuidade desta Doutrina
E o Santo Papa se apoia nos ensinamentos de seu ante­cessor, Leão XIII, do qual cita a seguinte passagem, mos­trando pela continuidade desta doutrina a autoridade dela:
"Pela continuidade desta doutrina os Romanos Pontífi­ces, segundo pediam as circunstâncias e a ocasião, nun­ca cessaram de refutar e condenar a doutrina da separa­ção da Igreja e do Estado. Nosso ilustre predecessor Leão XIII em particular, expoz várias vezes e magnífi-camente, o que deveria ser, segundo a doutrina católi­ca, as relações entre as duas sociedades."

Segue a passagem de "Immortale Dei" que citei no capí­tulo anterior, e também esta citação:
"As sociedades humanas não podem, sem se fazer crimino­sas, proceder como se Deus não existisse, ou se recusar a se preocupar com a religião, como se esta lhe fosse estranha e sem proveito... Quanto à Igreja, que tem o próprio Deus por autor, a excluir da vida ativa da na­ção, das leis, da educação das crianças, da família, é cometer um grave e pernicioso erro."

E basta reler esta passagem de “Immortale Dei” para constatar que Leão XIII por sua vez, afirma que ele também só faz retomar a doutrina de seus predecessores:
“Estas doutrinas que a razão humana não pode provar e que repercutem com grande força na ordem da sociedade civil, tem sido sempre condenadas pleo Romanos Pontífices, nossos antecessores, plenamente conscientes da responsabilidade de seu cargo apostólico.
Gregório XVI, em sua carta-enciclica “Mirare Vos”, de 15 de Agosto de 1832, (...) sobre a separação da Igreja e do Estado, dizia o seguinte: “não poderíamos esperar situação mais favorável para a religião e o Estado, se atendêssemos os desejos daqueles que anseiam por separar a Igreja do Estado e romper concórdia mútua entre o sacerdócio e o império; pois se vê quanto os que gostam de uma liberdade desenfreada temem esta concórdia, pois ela sempre produziu bons e saudáveis frutos para a causa eclesiástica e civil.”

Pio IX do mesmo modo, sempre que se apresentou oportunidade, condenou os erros que começava a exercer maios influência, mandando mais tarde reuni-los em um catálogo (o Syllabus), a fim de que em tal dilúvio de erros, os católicos tivessem uma direção segura.”
Conclue-se que uma doutrina que ensina a união que deve existir entre a Igreja e o Estado, e condena o erro de sua separação, está revestida, por sua continuidade perfeita nos quatro Papas sucessivos de 1832 a 1906, e pela declaração solene feita por São Pio X no Consistório de 21 de Fevereiro de 1906, de máxima autoridade, e sem dúvida da garantia de infalibilidade.
Como chegam pois um Núncio Marchioni ou um Cardeal Colombo a negar esta doutrina que deriva da Fé, e provavelmente é infalível? Como chegou um concílio ecumênico a deixá-la de lado, em um museu de curiosidades arcaicas?
Isso ocorreu através de um pensamento deletério: o catolicismo liberal.

Fonte: Do Liberalismo à Apostasia (Mons. Marcel Lefebvre).


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