domingo, 17 de junho de 2012

O Mistério Profético




Quão maravilhoso é escutar ou ler sobre nosso Santíssima e Imaculada Mãe, a Virgem Maria; algo que mais e mais é raro de se acontecer, e quando o ocorre é de forma simplória e desprovida da dignidade infusa da pura e ilibada Mãe do Salvador. Não se louva com perfeição e dedicação os méritos da Escolhida e Bendita, dado perturbador que já S. Luís Maria Grignion de Montfort constatava em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem¹. Tal ausência de louvor é corolário do tratamento que se dispensa Àquele que doou de forma incruenta sua vida para a salvação da criatura humana, cuja preocupação para com nossa participação dos bens divinos excede toda compreensão terrena a ponto do homem rejeitá-lo por ignorância ou desinteresse; rejeita-o por que não é arrebatado pela Verdade, pela potência latente que modifica a alma, tornando-a propícia à doce submissão aos desígnios de Deus. Enquanto o homem cessa de vigiar pela sua perfeição em vida, a queda de Adão cria nele o distanciamento pelo temor salvífico de Deus, já constatado por R. Garrigou-Lagrange em sua incomparável obra O Homem e a Eternidade ².

É de se estranhar, desta forma, o porquê do hiato ou silêncio que se passa há mais de cem anos sobre os portentos maldosos dos maometanos. Desde muito já dissipavam eles pelo auxílio de Satanás a fé de aparência perene, gestada durante a Idade Média pela Igreja. Permaneceram durante séculos, após a hegemonia do ocidente, perpetuando o combate pelo verdadeiro culto à Deus, trazendo à ignorância muitas almas de potencial inquestionável para a promoção da salvação de outros empedernidos de coração. Transformaram levas de almas em indivíduos infiéis ao seu batismo, espalhando medo e terror àqueles que desejavam livremente expressar sua submissão à N. S. J. C. e a Santíssima Virgem pelo único meio possível: tornando-se católicos, cristãos.




Após a derrocada do império maligno que se estabelecera na Ibéria (Portugal e Espanha), passara-se muito tempo reclusos os maometanos em seus países de origem, construindo lá um novo plano de conversão herética de milhares de cristãos, sob a égide da espada e do Corão. Sua fé de tão ímpia só se espalha na África e Ásia por intermédio do terror e da compulsão, exemplificando claramente quão propício é o homem a temer mais os danos terrenos do que utilizar-se de sua coragem para enfrentar os males para garantir o bem celestial. À próxima geração destes conversos, era negado o total conhecimento de Cristo, a não ser em vaga narrativa desconcertante sobre sua Mãe e o Mesmo, ainda assim submetidos no Corão à torpe majestade terreal e humana de Maomé.

O teor profético dos dizeres de São Luís, a partir do livro supracitado, deixam os mais atentos em estado de permanente alerta. Além de citar os idólatras, naturais em qualquer época devido à manifestação de Satanás contra a obra divina, além dos ímpios, que subsistem pelo ódio à fé em Deus, agrega aos dizeres São Luís os maometanos, isso no ano aproximado de 1700, ou seja, não inspirado diretamente em algum fato relevante, atinente aos seguidores de Maomé, que tenha ocorrido nesta época. Ao ler tal escrito e, peremptoriamente, estudar como se dá a nova guinada de expansão dos mouros, compreende-se o teor sumamente profético de tais palavras, à exemplo do que se passara com S. Vicente Ferrer e, mais tarde, com D. Bosco. A profecia, pois, é um dom substancialmente de tão elevada natureza que só é concedida aos que próximo estiverem da realeza de Nosso Senhor a partir de uma indução propriamente divina.

Diz ele ao referir-se aos verdadeiros discípulos de N. S. J. C.:
59. Sabemos, enfim, que serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, andando nas pegadas de sua pobreza e humildade, do desprezo do mundo e caridade, ensinando o caminho estreito de Deus na pura verdade, conforme o santo Evangelho, e não pelas máximas do mundo, sem se preocupar nem fazer acepção de pessoa alguma, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja. Terão na boca a espada de dois gumes da palavra de Deus; em seus ombros ostentarão o estandarte ensangüentado da cruz, na direita, o crucifixo, na esquerda o rosário, no coração os nomes sagrados de Jesus e Maria, e, em toda sua conduta, a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo³.
E, logo depois, descreve, embasado nos sinais divinos, o que se dará no futuro:
[...]  Eis os grandes homens que hão de vir (os apóstolos citados anteriormente), suscitados por Maria, em obediência às ordens do Altíssimo, para que seu império se estenda sobre o império dos ímpios, dos idólatras e dos maometanos. Quando e como acontecerá?... Só Deus o sabe!... Quanto a nós, cumpre calar-nos, orar, suspirar e esperar: Exspectans exspectavi (Sl 39, 2) 4 [grifo em negrito nosso].


Diante dos fatos que a cada dia se tornam mais profusos e constatáveis, de que experimenta o maometanismo uma nova e mais agressiva expansão, pode-se realizar uma analogia verdadeira com tais palavras. Países que antes não permitiam sob força de lei que se estabelecessem em sua sociedade nenhum templo que não católico ou, ao menos, caso fosse mouro, doravante à decadência e dissolução dos costumes no século passado, passarão a até estimular que seja criado um ambiente perverso e pútrido, tecido em torno de várias insígnias religiosas, não-católicas e heréticas. Roma, na atualidade, é permeada de várias mesquitas cujo cimo das torres não ostenta o símbolo de salvação católico, mas o signo da morte humana e espiritual. Governos aos poucos estão caindo nas garras do autoritarismo e banditismo, inspirados por movimentos árabes de reconciliação muçulmana. Eis o que se dá na hodiernidade.

No entanto, da mesma forma como o mal se difunde, o poder da intervenção de Maria se centuplica, tornando-se mais poderoso e vigoroso na oposição aos mandos diabólicos. Diz São Luís de Montfort sobre Maria Santíssima:
[...] Mas o poder de Maria sobre os demônios há de patentear-se com mais intensidade, nos últimos tempos, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar, i. é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o príncipe das trevas. Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixando diante de todos como o calcanhar, calcados e perseguidos como o calcanhar em comparação aos outros membros do corpo. Mas, em troca, eles serão ricos em graça de Deus, graças que Maria lhe distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo, e tão fortemente amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo 5



O meio mais eficaz, façamos coro aos demais santos e justos da Igreja desde a primeva difusão do Santo Rosário, é a propagação da devoção da Virgem Santíssima, inflamada de amor e zelo pelos seus filhos, unidos à ela pelo vínculo perene à Nosso Senhor. Enquanto servos de Cristo, seremos por continuidade e lógica servos de sua Santíssima Mãe, dotada das mais puras e máximas virtudes para acolher de forma humilde e digna o salvador da humanidade. Assim como constata nosso São Luís, suas virtudes são tão grandes e inefáveis que somente podem ser comparadas à especial graça de Deus de lhes ocultar aos olhos humanos por muito tempo, devido ao hiato bíblico que se constitui uma verdadeira incógnita a ser desvendada pelos membros do Corpo Místico de Deus -- a Igreja -- quando do passar dos séculos, compreensão anuviada pela pequenez e gritante limitação das faculdades humanos ante a grandeza descomunal da metafísica. Sua história oculta na Bíblia serviu para que os homens e mártires, no princípio da cristandade, não desviassem a atenção que deveria ser integralmente dirigida à Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo na verdade descoberta aos poucos e confirmadas igualmente em tempo racional pela Santa Igreja, de forma que após a sólida adoração ao Filho de Deus, compartilhassem os homens de um especial amor à Maria. 

Que alcancemos em Deus uma devoção superior à Virgem, a fim de que por sua intercessão infalível gozemos futuramente dos prêmios ofertados aos Seus fiéis seguidores. E com o Rosário possamos desarmar a maléfica potência de Satanás, incorporada nas heresias humanas.

________

¹ - Cf. GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem / 40. ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
² - Cf. GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. O homem e a eternidade / tradução de Januário Nunes. -  São Paulo: Flamboyant, 1959.
³ - Cf. GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem / 40. ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. .
4 - Ibidem, pp. 60-61.
5
 - Ibidem, p. 57.

Fonte: Tradição em Foco

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