sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Crise na FSSPX e uma Pergunta Inevitável


Por Frederico de Castro

Que é que se pode dizer de útil da crise atual na FSSPX? É preciso dizer algo, já que o tempo de se calar ou de falar apenas de maneira reservada já se foi. Com efeito, a crise já deixou de ser; ou seja, aquele momento de inação, reflexão e conversas atingiu o seu ápice no mínimo pelo decurso do tempo. Permanecer inertes daqui para frente seria o mesmo que covardia ou cumplicidade com o erro. É preciso, portanto, tomar coragem e fazer uma escolha pública. Quem permanecer no anonimato correrá o risco de em algum momento negar o nome do Senhor ou então se tornar cúmplice de erros oriundos do liberalismo.
A quem escutar? D. Fellay ou os Bispos D. Williamson, D. Tissier e D. Galarreta? Provavelmente é a pergunta que se fazem todas as pessoas que têm sua integridade intelectiva e moral de alguma forma mais preservadas dos grandes vícios que afligem a alma humana. Como podemos ter alguma certeza da escolha a se fazer?
Essa não é uma pergunta simples, mas não é impossível de ser respondida. Pois bem, tomo a palavra para dizer que o que nós - fiéis que sempre prezamos estar a fazer parte da resistência católica contra o modernismo - devemos observar é:

Quem está fazendo aquilo que Deus manda que se faça?
Essa é a pergunta que guiará a resposta para aquilo que deve ser feito.

E afinal, o que Nosso Senhor nos pediu?
O Magistério da Igreja sempre o disse: que guardássemos o depósito da fé e que praticássemos boas obras, indo a ensinar a todos.
Dessa forma, é antes nas ações e nas palavras que vamos encontrar a resposta para nossas dúvidas e não nas intenções. As intenções, somente Deus as conhece profundamente, mas das palavras e das ações não podemos ter qualquer medo de lhes dar o crédito que elas mereçam receber.
O que está em jogo não é uma questão de preferência ou de carisma, mas sim a verdade e a justiça em relação ao modo de viver e conviver da forma como Deus nos ensinou e determinou que se faça.
Nesse sentido, sabemos bem que a Roma atual vive como quer e não como Deus manda. É impossível negar que pelo menos desde o concílio vaticano II Roma tem contrariado sistematicamente o magistério bimilenar da Igreja. Aqui no blog do SPES qualquer interessado pode encontrar, talvez, o mais amplo material em língua portuguesa sobre a crise conciliar do vaticano II.
Monsenhor Lefebvre, o grande nome da resistência antimodernista, afirmou categoricamente que a Roma atual está vivendo uma apostasia. Palavras duras e verdadeiras do fundador da FSSPX. Palavras que vem sendo tiranicamente ignoradas pelos atuais superiores da FSSPX.
Logo, se entrarmos em sua convivência, de duas uma: ou vamos nos tornar cúmplices de sua desobediência ou então passaremos a nos voltar contra os nossos próprios atos; seja por hipocrisia, seja por covardia ou derradeiramente por soberba. Afinal de contas, quem afirma que pode viver em um ambiente tomado pela fumaça de Satanás (expressão deveras conhecida pelos que já leram um mínimo sobre a crise) e se diz imune, só pode estar tomado de profunda soberba e, na verdade, ou confia demasiadamente em si próprio ou, no mínimo, está a por em prova o nome de Deus.
Alguns irão dizer que os que se opõem ao acordo com Roma faltam contra a caridade ou que são intolerantes, irresignados ou impacientes. Nada mais absurdo e falso! Esse tolerantismo atual já é verdadeiramente o primeiro passo para o mais rasgado modernismo. É preciso que se saiba que sobre essas virtudes das quais tais pessoas nos acusam de estarmos em falta – dentre o muito que pode ser dito – não tem a extensão que elas agora, somente agora, defendem.
É fácil e cômodo dizer que se deposita total confiança em D. Fellay e abolir todo o mais que essa manobra implica para o futuro da resistência católica no mundo. Ora, se é assim com ele, por que não o fazem logo com o Papa? Afinal de contas a quem assiste mais prontamente o Espírito Santo e quem é a regra próxima da fé?
A paz e a unidade fora da verdade podem ser facilmente representadas na inércia dos cadáveres. Alma, animada por Deus mesmo, uma vez separada do corpo faz com que esse não passe de fétida matéria corrompida.
Se Roma ainda não está morta é porque Nosso Senhor mesmo garantiu que isso não aconteceria; mesmo assim, essa espécie de gangrena não poderá ser curada sem que aceitem tomar do remédio amargo da verdade e da justiça. Insisto: juntar-se ao doente sem proteção da graça é tentar a Deus! e essa graça que vem dos sacramentos não se faz sentir sem que se cumpra a justiça que por eles se deve fazer, em obediência ao que Deus manda e não ao que os homens exigem, ainda que esses homens estejam debaixo do digníssimo sacramento da ordem.
Dito isso: quem está fazendo o que Deus manda? Dizeis por vós mesmos e tomem conta de que responderão por isso.
Deus nos proteja a todos. 

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