sexta-feira, 10 de maio de 2013

A misericórdia de Nosso Senhor para com os pecadores.



Confiança

A misericórdia de Nosso Senhor para com os pecadores.



A Providência, que alimenta o passarinho no galho, cuida do nosso corpo. Que é, no entanto, esse corpo de miséria? Uma criatura frágil, um condenado à morte e destinado aos vermes.

Na louca corrida da vida, pensamos todos caminhar para os negócios ou para os prazeres... cada passo dado nos aproxima do fim; arrastamos, nós mesmos, o nosso cadáver para a beira do túmulo.

Se Deus assim Se ocupa de corpos perecíveis, com que solicitude não velará pelas almas imortais? Prepara-lhes tesouros de graças, cuja riqueza sobrepuja tudo o que podemos imaginar; manda-lhes socorros superabundantes para a sua santificação e salvação.

Esses meios de santificação, que a Fé põe a nosso dispor, não serão aqui estudados.

Quero falar simplesmente às almas inquietas que se encontram por toda parte. Mostrar-lhes-ei, com o Evangelho na mão, a inanidade dos seus temores. Nem a gravidade de suas faltas, nem a multiplicidade de suas reincidências no erro as deve abater.

 Pelo contrário, quanto mais sentirem o peso da própria miséria, tanto mais deverão apoiar-se em Deus. Não percam a confiança!... Seja qual for o horror do seu estado, mesmo que tenham levado longamente vida desregrada, com o so­corro da graça poderão converter-se e ser elevadas a uma alta perfeição.

A misericórdia de Nosso Senhor é infinita: nada a can­sa, nem mesmo faltas que nos parecem a nós as mais degra­dantes e criminosas.

Durante sua vida mortal, o Mestre acolhia os pecadores com bondade verdadeiramente divina; nunca lhes recusou o perdão.

Impelida pelo ardor do seu arrependimento, sem pre­ocupar-se com as convenções mundanas, Maria Madalena entra na sala do festim. Prosterna-se aos pés de Jesus, inunda-os de lágrimas. Simão, o Fariseu, con­templa essa cena com ar-irônico; indigna-se intimamen­te. "Fosse este homem profeta, pensa, e saberia bem o que vale essa mulher.

 Enxotá-la-ia com desprezo... " Mas o Salvador não a enxota. Aceita-lhe os suspiros, o pranto, todos os sinais sensíveis da humilde contrição. Puri­fica-a de suas máculas e a cumula de dons sobrenatu­rais. E o Coração Sagrado transborda de imensa alegria, enquanto que no alto, no Reino de seu Pai, os Anjos vi­bram de júbilo e louvor: perdida estava uma alma, e ei-la achada; era morta essa alma, e ei-la de novo restituída à verdadeira vida!..

O Mestre não Se contenta de receber com doçura os po­bres pecadores; chega ao ponto de tomar-lhes a defesa. E não é essa de resto a sua missão? Não se constituiu Ele o nosso advogado?

Trazem-Lhe um dia à presença uma desgraçada, surpre­endida em ato flagrante de seu pecado. A dura lei de Moisés a condena formalmente: a culpada deve morrer no lento su­plício da lapidação. Os escribas e fariseus, no entanto, espe­ram impacientes a sentença do Salvador. Se perdoar, os ini­migos O censurarão por desprezar as tradições de Israel. Que fará Ele?...

Uma só palavra cairá de seus lábios; e esta palavra bastará para confundir os fariseus orgulhosos e salvar a pecadora.

"Aquele dentre vós que for sem pecado, que seja o pri­meiro a lhe atirar a pedra".
Resposta cheia de sabedoria e misericórdia. Ouvindo-a, esses homens arrogantes enrubescem de vergonha... Reti­ram-se confusos, uns após outros; os velhos são os primeiros a fugir...

"E Jesus ficou só com a mulher.

"Onde estão os teus acusadores? pergunta. Ninguém te condenou?" Ela responde: "Ninguém, Senhor"... E Jesus prossegue: “Eu também não te condenarei! Vai, e de futuro não peques mais!”

Quando vêm a Ele os pecadores, Jesus lança-Se ao seu encontro. Como o pai pródigo, espera a volta do ingrato. Como o bom pastor, procura a ovelhinha tresmalhadas; e, quando a encontra, carrega-a sobre os ombros divinos e a restitui ensaguentada ao redil.

Oh! Ele não lhe magoará as feridas; delas tratará como o bom samaritano, com o vinho e o óleo simbólicos. Derramará sobre suas chagas o bálsamo da penitência; e, para fortificá-la, a fará beber do seu cálice eucarístico.

Almas culpadas, não tenhais medo do Salvador; foi para vós, especialmente, que Ele desceu à terra. Não renoveis nunca o grito de desespero de Caim: “Meu crime é grande demais para que eu dele possa obter perdão”. Como isso seria desconhecer o Coração de Jesus!...

Jesus purificou Madalena e perdoou a tríplice negação de Pedro; abriu o Céu para o bom ladrão. Em verdade, asseguro-vos, se Judas tivesse ido a Ele após o crime, Nosso Senhor o teria acolhido com misericórdia. Como, pois, não vos perdoaria também?!...


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)


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