Amor de Deus para com os homens na missão do Espírito Santo.
Et repleti
sunt omnes Spirit Sancto, et coeperunt loqui variis linguis - "E foram
todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em várias línguas"
(Act. 2, 4).
Sumário. No sacramento da Confirmação todos nós
recebemos o mesmo Espírito Santo que Maria Santíssima e os apóstolos receberam
hoje tão abundantemente. Consideremos o amor que neste sublime mistério nos
mostraram as três Pessoas divinas apesar dos maus tratos que o mundo infligiu a
Jesus Cristo. Já que o amor se paga com amor, roguemos ao Espírito divino, que
nos abrase o coração com suas felizes chamas, e nos conceda que com a língua
louvemos a Deus e o façamos louvar pelos outros.
I. Antes de partir desta terra, o divino Redentor
prometeu várias vezes aos apóstolos, que, uma vez voltado para o céu, havia de
pedir ao Pai lhes mandasse outro Consolador, o Espírito de verdade, que ficaria
sempre com eles. Eis que hoje Jesus cumpre fielmente a sua promessa.
Refere São Lucas que "quando se completaram
os dias de Pentecostes, todos os discípulos estavam juntos no mesmo lugar e
perseveravam unanimamente na oração com as mulheres e Maria, a Mãe de Jesus. E
veio de repente do céu um ruído, como de vento que soprasse com ímpeto, e
encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram repartidas umas
como que línguas de fogo que repousaram sobre cada um deles. E foram todos
cheios do Espírito Santo e começaram a falar em várias línguas conforme o
Espírito Santo lhes concedia que falassem".
Consideremos aqui o amor que Deus nos mostrou em tão
sublime mistério, porquanto no sacramento da Confirmação nós temos recebido o
mesmo Espírito Santo, o Consolador, que Maria Santíssima e os apóstolos
receberam hoje tão abundantemente e de um modo tão admirável. O Pai Eterno, não
satisfeito de nos ter dado seu Filho divino, quis ainda dar-nos o Espírito
Santo afim de que habitasse sempre em nossas almas e conservasse nelas aceso o
fogo sagrado do amor. O mesmo faz o Filho Eterno, não obstante os maus tratos
que os homens lhe infligiram na terra.
O Espírito Santo, pois, desce ao Cenáculo em forma
de línguas de fogo, para nos ensinar que por nosso amor assumiu o ofício
amoroso de dirigir as línguas dos apóstolos e dos seus sucessores, na pregação
do Evangelho. Apareceu também em forma de chamas, para insinuar que alumiará os
espíritos, purificará os corações e estimulará as vontades de todos os fiéis,
para trabalharem na santificação própria e na dos outros. Oh! que grande amor
da parte da Santíssima Trindade!
II. Amor se paga com amor. Visto, pois, que ao
mistério deste dia toda a Santíssima Trindade se esmerou em nos patentear o
amor que Deus nos tem, justo é que o amemos com todas as nossas forças.
Roguemos, portanto, ao Espírito Santo queira ascender em nossos corações as
chamas sagradas do seu amor.
Ó Espírito Santo, divino Paráclito, pai dos pobres
consolador dos aflitos, santificador das almas, eis-me aqui prostrado em vossa
presença, para Vos adorar com a mais perfeita submissão. Creio firmemente que
sois Deus eterno, da mesma substância com o Pai e o Filho divino, e amo-Vos com
todos os meus afetos sobre todas as coisas. Ingrato e insensível a vossas
santas inspirações, tantas vezes Vos ofendi pelos meus pecados. Peço-Vos
humildemente perdão, e pesa-me sumamente ter-Vos desagradado, ó Bem supremo.
Ofereço-Vos o meu pobre coração e peço-Vos
queirais purificá-lo com a água de vida eterna, e fertilizá-lo com o orvalho
celestial, afim de que seja morada digna de Deus e só em Deus ache repouso.
Sois fogo; abrasai-me de vosso santo amor; sois um laço, prendei-me com os
laços de caridade; sois força; dai-me forças contra os espíritos malignos. Sois
finalmente o tesouro de todo o bem; enriquecei-me com todos os vossos dons
celestiais, assim como enriquecestes a alma de Maria Santíssima e dos santos
apóstolos.
A mesma graça peço-a de Vós, ó Eterno Pai.
"Vós, que no presente dia ensinastes os corações dos fiéis com a luz do
Espírito Santo, dai-nos pelo mesmo Espírito o conhecimento e o amor do que é
reto, e que sempre gozemos da sua consolação". Fazei-o pelo amor de Jesus
e Maria. (III 473)
(LIGÓRIO, Afonso Maria de.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da
Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder
& Cia, 1921, p. 123-125.)
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