sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

As virtudes de Nossa Senhora - A Humildade.


Os santos padres chamam a humildade de base de todas as virtudes. De todas as virtudes, a humildade é o fundamento e a guarda. Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. Possua embora todas as virtudes, fugiriam todas ao lhe fugir a humildade. Diz S. Francisco de Sales e S. Joana Chantal que Deus é tão amante da humildade, que se apressa em correr onde a vê.

I. HUMILDADE DE MARIA 


No mundo era desconhecida essa virtude tão bela e necessária. Mas, para ensiná-la, veio a terra o próprio filho de Deus, exigindo que, principalmente nesse particular, lhe procurássemos imitar o exemplo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (MT 11,29) E assim como em todas as virtudes foi Maria Santíssima a primeira e a mais perfeita discípula de Jesus Cristo o foi também na humildade. Pela humildade ela mereceu ser exaltada sobre todas as criaturas.

1. O primeiro traço da humildade é o modesto conceito de si mesmo.

O humilde conceito de sim mesma foi o encanto com que Maria prendeu o coração de Deus. Não podia, é claro, a Santíssima Virgem julgar-se uma pecadora, pois, na frase de S. Tereza, a humildade é a verdade, e Maria tinha consciência de nunca haver ofendido a Deus.

Vendo-se uma mendiga revestida de custosas vestes, que lhe foram dadas, não se envaidece, mas antes se humilha ao contemplá-las diante de seu benfeitor. A Santíssima Virgem quanto mais enriquecida se via, mais se humilhava. Lembrava-se sem cessar, de que tudo aquilo era dom de Deus. Dai a sua palavra a S. Isabel de Turíngia: Creia-me filha, sempre me tive pela última das criaturas e indigna das graças de Deus.

2. Também é efeito da humildade ocultar os dons celestes.

Nem a São José quis Nossa Senhora revelar a graça de se haver tornado Mãe de Deus. O pobre esposo viu como ela ia ser mãe, e necessitava de esclarecimentos que o libertassem de cruciantes suspeitas da honestidade da esposa, e dele afastasse vexames e confusões. De uma lado, José não podia duvidar de Maria e de outro ignorava o mistério da Encarnação. Resolveu por isso deixá-la ocultamente, para sair de tão embaraçosa situação. Tê-lo-ia feito certamente, se o anjo não lhe houvesse revelado que sua esposa se tornara Mãe por obra do Espírito Santo.(MT 1,18-23).

3. Os humildes recusa os louvores referindo-se todos a Deus.

Tal foi o procedimento de Nossa Senhora, ao perturbar-se diante dos louvores que lhe dirigia o arcanjo S. Gabriel. Assim foi o seu procedimento, quando Isabel a chamou de bendita entre todas as mulheres e a Mãe do Senhor. Imediatamente Maria atribui toda a glória a Deus, respondendo no seu humilde cântico: “Minha alma engrandece ao Senhor”. É como se disse: Isabel tu me louvas, porém eu louvo ao Senhor a quem unicamente é devida toda a honra. Tu te admiras de vir eu a ti, mas eu admiro a bondade divina, na qual tão somente, meu espírito se alegra. Louvas-me porque eu acreditei, mas eu louvo a meu Deus que quis exaltar o meu nada, na baixeza de sua serva pôs seus olhos. É esse o motivo que Maria disse a Santa Brígida: Porque me humilhei tanto ou por que mereci, minha filha tão extraordinária graça? Só porque estava plenamente convencida de não valer nada, de não possuir algo de mim mesma.

4. É próprio do humilde prestar serviços.

Maria não se negou a servir Isabel durante três meses. Escreve S. Bernardo: Admirou-se Isabel da vinda de Maria, porém mais admirável ainda era o motivo de sua vinda: vinha para servir e não para ser servida.

5. O humilde gosta de uma vida retirada e despercebida.

Lembra-nos São Bernardo, quando Jesus pregava numa casa e ela desejava falar com ele. Não se animou a entrar. Ficou de fora e não confiou no prestígio de mãe, mas evitou de interromper a pregação do filho. (MT 12,46). Quis também tomar o último lugar, quando estava no cenáculo com os apóstolos. “Todos perseveravam de comum acordo em oração com as mulheres, e Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Bem conhecia São Lucas qual o mérito da Divina Mãe, devendo nomeá-la antes de todos. Porém, de fato Maria tinha tomado o último lugar, depois dos apóstolos e das santas mulheres. São Lucas, na opinião de um autor, os nomeou a todos e por último a Virgem, segundo o lugar que ocupava. Diz São Bernardo: Com razão tornou-se a primeira a que era a última porque, sendo a primeira se fizera a última.

6. Os humildes amam finalmente os desprezos.

Eis porque não se lê que Nossa Senhora aparecesse em Jerusalém ao domingo de Ramos, quando o seu Filho foi recebido com tanta pompa pelo povo. Mas, por ocasião da morte de Jesus, não receou comparecer em público no Calvário, aceitando assim a desonra de se dar a conhecer por mãe de um sentenciado, que ia sofrer a morte de um criminoso. Ela mesma disse uma vez a S. Brígida: que há de mais humilde, do que ser chamado de louco, sofrer privação de tudo e ter a si mesmo por último de todos? Ó filha, era assim a minha humildade, na qual estava minha alegria e todo desejo de meu coração; pois minha única preocupação era ser em tudo semelhante a meu Filho.
O Senhor mostrou um dia a S. Brígida duas mulheres: uma toda luxo e vaidade. Esta – disse Ele – é a soberba. Contempla essa que tem a cabeça baixa, que é serviçal para com todos, pensando em Deus unicamente e convencida do seu nada: é a Humildade e chama-se Maria.

Diz S. Bernardo: “Se não podes imitar a humilde Virgem em sua pureza, imita ao menos a pura Virgem em sua humildade”. Ela aborrece os soberbos e só chama a si os humildes diz o Santo Ricardo de S. Lourenço: “Maria protege-nos sob o manto da humildade”. O mesmo quis dizer ela a Santa Brígida quando falou: “Vem também tu minha filha, esconde-te debaixo do meu manto, que é a humildade”. Acrescentando que a meditação de sua humildade era um manto bom e aquecedor. Um manto aquece só quem o traz, não em pensamento, mas em realidade. Assim também minha humildade aproveita só aqueles que se esforçam por imitá-la.

Martinho d’Alberto, jesuita, costumava varrer a casa e ajuntar o lixo por amor da Virgem, apareceu-lhe um dia a Mãe de Deus, refere o Padre Nieremberg, agradeceu-lhe esse obéquio, dizendo: “Como me é agradável a humilde ação que praticas por amor de mim”.

Oração: Ó minha Rainha, não poderei ser vosso filho, se não for humilde. Não vedes, porém, que meus pecados, depois de me terem tornado ingrato(a) ao meu Senhor, me tornaram também soberbo(a)? Ó minha Mãe, remediai a este mal e, pelos merecimentos de vossa humildade, impetrai-me a graça de ser humilde e tornar-me vosso(a) filho(a). Amém

 (Tirado do Livro Glorias de Maria de Santo Afonso de Ligório)

Nenhum comentário:

Postar um comentário