segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Meditações para o Natal (2).


JESUS NASCE MENINO. 


Considera que a primeira indicação dada pelo anjo aos pastores para reconhecerem o Messias recém-nascido, foi que o acharam sob a forma duma criança: Achareis um menino envolto em paninhos e reclinado num presépio. A pequenez das crianças é um grande atrativo para os corações; mas esse atrativo deve ser bem maior e poderoso para nós em Jesus, que, sendo Deus infinito, se fez pequeno por nosso amor, como observa S. Agostinho. 

Adão apareceu no mundo em estado de homem perfeito; mas o Verbo eterno quis nascer criança: Parvulus natus est nobis; e isso a fim de atrair mais fortemente nossos corações a seu amor. “Assim quis nascer, diz S. Pedro Crisólogo, Aquele que queria ser amado”. Não vem à terra espalhar o terror, mas conquistar o amor; eis porque quer mostrar-se primeiro como uma pobre e tenra criança. O Senhor é grande e infinitamente digno de louvores, exclama S. Bernardo, com o profetarei; mas considerando em seguida a Jesus feito uma criancinha no estábulo de Belém, o santo ajunta com ternura: “Esse Deus tão grande, meu soberano Senhor, se fez pequeno para mim, e se tornou excessivamente amável”. 

Ah! Quem olha com fé um Deus feito menino a chorar e gemer sobre a palha, numa gruta, por amor de nós, como poderia deixar de amá-lo e convidar a todos a amá-lo, como fazia S. Francisco de Assis que dizia: Amemos o Menino de Belém, amemos o Menino de Belém! É uma criança, não fala, só solta vagidos, que são outros tantos gritos de amor com que nos convida a amá-lo e a dar-lhe o nosso coração. 

Considera ainda que as crianças ganham o afeto por sua inocência. Todavia todas as outras crianças vêm ao mundo com a mancha do pecado original, ao passo que Jesus nasce em perfeita santidade, sem mancha alguma. O meu Dileto, dizia a Esposa sagrada, é todo rubro de amor e branco de inocência e pureza. Esse celeste Menino constitui as delícias do Padre eterno, porque, como diz S. Gregório, é o único absolutamente puro a seus olhos. 

Mas, consolemo-nos, embora sejamos pobres pecadores; esse divino Infante veio do céu para comunicar-nos a sua inocência por sua Paixão. Os seus méritos, se deles soubermos aproveitar-nos, podem mudar-nos de pecadores em santos. Ponhamos pois toda a nossa confiança nos méritos de Jesus Cristo; peçamos sempre por eles ao Pai eterno as graças que desejamos, e tudo nos será concedido.
Afetos e Súplicas. 

Pai celeste, eu miserável pecador digno do inferno, nada tenho para oferecer-vos as lágrimas, as penas, o sangue, a morte desse Menino inocente, que é vosso Filho, e peço-vos misericórdia por seus méritos. Se não tivesse esse divino Filho para vo-lo oferecer, estaria perdido, e não haveria mais esperança para mim; mas vós mo destes a fim que, oferecendo-vos os seus méritos, tenha esperança de salvação. Senhor, bem grande foi minha ingratidão, porém maior ainda é a vossa misericórdia. E que maior misericórdia podia eu esperar de vós que de me dardes o vosso próprio Filho por Redentor e como vítima que eu vos pudesse oferecer por meus pecados? Pelo amor de Jesus Cristo, perdoai as minhas ofensas; arrependo-me de todo o coração de vos haver desgostado, Bondade infinita! E também pelo amor de Jesus dai-me a santa perseverança. 

Ah! Meu Deus, se tornasse a ofender-vos depois que me esperastes com tanta paciência. Me aclarastes com tantas luzes, e me perdoastes com tanto amor, não mereceria um inferno criado expressamente para mim? Ah! Meu Pai, não me abandoneis; tremo ao pensar nas infidelidades de que me tornei culpado para convosco; quantas vezes vos voltei as costas depois de ter prometido amar-vos! Ó meu Criador, não permitais tenha eu a deplorar a desgraça de ver-me de novo privado da vossa graça e separado de vós. Não permitais me separe de vós! não permitais me separe de vós! Repito essa prece e quero repeti-la até o derradeiro suspiro de minha vida; mas dai-me a graça de repeti-la sem cessar Não permitais me separe de vós! Meu Jesus, ó caro Infante, prendei-me a vós pelas cadeias do vosso amor; amo-vos e quero amar-vos eternamente; não permitais me separe jamais de vosso amor.

Amo-vos também, Maria, minha Mãe; dignai-vos amar-me também, e como penhor de amor, obtende-me a graça de não cessar jamais de amar o meu Deus.

( Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo por S. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. Edição Pdf Aparecida – 2004 – Fl. Castro)

Nenhum comentário:

Postar um comentário