DO NASCIMENTO DE JESUS.
O nascimento de Jesus
Cristo foi motivo de alegria para todo o mundo. Ele era o Redentor esperado há
tantos anos e o objeto de tantos suspiros que foi chamado o “Desejado das
nações” e o “Desejo das colinas eternas”. Eis que veio; nasceu numa pequena
gruta. Imaginemos que o anjo nos anuncia hoje esse grande motivo de júbilo que
anunciou aos pastores de Belém: Eis que vos anuncio uma grande alegria que será partilhada por
todo o povo, pois nasceu-vos hoje o Salvador. Que festa num reino por ocasião do nascimento do primeiro filho
do rei! Devemos, porém regozijar-nos ainda mais vendo nascer o Filho de Deus,
que premido pelas entranhas
de sua misericórdia, do céu veio visitar-nos. Estávamos perdidos, e eis que ele veio
ao mundo para salvar-nos. Eis o pastor que veio salvar suas ovelhas da morte,
dando sua vida por seu amor. Eu sou o bom Pastor, diz ele, o bom Pastor dá sua vida por suas ovelhas. Eis o Cordeiro de Deus
que veio imolar-se para nos obter a graça divina, e para ser o nosso
libertador, a nossa vida, a nossa luz, e até nosso alimento no Santíssimo Sacramento.
Segundo S. Máximo, um
dos motivos pelos quais Jesus quis, nascendo, ser colocado num presépio, onde
os animais tomam seu alimento, foi dar-nos a entender que se fez homem não só
para salvar-nos, mas também para ser o nosso alimento. Ainda mais, nasce todos
os dias na Missa entre as mãos do sacerdote pela consagração: o altar é o
presépio onde nos saciamos de sua carne divina. Há pessoas que desejariam receber
em seus braços o santo Infante, como o santo velho Simeão; ora, a fé nos ensina
que quando comungamos temos não só nos braços, mas no coração esse mesmo Jesus
que estava no presépio de Belém. Nasceu precisamente para dar-se inteiramente a
nós: Nasceu-nos um Menino,
foi-nos dado um Filho.
Afetos e Súplicas.
Andei errante, como
ovelha, que se desgarrou; busca o teu servo. Senhor, sou essa pobre ovelha que, para seguir seus gostos e
caprichos, se perdeu miseravelmente; mas vós, Pastor e Cordeiro divino, viestes
do céu para salvar-me imolando-vos sobre a cruz como vítima de expiação por
meus pecados: Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado. Se quero, pois
corrigir-me, que tenho a temer? Não devo confiar inteiramente em vós que
nascestes justamente para salvar-me? Eis que Deus é meu Salvador; agirei com confiança e nada temereis.
E que maior prova de
misericórdia poderíeis dar-me, meu doce Redentor, para obrigar-me a confiar em
vós, do que o terdes-vos dado a mim? Ó caro Menino, quanto sinto ter-vos
ofendido! Eu vos fiz chorar no estábulo de Belém, mas, sabendo que viestes para
me buscar, lanço-me aos vossos pés; e embora vos veja tão aflito e humilhado
nesse presépio em que repousais sobre palha, reconheço-vos por meu Rei e meu
soberano Senhor.
Ouço os vossos ternos vagidos, que me convidam a amar-vos, e
me pedem o coração; ei-lo, Jesus, estou agora aos vossos pés para vo-lo
oferecer; transformai-o e inflamai-o, já que viestes ao mundo para abrasar os
corações de vosso santo amor. Ouço-vos dizer-me do presépio: Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração; e eu respondo: Ah! Meu Jesus, se não amo a vós que sois meu
Senhor e meu Deus, a quem amarei então? Vós vos declarais minha propriedade,
pois que nasceis para vos dar todo a mim; e eu recusaria ser vosso? Não, meu
amado Senhor, dou-me todo a vós, e amo-vos de todo o meu coração. Sim, amo-vos,
amo-vos, amo-vos, ó Bem supremo, único amor de minha alma! Por favor,
recebei-me hoje, e não permitais eu cesse jamais de amar-vos.
Ó Maria,
minha Soberana, eu vos conjuro pela alegria de que fostes inundada a primeira
vez que os vossos olhos viram vosso divino Filho em seu nascimento e os vossos
braços o apertaram contra o vosso seio materno, pedi-lhe aceite a oferta que
lhe faço de mim mesmo, e me prenda a ele para sempre pelo dom de seu santo
amor.
( Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo por S. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. Edição Pdf Aparecida – 2004 – Fl. Castro)
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