A Imaculada Conceição
"Tota
pulchra es! Toda formosa, ó Maria, e em Vós não há mácula original" (Vésp.)
Esta exclamação que a Santa Igreja nos coloca nos
lábios é bem o grito espontâneo da humanidade inteira, que traz consigo,
gravadas na sua carne, as conseqüências funestas do pecado, diante da
pureza sem mácula da Virgem Maria. Deus determinara desde a eternidade fazer de
Maria a Mãe do Verbo Incarnado (Ep.) e adornou-A para isso com galas de
santidade (Introd.) e fez assim da sua alma, que ilibrou do pecado, digna morada
de Seu Filho (Or.)
Esta redenção total que assim preservou a Virgem,
desde a conceição, da mancha e conseqüências do pecado de Adão, não deve
separar-se da nossa própria redenção. A Festa da Imaculada anuncia, no coração
do Advento, os esplendores da incarnação redentora. A festa que hoje celebramos
e que foi instituída por Pio XI a seguir à declaração do dogma (ver: Bula "Ineffabilis Deus"), conheceu vários
precedentes. Já no século VIII se celebrava no Oriente a festa da Imaculada,
que vamos encontrar no IX na Irlanda e no XI na Inglaterra.
Estas festas são o testemunho do culto tradicional
da pureza, sem mácula, da Senhora, e a definição pontíficia nada mais fez que
precisar e afirmar a fé constante da Igreja.
(Missal Quotidiano e Vesperal - Dom Gaspar
Lefebvre)
____________________________________
Excertos de Glórias de Maria - Santo
Afonso Maria de Ligório
(Tratado I - As festas de Nossa
Senhora)
Nenhum outro filho pode escolher sua
Mãe. Mas se a algum deles fosse dada tal escolha, qual seria aquele que,
podendo ter por Mãe uma rainha, a quisesse escrava? Ou, podendo tê-la nobre, a
quisesse vil? Ou podendo tê-la amiga, a quisesse inimiga de Deus? Ora, o Filho
de Deus, e Ele tão somente, pode escolher-se mãe a seu agrado. Por conseguinte,
deve-se ter por certo que a escolheu tal qual convinha a um Deus. Mas a um Deus
puríssimo convinha uma Mãe isenta de toda culpa.
Fê-la, por isso, imaculada, escreve S.Bernardino de
Sena. E aqui quadra uma passagem de S.Paulo: Pois convinha que houvesse para
nós um pontífice tal, santo, inocente, impoluto, segregado dos pecadores.
(Hb 7,26)
Um douto autor faz observar que, segundo o
Apóstolo, foi conveniente que nosso Redentor fosse separado tanto do pecado
como até dos pecadores. Também S.Tomás o afirma com as palavras: Aquele que
veio para tirar o pecado, devia ser segregado dos pecadores, quanto à culpa que
pesava sobre Adão. Mas como poderia Jesus Cristo dizer-se separado dos
pecadores, se pecadora lhe fosse a Mãe?
Diz S.Ambrósio: Cristo procurou-se, não aqui na
terra, mas no céu, um vaso de eleição no qual baixou ao mundo, e fez do seio da
Virgem um templo sagrado. Em seguida, faz o Santo alusão às palavras de
S.Paulo: O primeiro homem, formado da terra. é terreno: o segundo, vindo do
céu, é celeste (I Cor 15,47). De vaso celeste chama Ambrósio a Divina Mãe.
Não que Maria não fosse terrena por natureza, como sonhariam alguns hereges,
mas porque ela é celeste pela graça, e excede os anjos do céu em santidade e
pureza.
Oração
Ó minha Senhora, minha Imaculada, alegro-me
convosco por ver-vos enriquecida de tanta pureza. Agradeço e proponho agradecer
sempre a nosso comum Criador por ter-vos Ele preservado de toda mancha de
culpa. Disso tenho plena convicção, e para defender este vosso tão grande e
singular privilégio da Imaculada Conceição, juro dar até a minha vida. estou
pronto a fazê-lo, se preciso for.
Desejaria que o mundo universo vos reconhesse e
confessasse como aquela formosa aurora, sempre adornada da divina luz; como
aquela arca eleita de salvação, livre do comum naufrágio do pecado; como aquela
perfeita e imaculada pomba, qual vos declarou vosso divino esposo; como aquele
jardim fechado, que foi as delícias de Deus, como aquela fonte selada, na qual
o inimigo jamais pôde entrar para turvá-la; como aquele cândido lírio,
finalmente, que, brotando entre os espinhos dos filhos de Adão, enquanto todos
nascem manchados da culpa e inimigos de Deus, vós nascestes pura e imaculada,
amiga de vosso Criador.
Consenti, pois, que ainda vos louve, como vos
louvou vosso próprio Deus: Toda sois formosa e em vós não há mancha. Ó
pomba puríssima, toda cândida, toda bela, sempre amiga de Deus!
Dulcíssima, amabilíssima, Imaculada Maria, vós que
sois tão bela aos olhos do Senhor, não recuseis olhar com vossos olhos as
chagas tão asquerosas de minha alma. Olhai-me, compadecei-vos de mim, e
curai-me.
Ó bela imã dos corações, atraí para vós também este
meu miserável coração. Tende piedade de mim, que não só nasci em pecado, mas
ainda depois do batismo manchei minha alma com novas culpas, ó Senhora, que
desde o primeiro instante de vossa vida aparecestes bela e pura aos olhos de
Deus. Que graça vos poderá negar o Deus que vos escolheu para sua Filha, sua
Mãe e sua Esposa, e por essa razão vos preservou de toda mancha?
Virgem Imaculada, a vós compete salvar-me,
dir-vos-ei com S.Filipe Néri. Fazei que me lembre de vós; e não vos esqueçais
de mim. Parece tardar mil anos o momento de ir contemplar vossa beleza no
Paraíso, para melhor louvar-vos e amar-vos, minha Mãe, minha Rainha, minha
Amada, belíssima, dulcíssima, puríssima, imaculada Maria. Amém
Nenhum comentário:
Postar um comentário