O Católico
e o Sofrimento
Por Gustavo
Corção
Pode-se dizer que o católico, na medida em que é fiel e
coerente, possui um equilíbrio, uma paz interior que o homem do mundo
desconhece; mas essa paz não quer dizer ausência de sofrimento. Seria mais
acertado dizer que o católico, na medida em que progride no caminho que Deus
lhe propõe, alarga na alma espaços novos para a dor. Como no seu próprio Filho,
com o suor sanguíneo, preparou a pele para a subsequente flagelação, assim
também a nossa é preparada, é enriquecida com um grau de sensibilidade que o mundo
não suspeita. O católico na medida em que procura ser o que é, aprende a sofrer
como o músico aprende a ouvir e o pintor aprende a ver. [...]
Os seguidores de Cristo aprendem a sofrer, mas é agora num
outro sentido que repetimos a sentença: aprendem a sofrer, não somente porque
adquirem ouvido mais fino para os desconcertos do mundo, mas também, e
sobretudo, porque adquirem a compreensão do valor positivo e construtivo da
dor. Aprendem a sofrer para os outros e pelos outros. Se é verdade que o mundo anda
cheio de aflições é também verdade que nem sempre os homens as sentem como
deveriam sentir. Ora, é preciso que as injustiças sejam sentidas como
injustiças, que o mal seja visto como mal, que as ofensas a Deus sejam
compreendidas como ofensas a Deus; e por isso é necessário que uma equipe
assuma na carne essa dívida tremenda, e que chore por seus olhos as lágrimas
dos outros. E através de um sutil mecanismo que o mundo não conhece, mas dele
se beneficia, essas lágrimas trarão alívio àqueles que as não choraram. Pelos
outros como vítimas oferecidas, e para os outros como pagadores de um resgate,
assim aprendem a sofrer os que caminham na sequela do Homem das Dores.
Fonte: Grupo São Domingos de Gusmão
Fonte Origem: Livro: Claro Escuro -
Livraria AGIR Editora. 2a. edição, p.125.
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