terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Católico e o Sofrimento - Gustavo Corção



O Católico e o Sofrimento
Por Gustavo Corção




Pode-se dizer que o católico, na medida em que é fiel e coerente, possui um equilíbrio, uma paz interior que o homem do mundo desconhece; mas essa paz não quer dizer ausência de sofrimento. Seria mais acertado dizer que o católico, na medida em que progride no caminho que Deus lhe propõe, alarga na alma espaços novos para a dor. Como no seu próprio Filho, com o suor sanguíneo, preparou a pele para a subsequente flagelação, assim também a nossa é preparada, é enriquecida com um grau de sensibilidade que o mundo não suspeita. O católico na medida em que procura ser o que é, aprende a sofrer como o músico aprende a ouvir e o pintor aprende a ver. [...]

Os seguidores de Cristo aprendem a sofrer, mas é agora num outro sentido que repetimos a sentença: aprendem a sofrer, não somente porque adquirem ouvido mais fino para os desconcertos do mundo, mas também, e sobretudo, porque adquirem a compreensão do valor positivo e construtivo da dor. Aprendem a sofrer para os outros e pelos outros. Se é verdade que o mundo anda cheio de aflições é também verdade que nem sempre os homens as sentem como deveriam sentir. Ora, é preciso que as injustiças sejam sentidas como injustiças, que o mal seja visto como mal, que as ofensas a Deus sejam compreendidas como ofensas a Deus; e por isso é necessário que uma equipe assuma na carne essa dívida tremenda, e que chore por seus olhos as lágrimas dos outros. E através de um sutil mecanismo que o mundo não conhece, mas dele se beneficia, essas lágrimas trarão alívio àqueles que as não choraram. Pelos outros como vítimas oferecidas, e para os outros como pagadores de um resgate, assim aprendem a sofrer os que caminham na sequela do Homem das Dores. 

Fonte: Grupo São Domingos de Gusmão 

Fonte Origem: Livro: Claro Escuro - Livraria AGIR Editora. 2a. edição, p.125.


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