Fonte: Alexandria Católica.
Nota do blog:
‘A Última ao Cadafalso’ de Gertrud von Le Fort e ‘Diálogos das Carmelitas’
de Georges Bernanos são dois livros que
narram a história do massacre de 16 Carmelitas na época da Revolução Francesa.
Cheios de detalhes, estes livros nos comovem pela postura piedosa e corajosa
das Carmelitas diante desta revolução que tiravam a força Deus do centro da
sociedade. O ‘Diálogos das Carmelitas’ de Georges
Bernanos é um livro em forma de diálogos que se baseou no livro ‘A
Última ao Cadafalso’ de Gertrud von Le Fort. Ambos
merecem nossa leitura e nos enche espiritualmente de grandes sentimentos.
Clique nos títulos abaixos para fazer download dos livros:
Georges Bernanos
Segundo a Novela de
Gertrud von Le Fort
Cenário do R. P.
Bruckberger e de Philippe Agostini
Livro de 1960
(Livro escrito em cenas.)
(Gertrud von le Fort)
Precisamos impregnar nossa alma de bons
exemplos, muitos se converteram ao ver o massacre das carmelitas de
Compiègne e outros decidiram mudar radicalmente de vida, tocados no âmago da
alma por aquele exemplo de pureza e santidade, afinal "as
palavras convencem, mas o exemplo arrasta" e, não é à toa, que a
Igreja nos propõe os santos como modelo de vida a ser imitado!
"Escrita em 1931, A Útima ao Cadafalso narra
a história do martírio de 16 monjas Carmelitas, vítimas da Revolução Francesa,
no ano de 1794. Esta Revolução encontrava em sua bandeira os ideais de
Liberdade, Fraternidade e Igualdade. Mas ninguém é tão fiel a seus ideais a
ponto de suportar, democraticamente, o falseamento aparente, por
terceiros, de suas intuições salvadoras. E foi isto o que se passou, também,
com os propugnadores de tão altos valores revolucionários.
A imaturidade ainda dissoluta dos que proclamavam
a liberdade atropelou e levou à guilhotina os que não cantavam a 'Carmagnole' e
não davam, em praça pública, vivas à Nação. O condutor da trama do livro
sentencia com justiça, sem nenhuma amargura: "O trágico não foi que nossos
ideais tenham sido falsos, mas apenas insuficientes."
Mais do que a história trágica de 16 monjas,
inofensivas e frágeis, que sobem para o sacrifício final de suas vidas,
cantando e testemunhando sua fé. Nela se retrata, cruamente, o permanente
problema humano, até hoje irresolvido: O que fazer com o poder? Como usar a
força? Ou, em outras palavras, quem é forte? Quem é fraco? Quem é que vence a
luta pela sobrevivência? Ou quem é que permanecerá vivo na memória das gerações
futuras: os tiranos que usam e abusam do poder ou o povo que, com dignidade,
sobe ao patíbulo, testemunhando suas crenças e cantando seus hinos?
Gertrud von le Fort concentra suas análises em
duas personagens dentro de um mosteiro carmelita: a primeira, Irmã Maria da
Encarnação, é forte, goza de raro discernimento das situações, é intremível nas
decisões, mostra grandeza e majestade, mesmo quando reduzida ao silêncio e à
obediência É a Superiora da comunidade. A segunda, a noviça Blanche de la
Force, que as coirmãs teimam em cognominar 'de la Faiblesse', é tímida e
amedrontada, frágil e derrotada, trânsfuga do mosteiro e marcada pelo medo
desde o útero materno. Vive angustiada, embora creia em si mesma, ou melhor,
numa força que parece subjazer a capa frágil de sua personalidade Quem delas
está mais preparada para o grande desafio do martírio. Quem cantará mais forte
diante da guilhotina?
A pessoa é, na verdade, muito mais do que suas
aparências, O seu mistério profundo a suplanta, decisivamente, para o espanto
de si mesma e para a admiração dos outros Sobre cada vida, quem poderá
dizer a última palavra, lavrar um juízo definitivo? Tentamos fazê-lo,
superficialmente, quase todos os dias. Mas o mistério do ser humano deveria
recolher-nos a um respeitoso silêncio, pois, para surpresa nossa, a última ao
cadafalso pode vir a ser uma monja fraca e amedrontada. Dela pode ser o canto
mais forte diante da lâmina reluzente da guilhotina e dos apupos bizarros de
uma multidão imbecilizada por ideais mal digeridos. Mais do que nossas
coragens, valem as forças estranhas que se escondem palpitantes no fundo do
nosso ser, que, pare os cristãos, se chamam de graça e, para todos os
homens, de mistério: O insondável mistério humano, que Gertrud von le Fort
tratou tão bem neste livro."
(Frei Neylor J. Tonin, O.F.M.)
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