sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta Dor de Nossa Senhora - JESUS É DESCIDO DA CRUZ.



Fonte: São Pio V
 
Meditação das Dores de Nossa Senhora de Santo Afonso Maria Ligório
Sexta Dor de Maria Santíssima – Jesus é descido da Cruz.




Ioseph, deponens eum, involvit sindone“José, depondo-O da cruz, O amortalhou no sudário” (Marc. 15, 46).

Sumário. Consideremos como, depois da morte do Senhor, dois dos seus discípulos, José e Nicodemos, o descem da cruz e O depõem nos braços da aflita Mãe, que com ternura O recebe e O aperta contra o peito. Se Maria fosse ainda capaz de dor, que pena sentiria vendo que os homens, tendo visto seu Filho morto por amor deles, continuam a maltratá-Lo com os seus pecados? Não atormentemos mais a nossa aflita mãe, e se pelo passado nós também a temos afligido com as nossas culpas, voltemos arrependidos ao Coração aberto de seu Jesus.

I. Temendo a Mãe dolorosa, que depois do ultraje da lançada outras injúrias fossem feitas a seu amado Filho, pede a José de Arimatéia, obtivesse de Pilatos o corpo de seu Jesus, afim de que ao menos morto O pudesse guardar e livrar dos ultrajes. Foi José ter com Pilatos e expôs-Lhe a dor e o desejo da aflita Mãe, e diz Santo Anselmo que a compaixão para com ela enterneceu Pilatos e o moveu a conceder-lhe o corpo do Salvador.

Eis que descem Jesus da cruz. Foi revelado a Santa Brígida que para o descimento encostaram à cruz três escadas. Primeiro, os santos discípulos despregaram as mãos e depois os pés, e os cravos foram entregues a Maria, como refere Metaphrastes. Depois, segurando um o corpo de Jesus por cima, e outro por baixo, o desceram da cruz. Bernardino de Bustis medita como a aflita Mãe se levanta sobre as pontas dos pés, e, estendendo os braços, vai receber o querido Filho; abraça-O e depois senta-se debaixo da cruz.

Ve a boca aberta e os olhos escurecidos; examina aquelas carnes dilaceradas, aqueles ossos descarnados; tira-Lhe a coroa e examina o estrago feito pelos espinhos naquela santa cabeça; observa as mãos e os pés traspassados, e diz: Ah, meu Filho! A que estado te reduziu o amor para com os homens! Que mal lhes fizeste para assim te maltratarem? Ah! Meu Filho, vê como estou aflita, olha-me e consola-me; mas já não me vês. Fala, dize-me uma palavra e consola-me; mas já não falas, porque estás morto... Ó espinhos cruéis, cravos atrozes, bárbara lança, como pudestes atormentar assim o vosso Criador? Mas, que espinhos, que cravos! Ah, pecadores, exclamava, assim tendes maltratado o meu Filho!

II. Ó Virgem Santíssima, depois que vós com tanto amor destes ao mundo o vosso Filho para a nossa salvação, eis que o mundo já vo-Lo restitui. – Mas, ó Deus! Como mo restituis tu? Dizia então Maria ao mundo. Dilectus meus candidus et rubicundus (1). Meu Filho era branco e vermelho, não pela cor, mas pelas chagas que lhe tens aberto. Ele era belo, agora, em vez de belo, é todo deforme; ele encantava com o seu aspecto, agora causa horror a quem o vê.

Assim se expressava então Maria e se queixava de nós. Mas se agora fosse ainda capaz de dor, que diria? E que pena sentiria, ao ver que os homens, depois da morte de seu Filho, continuam a maltratá-Lo e crucificá-Lo com os seus pecados? Não continuemos, pois, a atormentar esta dolorosa Mãe, e se pelo passado nós também a temos afligido com as nossas culpas, façamos o que ela mesma nos diz: Redite, praevaricatores, ad cor (2): Pecadores, voltai ao Coração ferido de meu Jesus; voltai arrependidos, e Ele vos acolherá. – Revelou a mesma Bem-aventurada Virgem a Santa Brígida, que ao Filho descido da cruz ela fechou os olhos, mas não pode fechar-Lhe os braços, dando com isso Jesus Cristo a entender que queria ficar com os braços abertos, para acolher todos os pecadores arrependidos, que voltam para Ele.

Ó Virgem dolorosa, ó alma grande nas virtudes e grande também nas dores, pois que tanto estas como aquelas nascem do grande incêndio de amor que tendes a Deus. Ah, minha Mãe! Tende piedade de mim, que não tenho amado a Deus e o tenho ofendido. As vossas dores me dão grande confiança para esperar o perdão. Mas isto não me basta; quero também amar o meu Senhor, e quem me pode alcançar isto melhor do que vós, que sois a Mãe do belo amor? Ah Maria! Vós consolais a todos; consolai-me também a mim. (*I 249.)

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1. Cant. 5, 10.
2. Is. 46, 8.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 418 - 420.)


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