quarta-feira, 13 de março de 2013

Os Futuros Chefes de Família





PREPARAÇÃO AO MATRIMÔNIO
          30 de Agosto de 1940

Monsenhor Henrique Magalhães
A Igreja e seus mandamentos,  edição de 1946.


                  Voltemos hoje as nossas vistas para os futuros chefes de família.

            Que é mocidade? - É, dirão muitos, o tempo feliz, em que não se têm preocupações, e que docemente corre, como as águas tranquilas de um rio...

            Que a mocidade seja um bom tempo, não há dúvida. Mas um período em que não se pensa em nada seriamente? em que não se têm cuidados, preocupações? - Isso é que não! Ninguém confunda mocidade com infância. Esta é que é a idade da irreflexão. E, quando os moços dão para agir como "crianças grandes", e não querem assumir responsabilidades, tudo vai mal. E grande parte das desgraças que infelicitam muitos lares na hora presente deve ser atribuída ao erro generalizado de que "os rapazes precisam aproveitar sua mocidade, gozar a vida", mesmo com prejuízo de terceiros. Falemos mais claramente: grande parte dos males sociais hodiernos vem da desorientação dos moços. Cultivam certas afeições, vencem infelizes corações que têm sede de carícias, dominam-nos, convencem-nos de que a vida é o momento fugaz do prazer, e por isso é urgente gozá-la e... obtêm o que desejam. Passado o entusiasmo, tudo está acabado cada qual para seu lado. Ele, sem preocupações, livre, desimpedido, já à caça de um novo amor. E ela... desgraçada para sempre!

            Um ilustre sociólogo contemporâneo, apresenta o seguinte quadro de valores, na preparação dos futuros chefes de família: um valor profissional; um valor social; um valor moral; um valor cristão.

            Primeiro ele apresenta o valor profissional. É justo. O jovem que pretende casar-se e viver à custa da mulher ou da família desta ou da própria família é um errado. Que prestígio pode ter um chefe, que se apresenta como subordinado como inferior, na dependência econômica de quem tudo devia dele esperar? Ou na dependência de seus pais?

            Sendo o período da aquisição do valor profissional um período de formação, é preferível na sua vigência, não assumir compromisso nenhum. Isso de ficar a jovem presa dois, quatro, seis e mais anos... até que o seu desejado consiga os meios necessários para constituir família nem sempre da bom resultado. "Cresça e apareça", diziam os antigos. E parece-me que isto é princípio de boa filosofia.

            Encaminhem; pois, os pais a seus filhos convenientemente. Conduzam-nos desde cedo para o estudo, para uma carreira, para um ofício. Nem ficam dispensados de tal missão os pais ricos, que têm muito para fazer a fortuna de seus filhos. Nada como o indivíduo ganhar sua vida por si, sabendo o valor daquilo que vai gastar, sentindo mesmo o peso das suas responsabilidades.

            Quanto ao valor social, procurem as famílias assegurar para os seus rapazes uma posição adequada à própria categoria. O pobre, como pobre. O remediado e o rico, como tais. E os casamentos devem ser, de preferência, entre pessoas do mesmo valor social. As desigualdades neste particular não provam bem.

            O valor moral é muito importante, pois mantém o equilíbrio dos dois primeiros, eleva-os, dignifica-os. O homem de bem é um elemento precioso na família e na sociedade. Para adquirir esse valor, cultivem-se os bons costumes desde a infância. Evitem as más companhias. Fuja-se do álcool e do jogo; das noitadas passadas em claro, desperdiçando o dinheiro, a saúde e o tempo. Respeite-se a juventude feminina. Compenetre-se o jovem de que só cumprindo nobremente os seus deveres e guardando seu coração para dedicá-lo a um verdadeiro e puro amor, será um digno chefe de família no futuro.

            Os valores profissional e social só se consideram verdadeiros num homem de bem.
            
O valor religioso, cristão – é a luz que faz brilhar o futuro chefe de família. Mantém as outras qualidades, aperfeiçoando-as cada vez mais. Refreia as paixões, modera a alegria, conforta na dor e prepara o homem para a eterna viagem, fazendo-o adormecer tranquilamente na paz do Senhor.


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