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| (O batismo de uma criança pelo sacerdote) | 
Parece que o batismo não nos libera totalmente do reato do pecado.
1. — Pois, diz o Apóstolo: As coisas de Deus são ordenadas.
 Ora, é a culpa que faz entrar na ordem a pena, como diz Agostinho. 
Logo, o batismo não exclui o reato da pena dos pecados precedentes. 
2.
 Demais. — O efeito do sacramento tem alguma semelhança com o próprio 
sacramento; pois, os sacramentos da lei nova realizam realmente o que 
figuram como se disse. Ora, a ablução batismal, tem por certo alguma 
semelhança com a ablução da mácula, mas nenhuma tem com a liberação do 
reato da pena. Logo, o batismo não dele o reato da pena. 
3.
 Demais. — Excluído o reato da pena, já ninguém continua digno dela, e 
portanto a punição é injusta. Se, pois, o batismo tira o reato da pena, 
seria injusto depois do batismo enforcar um ladrão que antes praticou 
um homicídio. E assim o batismo faria desaparecer o rigor da disciplina 
humana, o que é inconveniente. Logo, a batismo não tira o reato da pena.
MAS, EM CONTRÁRIO,
 àquilo do Apóstolo - Os dons e a vocação de Deus são imutáveis - diz 
Ambrósio: A graça de Deus no batismo, tudo perdoa gratuitamente. 
SOLUÇÃO. — Como dissemos pelo batismo nos incorporamos à paixão e à morte de Cristo, segundo aquilo do Apóstolo: Se somos mortos com Cristo cremos que juntamente viveremos também com Cristo.
 Por onde é claro que a todo batizado é comunicada a paixão de Cristo 
como remédio, como se esse próprio batizado a tivesse sofrido e tivesses
 satisfação suficiente por todos os pecados de todos os homens. Logo, o 
batizado fica livre totalmente do reato da pena que deveria sofrer, por
 causa do pecado, como se tivesse suficientemente satisfeito por todos 
os seus pecados. 
DONDE
 A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A pena da paixão de Cristo se comunica
 ao batizado, enquanto se torna membro de Cristo, como se ele próprio 
tivesse sofrido essa pena; por isso pela pena da paixão de Cristo os 
pecados do batizado reentram na ordem. 
RESPOSTA
 À SEGUNDA. — A água não somente lava, mas também refresca. E assim, o 
seu refrigério significa o reato da pena, como a sua ablução significa a
 purificação da culpa. 
RESPOSTA
 À TERCEIRA. — As penas impostas pelo juízo humano não só levam em conta
 a pena merecida por um homem, relativamente a Deus, mas ainda em que 
fica obrigado para com os outros homens, lesados e escandalizados pelo 
seu pecado. Por isso embora o homicida seja liberado pelo batismo do 
reato da pena devida a Deus, fica ainda contudo obrigado a ela perante 
os homens, que é justo se edifiquem pela pena assim como foram 
escandalizados pela culpa. Contudo e por um sentimento de piedade, o 
príncipe poderá exercer a sua clemência para com esses tais. 
(Suma Teológica, III par, q.69, a.2) 

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