1. Oh! O Céu! O Céu! Sim, quanto suspiro por ele para ver a Face
de Jesus e contemplar eternamente a Sua maravilhosa beleza; mas enquanto espero
desejo sofre muito e ser desprezada nesta terra.
2. Não, não posso temer o purgatório, pois sei que o fogo do amor
é mais santificador; sei que Jesus não pode querer sofrimentos inúteis e que
não me havia de inspirar os desejos que me abrasam se os não quisesse realizar.
3. Não esqueçamos que Jesus é um tesouro escondido: poucas almas
sabem descobri-Lo, pois geralmente ama-se só o que brilha. Para acharmos uma
coisa oculta é preciso que nos ocultemos também, que a nossa vida seja um
mistério...
4. Não quero mais nada senão o esquecimento... Não aspiro aos
desprezos, às injúrias, tudo isso seria demasiadamente glorioso para o “grão de areia”, pois se alguém
desprezasse um grão de areia seria sinal de que o via e pensava nele.
5. Quando nos sentimos totalmente miseráveis, não nos queremos
mais considerar, olhamos somente para o nosso único Amado.
6. Não imaginemos encontrar o amor sem sofrimentos; a nossa
natureza está viva e não é em vão que está viva; mas que tesouros nos faz
adquirir. É ela a nossa riqueza, nosso meios de subsistência.
7. Sim, a felicidade encontro-a na dor sem mistura de
consolação.
8. É preciso lutar para vencer: É cedo para as palmas e coroas,
Cumpre nos campos da honra merecer.
9. Sou uma pobre bolinha crivada de picadas de alfinetes, e já
não agüento mais. É verdade que os furos são bem pequenos, mas sofro mais assim
do que com um maior, feito de uma só vez. Oh! A bolinha treme! No entanto,
sinto-me feliz, feliz de sofrer tudo que Jesus permite...
10. Viver de amor. Não é neste degredo. Fixar-se no Tabor; é com
Jesus. Subir pelo calvário sem ter medo. E olhar como maior tesouro a Cruz. Hei
de viver, de gozar lá no Império. Então terá fugido a dor. Mas cá na terra
quero em meu martírio. Viver de amor.
11. Nenhuma tribulação é demasiada para conquistar a palma.
12. Um dia sem sofrimento é para mim um dia perdido.
13. Que fez Jesus para desprender a nossa alma de todas a coisas
criadas? Ah! Ele nos feriu profundamente, mas foi um golpe de amor... Deus é
admirável, mas, sobretudo, Ele é amável.
14. É uma grande provação ver tudo negro; mas isso não depende de
nós inteiramente; fazei o que puderdes para desapegar o vosso coração das preocupações
terrenas e, sobretudo, das criaturas, e ficai certas que Jesus fará o resto.
15. Quão poucas são as almas que nenhuma ação fazem com
negligência e imperfeição! Como são raras as que fazem tudo do melhor modo
possível!
16. Li outrora que os Israelitas, quando construíram o muro de
Jerusalém, trabalharam com uma das mãos, tendo na outra a espada. É a perfeita
imagem do que devemos fazer. Trabalhar apenas com uma das mãos, e com a outra
defender a nossa alma da dissipação que a impede de unir-se a Deus.
17. Deus faz-se
representar por quem lhe apraz, essa escolha não tem importância. Sim, eu sei
já me persuadi que Deus não precisa de ninguém, muito menos de mim, para fazer
bem à terra.
18. Muitas vezes as belas
palavras que se escrevem e as belas palavras que se recebem são apenas troca de
moeda falsa.
19. Ah! Que veneno feito de louvores é ofertado diariamente
àqueles que ocupam os primeiros lugares! Que funesto incenso. E quanto deve
está desprendida de tudo a alma para não experimentar com isso o prejuízo!
20. Oh! É bem grande a minha dor! Sou, porém, a bolinha do Menino
Jesus: se Lhe apraz quebrar o Seu brinquedo, pode fazê-Lo, é livre; sim, não
quero senão o que Ele quer.
21. Com as almas que dirigimos, devemos ser verdadeiros e dizer o
que pensamos, assim procede sempre; se não sou estimada, pouco importa, não é a
estima que procuro. Não venham ter comigo, se não querem ouvir a verdade por
completo.
22. Não posso pensar na
querida Santa Cecília, sem sentir-me encantada! Que modelo! No meio de um mundo
pagão, no meio do perigo, no momento em que tinha de se unir a um mortal que
não respira senão amor profano parece-me que ela deveria temer e chorar. Mas
não, enquanto os instrumentos de alegria celebravam as núpcias, Cecília cantava
em seu coração. Que abandono!
23. Deus fez-me a graça de não ter nenhum medo à guerra; custe o
que custar, é preciso que cumpra o meu dever. Mas o que sobretudo me custa, é
observar as faltas, as mais leves imperfeições e fazer-lhes guerra de morte. Preferia
receber mil.
24. Na direção das almas
não devemos deixar correr as coisas com o fim de conservar o nosso repouso;
combatamos sem trégua, ainda mesmo sem esperança de ganhar a batalha. Que importa
o sucesso! Se encontrarmos uma alma de natural, difícil não digamos: “Aqui nada há a fazer!... Não tem compreensão!... é melhor
deixá-la... não posso mais...”. Oh! É covardia falar
deste modo, é preciso cumprir o dever até o fim.
25. É unicamente pela oração e pelo sacrifício que podemos ser
úteis à Igreja.
26. É absolutamente indispensável na direção das almas,
prescindir do próprio gosto, das idéias pessoais, e guiá-las não pela vereda
que se segue, não pelo próprio caminho, mas pela senda especial que lhes traça
Jesus.
27. “Meu gozo, minha dor, meus leves sacrifícios. Eis minha flores”.
28. Quando formos mal compreendidos e julgados desfavoravelmente,
de que servirá nos defendermos e entrarmos em explicações? Deixemos passar
tudo, não digamos: é tão doce o deixar-se julgar, pouco importa como! O silêncio
bem-aventurado, que tanta paz dá a alma.
29. Faz-nos tanto bem, e
dá-nos tanta força calar nossas penas!
30. Jesus desejo que a salvação das almas dependa de nossos
sacrifícios de nosso amor.
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