segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Única Necessidade





O homem está neste mundo para conhecer, amar e servir a Deus. Eis aí a sua grande ocupação, sem a qual todas as outras seriam inúteis. Por isso, afirma um doutor da Igreja: -“O homem que quer viver para outra coisa, que não para Deus, não tem razão de viver”.

“É para Vós mesmo, ó meu Deus! Que criastes todas as coisas; e aquele que se quer pertencer a si mesmo e não a Vós, certamente, entre todas as coisas se reduz a não ser coisa alguma”.

Assim, pois, a tarefa principal da alma humana é viver em condições de poder alcançar a Salvação Eterna. Preparar a nossa Salvação é tender ao fim para que fomos criados: é cooperar com Jesus Cristo na santificação da nossa alma; é fazer frutificar a graça que Ele nos dispensou; é trabalhar por nos desprendermos do mal, afim de nos unirmos ao soberano Bem.


Ai de nós! São bem raras as almas que preenchem com energia estas condições da verdadeira felicidade! Vêem o céu, aspiram a ele; e não se levantam nem se põe a caminho para lá. Os pensamentos, as aspirações e as palavras elevam-se às alturas, mas o coração, as afeições e os cuidados não passam da terra. “Marta, Marta, com muitas coisas te incomodas, quando uma só te é necessária”. Esta admoestação de Jesus Cristo é aplicável a um grande número de mães cristãs. Mesmo na esfera dos deveres públicos e das boas obras, há frequentemente mais agitação do que progresso, mais tribulações do que proveito. Cada dia nos devia aproximar mais do nosso fim sublime e, contudo, quantas horas perdidas, quantos esforços inúteis, quantas obras estéreis e mortas!

A nossa inconstância nesta grave tarefa da salvação é a causa principal dos nossos desalentos. Fascinados com o falso brilho das coisas mundanas descuidamos das coisas eternas, e, desorientados, assim tornamo-nos incapazes de guiar aqueles que nos são confiados.

Não é a Graça que nos falta; nós é que faltamos à Graça. A Luz foi nos dada para nos aclarar o caminho; Mas, diz o evangelho, “as trevas não O compreenderam”.

Sabemos que Deus enviou Moisés ao faraó e ao seu povo para lhes promulgar os decretos do céu e que essa missão foi confirmada por uma infinidade de prodígios. Mas Satanás suscitou magos que, por seus sortilégios, imitaram de algum modo as obras Divinas, a fim de lançarem os egípcios nos encantamentos da vida e do orgulho. É a história do nosso tempo. Nunca os meios de sedução foram mais numerosos nem mais requintados para desviar os homens do seu fim verdadeiro e privá-los dos frutos da redenção.

Antigamente os dois campos estavam separados: Distinguiam-se claramente os que pertenciam ao mundo e os que pertenciam a Deus. Hoje as diferenças se alteram e se apagam. A própria piedade se torna mundana, enquanto que o espírito mundano se reveste das formas da religião.

A força de exaltar o homem fora de Deus, acima de Deus e a custa de Deus, deixa-se de reconhecer, de amar e de servir a Ele. Vive-se neste mundo, como se a vida presente fosse o último termo dos destinos humanos.

O cristianismo, doutrina de coisas futuras, não se poderia harmonizar com estas idéias terrenas. Também por toda a parte em que o Evangelho declina, vê-se o antigo paganismo despertar e insinuar-se em todas as ordens de coisas: Vêmo-lo na educação, nos costumes, nas ciências, nas artes, nos espetáculos, na literatura e em todos os usos e práticas sociais. E ai está, forçoso é reconhecer, a funesta magia que estorva a grande obra de nossa salvação. Enquanto nos acharmos sob o jugo do espírito mundano, como seremos capazes de livrar dele os nossos filhos e de os educar para o céu? “Assentar a felicidade entre as coisas que passam, diz São Gregório, é construir um edifício sobre a torrente.”

Compenetremo-nos antes de tudo de que a salvação eterna e o amor do mundo são duas coisas irreconciliáveis. Que aliança se poderia formar entre o cálice de Nosso Senhor Jesus Cristo e a taça de Belial? “Aquele que ama o mundo já não tem em si o amor de Deus” – disse o apóstolo São João. O Salvador intercede pelos seus discípulos e não pelo mundo.

Foi aos seus discípulos e não aos partidários do mundo que Ele disse um dia: “Tudo que em meu nome pedirdes vos será dado”.

A vossa missão, ó mãe cristã, é cooperar na salvação do vosso esposo e dos vossos filhos.

Procurai, pois, antes de tudo, para eles como para vós, o que é necessário; e então, conforme a promessa positiva dos Livros Sagrados, Deus abençoará a vossa solicitude e atenderá as vossas súplicas e nem as assistências temporais nem as consolações celestes vos faltarão jamais.


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