sábado, 27 de abril de 2013

Rogozija-se até com a privação de socorros humanos



Confiança

Rogozija-se até com a privação de socorros humanos



Não desanimar quando se dissipa a miragem das esperanças humanas... não contar senão com o auxilio do Céu, não será já altíssima?...

A sãs vigorosa da verdadeira confiança atira-se, no entanto, para regiões ainda mais sublimes. A elas chega por uma espécie de requinte de heroísmo; atinge então o mais alto grau de perfeição.

Esse grau consiste em regozijar-se a alma quando se vê balda de todo apoio humano, abandonada de parentes, de amigos, de todas as criaturas que não querem ou nao podem socorrê-la: que não podem dar-lhe conselho nem servi-la com o seu talento ou o seu crédito; a quem nenhum meio resta vir-lhe em auxílio... Que sabedoria profunda denota semelhante alegria em circunstancias tão cruéis!...

Para poder entoar  o cântico de Aleluia sob golpes que, naturalmente, deveriam quebrar a nossa energia, é preciso conhecer a fundo o Coração de Nosso Senhor; é preciso crer perdidamente na sua piedade misericordiosa e na sua bondade onipotente, é preciso ter a absoluta certeza de que Ele escolhe, para sua intervenção, a hora das situações desesperadoras...

Depois de convertido, São Francisco de Assis desprezou os sonhos de glória que antes o haviam deslumbrado. Fugia às reuniões mundanas, retirava-se na floresta para aí, entregar-se longamente à oração; dava esmolas generosamente... Esta mudança desagradou a seu pai, que arrastou o filho ante a autoridade diocesana, acusando-o de dissipar-lhe os bens. Então, em presença do Bispo maravilhado, Francisco renuncia à herança paterna; tira até as roupas que lhe vinham da família; despoja-se de tudo!... E, vibrando de uma felicidade sobre-humana, exclama: “Agora sim, ó meu Deus, poderei chamar-Vos mais verdadeiramente do que nunca: Nosso Pai que estais no Céu!”

Eis aí como agem os santos.

Almas feridas pelo infortúnio, não murmureis no abandono a que vos achais reduzidas. Deus não vos pede uma alegria sensível, impossível à nossa fraqueza. Somente, reanimai a vossa fé, tende coragem, e, segundo a expressão cara a São Francisco de Sales, na “fina ponta da alma” esforçai-vos por ter alegria.

A Providencia acaba de vos dar o sinal certo, pelo qual se reconhece a sua hora: ela vos privou de todo apoio. É o momento de resistir  à inquietação da natureza.  Chegaste ao ponto do ofício interior em que se deve cantar o Magnificat e fazer fumegar o incenso... “Regozijai-vos no Senhor; eu repito, regozijai-vos: o Senhor está perto!”

Segui este conselho e vos dareis bem. Se o Mestre Divino não Se deixasse tocar por tamanha confiança, não seria Aquele que os Evangelhos nos mostram tão compassivo, Aquele que a visão dos nossos sofrimentos fazia estremecer de dolorosa emoção.

Nosso Senhor dizia a uma alma privilegiada: “Se sou bom para todos, sou muito bom para os que confiam em Mim. Sabes quais são as almas que mais aproveitam de minha bondade? As que mais me esperam... As almas confiantes roubam as minhas graças..."


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)

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