domingo, 21 de abril de 2013

Esta desconfiança de Deus lhes é muito prejudicial



Confiança

Esta desconfiança de Deus lhes é muito prejudicial



A desconfiança, sejam quais foram as suas causas, nos traz prejuízos, privando-nos de grande bens.

Quando São Pedro, saltando da barca, se lançou ao encontro do Salvador, caminhou, a principio, com firmeza sobre as ondas. Soprava o vento com violência. As vagas ora levantavam-se em turbilhões furiosos ora cavavam no mar abismos profundos... A voragem abria-se diante do Apóstolo. Pedro tremeu... hesitou um segundo, e, logo, começou a afundar... Homem de pouca fé, disse-lhe Jesus, por que duvidaste?...

Eis a nossa história. Nos momentos de fervor, ficamos tranqüilos e recolhidos ao pé do Mestre. Vindo a tempestade, o perigo absorve a nossa atenção. Desviamos então os olhares de Nosso Senhor para fitá-los ansiosamente sobre os nossos sofrimentos e perigos. Hesitamos... e afundamos logo! Assalta-nos a tentação. O dever se nos torna enfadonho, a sua austeridade nos repugna, o seu peso nos oprime. Imaginações perturbadoras nos perseguem. A tormenta ruge na inteligência, na sensibilidade, na carne...

E perdemos pé: caímos no pecado, caímos no desânimo, mais pernicioso do que a própria falta. Almas sem confiança, por que duvidamos?

A provação nos assalta de mil maneiras. Ora os negócios temporais periclitam, o futuro material nos inquieta. Ora a maldade ataca-nos a reputação. A morte quebra os laços de afeições das mais legítimas e carinhosas. Esquecemos, então, o cuidado maternal que tem por nós a Providencia... Murmuramos, revoltamo-nos, aumentamos assim as dificuldades e o travo doloroso do nosso infortúnio.

Almas sem confiança, por que duvidamos?...

Se nos tivéssemos apegado ao Divino Mestre com uma confiança tanto maior quanto mais desesperada pareceste a situação, nenhum mal desta nos advirta... Teríamos caminhado calmamente sobre as ondas; teríamos chegado, sem tropeços, ao golfo tranqüilo e seguro, e, breve, teríamos achado a plaga hospitaleira que a luz do Céu ilumina...

Os santos lutaram com as mesmas dificuldades... muitos dentre eles cometeram as mesmas faltas. Mas estes, ao menos, não duvidaram... Ergueram-se sem tardança, mais humildes após a queda, não contando, desde então, senão com os socorros do Alto... Conservaram no coração a certeza absoluta de que, apoiados em Deus, tudo poderiam. Não foram iludidos nessa confiança!

Tornai-vos, pois, almas confiantes. Nosso Senhor a isso vos convida; e o vosso interesse assim o exige. Tornar-vos-eis, ao mesmo tempo, almas iluminadas, almas de paz.


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)

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