sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não conta senão com Deus



Confiança 

Não conta senão com Deus



Firmeza inabalável é, pois, a primeira característica da confiança.

A segunda qualidade dessa virtude é ainda mais per­feita. "Leva o homem a não contar com o auxílio das cria­turas; quer seja auxílio tirado de si mesmo, do seu espíri­to, do seu critério, da sua ciência, do seu jeito, das pró­prias riquezas, crédito, amigos, parentes ou outra qual­quer coisa sua, quer sejam socorros que, por acaso, pos­sa esperar de outrem: Reis, Príncipes, e, geralmente, de qualquer criatura; porque sente e conhece a fraqueza e inanidade de todo amparo humano. Considera-os o que são realmente, e como Santa Teresa tinha razão de chamá-los ramos secos de genebra que se quebram ao serem car­regados".

Mas essa teoria, dirão, não procederá de um falso misti­cismo?... Não conduzirá ao fatalismo ou, pelo menos, a uma perigosa passividade? Para que multiplicar esforços no in­tuito de vencer dificuldades, se todos os apoios têm que se quebrar nas nossas mãos? Cruzemos os braços esperando a divina intervenção!...

Não, Deus não quer que adormeçamos na inércia; Ele exige que O imitemos. Sua perfeita atividade não tem limi­tes: Ele é o ato puro.

Devemos, pois, agir; mas só dEle devemos esperar a eficácia da nossa ação. "Ajuda-te, que o Céu te ajudará".

Eis a economia do plano providencial.

A postos! Trabalhemos com afinco, mas espírito e cora­ção voltados para o alto. "Em vão vos levantareis antes da aurora", diz a Escritura, se o Senhor não vos ajudar, nada conseguireis.

Com efeito, nossa impotência é radical. "Sem Mim, nada podeis", diz o Salvador.
Na ordem sobrenatural, essa impotência é absoluta. Atendei bem ao ensino dos teólogos.
Sem a graça o homem não pode observar por muito tem­po, e na sua totalidade, os mandamentos de Deus.

Sem a graça não pode resistir a todas as tentações, por vezes tão violentas, que o assaltam.
Sem a graça não podemos ter um bom pensamento, fazer mesmo a mais curta oração; sem ela nem sequer podere­mos invocar com piedade o nome de Jesus.

Tudo que fizermos na ordem sobrenatural nos vem uni­camente de Deus. Na ordem natural, mesmo, é ainda Deus que nos dá a vitória.

São Pedro havia trabalhado a noite toda; era resistente na labuta; conhecia a fundo os segredos do seu ofício tão duro. No entanto, em vão havia percorrido as ondas mansas do lago — nada havia pescado! Recebe, porém, o Mestre na barca; lança a rede em nome do Salvador; - tem logo uma pesca miraculosa e as malhas da rede se rompem, tal o número de peixes...

Seguindo o exemplo do Apóstolo, lancemos a rede, com paciência incansável; mas só de Nosso Senhor esperemos a pesca milagrosa.

Em tudo  o que fizerdes, dizia Santo Inácio de Loyola, eis a regra das regras a seguir: confiai em Deus, agindo, entretanto, como se o êxito de cada ação dependesse unicamente de vós e nada de Deus; mas, empregando assim vossos esforços para esse bom resultado, não conteis com eles, e procedei como se tudo fosse feito por Deus só e nada por vós.


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)


Nenhum comentário:

Postar um comentário