DON
CURZIO NITOGLIA
[Tradução:
Gederson Falcometa]
27
de junho de 2009
Monsignor Henri
Delassus dizia: «Hoje mais que nunca é preciso dizer a verdade, sem
subterfúgios e sem hábeis estratégias. [...] A moral é que as verdades
diminuídas não são a Verdade e apenas a Verdade leva consigo a vida; e
apenas ela pode dar nos a ressurreição a partir do estado de coma
que nos encontramos [...] Jesus confessou a Verdade e com isto venceu o mundo,
mesmo que isto lhe tenha custado a morte de Cruz» [1]. E continuava:«Aquele
que, hoje, proclama a verdade pela metade, faz mais danos do que quem a nega
resolutamente; temos necessidade da Verdade integral. Ou a Fé ou o Eu. Ou o
cristianismo nas almas e na sociedade; ou o orgulho, a inveja e todas as
paixões desordenadas, que o egoísmo esconde em si, e que a revolução
desencadeia [...] tudo aquilo que não é a plena, franca e inteira
Verdade religiosa, não pode nada sobre o coração do homem, nem pode remeter a
Sociedade civil sobre a estrada”. [2]
Conselhos
práticos para “restaurar tudo em Cristo”
1º)
Para reformar a Sociedade é preciso primeiro reformar a si mesmo
(Nemo
dat quod non habet). “Toda mudança na Sociedade deve ter o seu primeiro
princípio nos corações” [3].
2º)
Retornar a uma linguagem sincera, evitando palavras equívocas
A
palavra exprime a idéia e a idéia a coisa. Então, se queremos falar de coisas
reais, e não de quimeras abstratas, devemos usar palavras que exprimam a
essência das coisas. Devemos adequar a nossa linguagem e a nossa mente a
realidade, dar as palavras o seu verdadeiro significado, apenas assim
chegaremos a verdade (Veritas est adaequatio rei et intellectus), sem recair no
erro nominalista.
Então,
será necessário recusar a ‘fraseologia corrompedora e confusionária’ da
filosofia moderna e idealista, que confunde as idéias e corrompe a verdade. Os
subversivos “fazem adotar palavras corrompedoras; por meio disso insinua-se
idéias falsas e corruptas, e as idéias preparam a via aos fatos sediciosos e revolucionários”
[4].
3°)
Retornar a plena verdade filosófica-teológica
O
erro atual é a negação do pecado original. O Homem é “Imaculado”, então não tem
necessidade de redenção, de Cristo, da Igreja, de Sacerdócio, de Graça; basta
lhe apenas a natureza que é semi-deificada. Ao invés, é preciso difundir “o
catecismo nas massas, a filosofia perene e a teologia escolástica nas classes
instruídas: apenas neste passo se pode obter a saúde [...] Ou a Fé ou o Eu. Ou
o império do cristianismo [...]; ou o orgulho, a inveja e todas as paixões que
o egoísmo encerra e a Revolução desencadeira” [5].
4º)
Encorajar o homem ao esforço
A
inércia debilita, o esforço vivifica! A preguiça é um vício funesto porque pára
o desenvolvimento do indíviduo, da família e da Sociedade Humana. “O homem que
não tem mais que trabalhar e combater se corrompe, e assim a nação” [6]. Em
suma:”o ócio é o pai de todos os vicíos” e “Baco, Tabaco e Vênus, as cinzas
reduzem o homem”, diz o provérbio.
5º)
Quem pode, depois de Deus, ou melhor, por meio de Deus, reproduzir tudo isto?
“Aquele
que foi chamado uma primeira vez a restabelecer sobre a verdade a ordem social
[...]: o homem da teologia, o padre [...] Mas para estar a altura desta obra, é
preciso que o padre recupere a confiança em si mesmo, ou melhor na virtude
sobrenatural que a S. Ordenação nele depositou” [7].
Saudáveis
considerações “pastorais”
“A
instauração do reino de Cristo na sociedade, é uma meta de que se devem ocupar
todos os fiéis [...]. Antes de todas as outras coisas, é necessário que Cristo
reine nas nossas almas [...] depois na nossa família [...]. Assinalamos a
influência nefasta que desenvolve no ambiente familiar a televisão, as
revistas, os livros leves ou mesmo imorais. As boas famílias podem unir-se em
grupos sociais mais amplos: ”Ai do solitário” diz as S. Escrituras. Assim de
tantas famílias cristãs pode nascer uma Sociedade cristã, como já sucedeu nos
séculos passados. [...] Os cristãos devem agir na vida pública, com a
finalidade de impedir a aprovação de leis contrárias à fé e a moral cristã [...]
Na realidade, muitos de nós, educados pelo desencorajamento e relaxamento,
pensam que a Providência de Deus se tenha se revelado insuficiente para conter
a malícia em que hoje o mundo se encontra submerso. Mesmo que não tenhamos a
coragem, ou melhor, a estultícia de dizê-lo abertamente, de fato, pensamos que
a apostasia da Sociedade, seja tão profunda que agora não é mais possível falar
do Reino social de Cristo! [...], O naturalismo nos conduziu a confiar apenas
nas forças humanas a esquecer a onipotência da graça [...].
Para
concluir: Nos podem faltar todos os meios para difundior o Reino de Cristo:
ciência, saúde, carisma pessoal, capacidade de ser alimentadores das multidões
ou como se diz hoje de ser ‘leaders’, tudo em suma; mas o grande meio da oração
não nos falta nunca” [8].
Un
provérbio flamenco diz: “são mais fortes duas mãos juntas em oração, que dois
punhos prontos a golpear”! Ainda que um não exclua o outro, mas devem ser
hierarquicamente subordinados.
Nossa
Senhora pode nos fazer vencer a peste da idade moderna
O
Cardeal Otavianni, escrevia, não faz muito tempo: “Maria nos nossos tempos: a
Sociedade moderna é atormentada por uma febre de renovamento que faz medo e é
infestada por homens que se prevalecem de tanto sofrimento nosso para construir
o império de seus arbítrios, a tirania dos seus vícios, o ninho da luxúria e de
rapinagens. Mas o mal assumiu características mais vastas e apocaliptícas,
jamais conhecemos tantos outros perigos. De uma hora para outra nós
podemos perder não apenas a vida, mas toda civilização e toda esperança [...].
Parece que também a nós diga o Senhor ‘não é ainda chegada a minha hora’, mas a
Imaculada, a mãe de Deus, a Virgem que é a imagem e a tutela da Igreja, Essa
nos deu já a Cana, a prova de saber e poder obter a antecipação da hora de
Deus. E nós temos necessidade de que esta hora venha rápido, venha
antecipada, venha feita imediata, porque quase podemos dizer: ‘Ó Mãe, nós não
podemos mais!’ [...]. Pelos nossos pecados nós merecemos os últimos
excídios, as mais implacáveis execuções. Nós cassamos o seu Filho das
escolas e das oficinas, dos campos e das cidades, das ruas e das casas. O
cassamos das próprias igrejas [...] preferimos Barrabás. É
verdadeiramente a hora de Barrabás [...] Com tudo isto, confiantes em
Maria, sentimos que é a hora de Jesus, a hora da redenção [...] Diga Maria,
como em Cana: ‘Eles não tem mais vinho’; e o diga com a própria potência de
intercessão e se Ele hesita, se si nega, a vencer suas hesitações como vence,
por materna piedade, as nossas indignidades. Seja Mãe piedosa para conosco, Mãe
imperiosa para Ele. Acelere a sua hora, que é a nossa hora. Não podemos
mais, ó Maria. A humana geração perece, se tu não te move. Fala por nós,
ou silência, fala por nós, ó Maria!” [9]
Conclusões
Sobretudo
agora, com a recrudescência do neo-modernismo, não devemos nos iludir de poder
“restaurar tudo em Cristo” (S. Pio X) sem falar claro e forte, sem medo do
rancor dos inimigos e sob aparência de falsa prudência, silenciar sobre
questões candentes, que poderia parecer não diretamente conexa ao dogma, mas
que ao contrário são de vital importância para a sua afirmação ou negação.
Uma
dessas questões diz respeito ao diálogo inter-religioso especialmente com o
judaísmo, que fez a brecha na Igreja graças ao tema da ‘shoah’, apresentada por
Jules Isaac a João XXIII e ao Cardeal Agostino Bea, e que foi usado
como “pé de cabra” para minar e entrar na sessão conciliar onde levou confusão,
fumaça e obscuridade ao ambiente eclesial. Apenas indo a origem do mal ele
poderá ser debelado, dizendo toda a verdade sem diluição.
D.
Curzio Nitoglia
27
giugno 2009
Notas:
[1] H.
Delassus, Vérités sociales et erreurs démocratiques, Desclée, de Brouwer,
Lille, 1909, rist. 1986 éd. Sainte Jeanne d’Arc, Villegenon, pp. 384-391.
[2]
Ibidem, pp. 399-400.
[3] H.
Delassus, Il problema dell’ora presente. Antagonismo tra due civiltà, II
vol.,La rinnovazione e le sue condizioni, Roma, Desclée, 1907, pag. 156.
[4]
Ibidem, pp. 201.
[5]
Ibidem, pp. 304 e 324.
[6]
Ibidem, pag. 470.
[7]
Ibidem, pag. 629 e 624.
[8] A.
De Castro Mayer, Carta Pastoral sobre a Realeza de Nosso Senhor Jesus
Cristo, 8 dic. 1976, ed. Vera Cruz, San Paolo, 1977.
Cfr.
anche:
A.
De Castro Mayer, Problemi dell’apostolato moderno, Napoli, Dall’Albero,
1964, cap. VI, Sul razionalismo, sull’evoluzionismo, sul laicismo. Cap.
VII, Sulle relazioni tra Stato e Chiesa. Cap. VIII, Su questioni
politiche, economiche e sociali, pagg. 83-111.
[9] A.
Ottaviani, Il baluardo, Ares, Roma, 1961, pagg. 279-283.
Fonte: Spes
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