FONTE: A Grande Guerra
Marcelino Champagnat ensina que, para a formação da
vontade das crianças, é preciso impôr disciplina, mas sem exigências
desnecessárias; advertir, mas com doçura; castigar, mas sem aterrorizar.
A seguir, alguns de seus conselhos nesse sentido:
"Realizar trabalho de educação é formar a
vontade da criança, ensinando-a a obedecer. A grande chaga deste nosso século é
a independência. Cada um quer fazer a sua vontade e se crê mais capaz de mandar
do que obedecer.
"A criança recusa submissão aos pais; os
subordinados revoltam-se contra seus chefes; a maior parte dos cristãos
desprezam as leis de Deus e da Igreja. Numa palavra, por toda parte reina a
insubordinação. Portanto, presta-se bom serviço à Religião, à Igreja, à
sociedade, à família e, sobretudo, à própria criança, orientando-lhe a vontade,
ensinando-a a obedecer. Ora, para formar a criança à obediência, é preciso:
1º. Jamais
mandar o que não seja justo e razoável. Nada exigir dela que repugne à razão ou
revele injustiça, tirania ou capricho: ordens deste tipo só perturbam o
espírito da criança, inspiram-lhe profundo desprezo;
2º. Evitar
mandar ou proibir muitas coisas de uma só vez. A multiplicidade de ordens ou
proibições gera a confusão, leva ao desânimo e faz a criança esquecer ou
desprezar boa parte das ordens ou proibições. Aliás, qualquer pressão
desnecessária tem como resultado fazer desanimar ou semear o mau espírito;
3º. Jamais
ordenar coisas muito difíceis ou impossíveis, porque exigências exorbitantes
irritam as crianças, tornando-as teimosas ou rebeldes em vez de torná-las
dóceis;
4º. Exigir a
execução total do que se ordenou dentro do justo e razoável; pois dar ordens ou
impor deveres, castigos e não exigir o cumprimento é favorecer a desobediência
às ordens e proibições que se deu;
5º.
Estabelecer boa disciplina e exigir que se cumpra o regulamento. Essa
disciplina é de molde a fortalecer a vontade da criança e dar-lhe energia,
habituá-la à obediência e a uma certa violência que é preciso impor-se para
lutar contra as paixões e praticar a virtude. Essa disciplina exercita a
vontade por meio das renúncias freqüentes que ela enseja; obriga a criança a
refrear sua dissipação, ficar em silêncio, conservar-se no recolhimento,
prestar atenção às lições do professor, manter a compostura, reprimir suas
impaciências, chegar em tempo, estudar as lições, cumprir as tarefas,
mostrar-se respeitosa com os professores, leal e obsequiosa com os colegas e
ajustar seu caráter a uma porção de coisas que a contrariam. Pois esta série de
atos de obediência e uma seqüência de pequenas vitórias sobre si mesma e seus
defeitos constituem o meio privilegiado de lhe formar a vontade, torná-la forte
e dócil a um tempo e dar-lhe a constância no bem.
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