Contrição perfeita que levou à
santidade
Maria Madalena, Maria de
Betânia e Maria pecadora, citadas no Evangelho são a mesma pessoa, segundo o
Papa São Gregório Magno, grande estudioso dos santos e criador do Calendário
Gregoriano. Também os Padres latinos, desde Tertuliano, Santo Ambrósio, São
Jerônimo, Santo Agostinho, até São Bernardo e Santo Tomás de Aquino, reconhecem
nas três uma e mesma pessoa: a Santa Maria Madalena penitente, que seguiu Nosso
Senhor durante a Paixão. Maria Madalena teria nascido em Betânia,
cidade da Judéia, de pais muito ricos, tendo por irmãos Marta e Lázaro. Como
parte de sua herança, recebera o castelo de Magdala, de onde lhe veio o
nome. Fala tradição de sua esplêndida formosura, cabeleira famosa, de
seu engenho, e relata ser ela casada com um doutor da Lei que a trancava em
casa quando saía. Altiva e impetuosa, Maria teria fugido com um oficial das
tropas do César e se estabelecido no castelo de Magdala, perto de Cafarnaum.
Suas desordens e escândalos logo se espalharam pela região. Enquanto
isso, Nosso Senhor iniciara sua peregrinação: fama de seus milagres e a
santidade de vida estendia-se pelas terras da Palestina. Atormentada
por demônios e pelos remorsos de sua consciência culpada, Maria foi procurar
Aquele que alguns apontavam como sendo o Messias prometido. O Senhor apiedou-se
dela e livrou-a de sete demônios (Mc 16, 9), tocando-lhe também profundamente o
coração. A partir de então, começou para Madalena a completa conversão.
Horrorizada ante seus inúmeros pecados, cativada pela bondade e mansidão de
Jesus, ela procurava uma ocasião em que pudesse mostrar-Lhe seu reconhecimento
e profundo arrependimento.
Essa ocasião surgiu na casa de
Simão — um fariseu, provavelmente de Cafarnaum —, que havia convidado o Mestre
para uma refeição. Durante um banquete ao qual Jesus participava,
inesperadamente Madalena irrompeu na sala, foi diretamente até Jesus, rompeu um
vaso de alabastro que levava apertado ao peito, e “começando a banhar-Lhe os
pés com lágrimas, enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os e os
ungia com o bálsamo” (Lc 7, 38). Perdoada, convertida, Maria Madalena
foi viver com seus irmãos em Betânia. Em uma ocasião, as duas irmãs receberam a
visita do Messias. Maria sentou-se junto ao Salvador para absorver suas
palavras divinas, enquanto Marta afanava-se nos afazeres domésticos para bem
receber seu divino Hóspede. E julgou que sua irmã fazia mal, pois em vez de
ajudá-la, estava ali sentada esquecida da vida. Disse Jesus: “Marta, Marta,
afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Entretanto uma só coisa é
necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10,
38-42).Em outra visita do divino Mestre a Betânia, Maria Madalena, já não mais
“a pecadora”, ungiu novamente os pés do Redentor com precioso perfume, o que
levou Judas a reclamar do “desperdício”, pois podiam vender o perfume e “dar o
dinheiro aos pobres”. Nosso Senhor interveio: “Deixai-a; ela reservou isso para
o dia da minha sepultura; porque sempre tendes os pobres convosco, mas a mim
não tendes sempre” (Jo 12, 1-8). Chegou o momento da Paixão. Aos
pés da cruz, Maria Madalena acompanhava Nossa Senhora e São João Evangelista.
Depois do sepultamento, Maria também estava junto ao túmulo, de fora, chorando.
Enquanto chorava, se inclinou para o interior do sepulcro e viu dois anjos
vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus havia sido
colocado, um na cabeceira e outro aos pés. Disseram então "Mulher por que
choras?" Ela respondeu: "Levaram meu Senhor e não sei onde o
colocaram". Dizendo isto se voltou e viu Jesus de pé. Mas não podia
imaginar que era Jesus. E Jesus lhe disse: "Mulher por que choras? A quem
procuras?" Pensando ser Ele o jardineiro ela respondeu: "Senhor se
foste tu que O levaste me diga onde O puseste que eu irei busca-LO" Jesus
responde: "Maria". Ela então O reconhece e grita em hebraico
"Raboni!" (que quer dizer Mestre!). De acordo com uma antiga tradição
do Oriente, Maria Madalena acompanhou São João Evangelista e a Virgem Maria a Efesoonde
morreu e foi sepultada. No Ocidente, a tradição diz que ela viajou para
Provença, França com Santa Marta e São Lázaro. Alguns afirmam que São Maximino,
um dos 72 discípulos do Senhor, e Sidônio (o cego de nascença de que
fala o Evangelho, e que foi curado por Nosso Senhor) e mesmo José de Arimateia estão
entre os que os acompanharam na conversão da Gália.
São Maximino foi
bispo de Aix e São Lázaro encarregou-se da igreja de Marselha. Santa Marta
reuniu em Tarascão uma comunidade de virgens, e Maria Madalena,
depois de ter trabalhado na conversão dos marselheses, retirou-se para viver na
solidão numa montanha entre Aix, Marselha e Toulon, “La Sainte Baume”
(a Santa Montanha ou Santa Gruta), como dizem os habitantes do lugar. Lá
permaneceu cerca de trinta anos, levando vida contemplativa e penitencial.
Ela foi milagrosamente
transportada, pouco antes de sua morte, para junto de São Maximino, que
lhe ministrou os últimos sacramentos. Segundo a tradição, seu corpo foi levado
para um povoado vizinho –– a Villa Lata, depois São Maximino –– onde esse bispo
havia construído uma capela.
No século VIII, por temor dos
sarracenos, suas relíquias foram trasladadas para um lugar seguro, tendo ficado
esquecidas até que Carlos II, Rei da Sicília e Conde da Provença, as encontrou
em 1272. São Vilibaldo diz que viu sua tumba em Éfeso (hoje
Turquia) no século VIII. Vezelay, França diz ter suas relíquias desde o
século XI.
Santa Maria Madalena, rogai por nós.
Fonte: Escravas de Maria
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