Fr. Manuel Sancho,
Exercícios Espirituais para
Crianças
1955
PARTE PRIMEIRA
A conversão da vida do pecado à
vida da graça
(Vida Purgativa. — 1.ª semana)
4. — A dor, ou arrependimento,
é outra das condições para a confissão. É a mais necessária, tão necessária que
pode haver confissão sem exame, como a de alguém que há muito pouco tempo se
confessou e se lembra de tudo; pode também haver confissão sem declaração dos
pecados, como a de alguém que está morrendo e não pode dizê-los; pode ainda
haver confissão sem satisfação, porque o confessado esqueceu a penitência ou
morre antes de cumpri-la; mas não pode haver confissão sem dor ou
arrependimento. A dor é, pois, a coisa mais essencial da confissão, e nunca
pode faltar; por isto a confissão chama-se penitência, o que quer dizer dor e
lágrimas, e penas e trabalhos, voluntariamente sofridos.
Se aquele mancebo do calabouço
só pensasse em sair, e não em se arrepender das injúrias feitas a seu bom pai,
este não lhe perdoaria, pois sem arrependimento é impossível o perdão. Mas, se
o filho não dissesse ao mordomo todas as injúrias, por não se lembrar delas,
mas em compensação, com lágrimas nos olhos e dor no coração, se pros passe
diante de seu pai, seria isto o que demonstrava arrependimento da parte dele, e
seria o que o reconciliaria com seu pai. De mesma maneira, se ides ao confessor
para lhe contar os vossos pecados como quem conta uma história, sem pingo de
dor por os haverdes cometido, não somente Deus não vos perdoará, por mais que o
sacerdote vos absolva, como também cometereis um sacrilégio.
Para vos moverdes à dor,
considerai as penas do inferno, mas considerai sobretudo Jesus pregado na cruz
pelos vossos pecados. Se, apesar disto, vos parecer que não sentis dor,
perguntai-vos: “Estás resolvido a não mais pecar?” Se de coração responderdes
que não quereis mais pecar, sem dúvida tendes dor, porquanto, quando alguém não
quer mais cometer uma maldade, dá prova de que se dói de havê-la cometido. Claro
que não são a mesma coisa dor e propósito, mas pelo propósito se conhece a dor.
A dor do pecado manifesta-se às
vezes com lágrimas e suspiros, e às vezes fica-se seco como uma lenha e no
entanto se tem verdadeira dor, e, bastas vezes, mais dor do que abundando em
prantos e gemidos. Não é que eu não deseje que choreis com lágrimas de verdade
os vossos pecados; elas são ótimas, porém quando acompanhadas da outra dor
íntima que vai junto com uma resolução irrevogável de não mais pecar. Melhor me
entendereis com um exemplo.
Alfredo é um menino revoltoso,
intrigante, palrador sempiterno. Justamente tem a seu lado no colégio Joaquim,
outro menino não tão revoltoso como ele, porém mais vadio. Em vez de estudar
suas lições, eles têm sempre alguma coisa para contar um ao outro, e, quando
não, brincam com as mãos, às escondidas do mestre. Este repreende-os amiúde,
castiga-os inclusive, e algumas vezes os chama à parte e lhes mostra muita
mágoa pelo seu péssimo comportamento. Mas é como se falasse a dois postes. Eles
escutam com a cara compungida, mas dentro em pouco já estão brincando outra
vez, ou conversando. Chega a época dos exames e, como os dois se portaram tão
mal durante o ano, ganham um par de zeros em vez dos prêmios com que sonhavam.
Além da chacota com que zomba deles a turba infantil, eles recebem duros
castigos em casa, e, em vez de férias, têm de estudar durante o tempo destas.
Ao ver chover sobre sua pessoa
todo esse cúmulo de males, Alfredo entra em si, pensa no seu mau comportamento,
no seu bom professor tão aborrecido com ele, e sente-se com vontade mais do que
de menino para se corrigir. Roga à Virgem que o ajude a ser bom menino e
estudante de verdade, e, sereno, embora condoído por sua conduta anterior, vai
ter com seu mestre e promete-lhe emenda, e ao mesmo tempo manifesta-lhe o pesar
que sente de o haver tantas vezes ofendido.
Estando nestas razões, chega
Joaquim, feito um mar de lágrimas, porque as prometidas férias com a
concomitante série de excursões de veraneio, ai! se desfizeram como o fumo.
Chora a sua desdita e, entre lamúrias e lágrimas, promete emenda.
Sem dúvida acreditareis que
Joaquim deixará de ser vadio; pois não: evaporadas as suas lágrimas, ele torna
à sua ociosidade e, embora outra vez chore, outra vez torna ao mau costume. Em
compensação, o revoltoso Alfredo muda por completo de conduta e é um estudante
dos melhores. Qual dos dois teve dor verdadeira? Alfredo, pois se corrige. Em
compensação, a dor de Joaquim é muito duvidosa, pois seus atos não correspondem
às suas lágrimas.
Do mesmo modo, ainda que vos
pareça não terdes essa dor e sentimento por haverdes ofendido a Deus, se
desejais tê-la e se aborreceis o pecado não tenhais medo, pois tendes dor
deveras, talvez mais do que se chorásseis lágrimas vivas, e tanto mais se se
considerar que as vossas lágrimas costumam ser como essas chuvinhas de verão
com que orvalham a terra nuvens voadoras. Logo sai um raio de sol, desenha-se
com a chuva miúda o arco-íris, e o céu reaparece azul, esplêndido e belo. Assim
aparecem os vossos risos através das vossas lágrimas, e já vedes que em tais
lágrimas não há que se fiar muito. Sem embargo, eu as quisera sempre na vossa
confissão, unidas à dor verdadeira.
5. — Pelo que fica dito
explicando a dor, compreendereis que o propósito é uma consequência da dor, de
modo que não me deterei em explicá-lo. Quem se dói de uma coisa mal feita, tem
propósitos de não tornar a fazê-la nunca mais.
Só vos farei uma advertência.
Conquanto seja verdade que o propósito verdadeiro, proveniente da dor, deva ser
para sempre, contudo, se apesar dessa determinação de não mais pecar, se peca
outras vezes, isto não quer dizer que não tenha havido verdadeira dor e
propósito na última confissão, mas sim que a fragilidade do homem é muita; e,
posto que o recair amiúde nas mesmas faltas mostre não ter havido verdadeira
dor nem propósito, isto não é absolutamente certo, embora, quando essas
recaídas são muito frequentes, em muitos casos o seja.
Os dois irmãozinhos Francisco e
Eleutério cometem travessuras que fazem seu pai ficar aborrecidíssimo e sua mãe
chorosa. Eles se arrependem amiúde e prometem a seus pais deixar as suas
travessuras. Eleutério, apesar das suas lágrimas e promessas, cada dia é pior;
ao passo que Francisco não faz tantas travessuras e vai-se corrigindo. O pai
crê na dor e nas promessas de Francisco; mas não crê no pranto nem nos extremos
de dor de Eleutério.
Crê bem o pai porque os fatos
confirmam a sua crença. Francisco corrige-se afinal; faz-se um homem, e é um
católico excelente. O outro, que na infância começou a ser mau, continua de mal
a pior; dá tremendos desgostos a seu pai e pára na cadeia.
Assim, o menino que, à medida
que se confessa, vai-se corrigindo, embora recaia às vezes, por fim cantará
vitória, e será de proveito para a Religião e para a Pátria; mas o díscolo que,
apesar de repetidas confissões, continua pior cada dia e vai deixando os
Sacramentos até esquecê-los de todo, chega a jovem e é um perverso; e está em
perigo iminente de morrer em pecado e de cair na prisão eterna do inferno.
6. — Acusar-se dos pecados é
outra parte da confissão: é condição indispensável para que eles sejam
perdoados, porquanto, embora às vezes uma pessoa não possa confessar-se, como,
por ex., quem morre sem poder ser auxiliado pelo sacerdote, naquele momento
supremo pode, pela dor da contrição, salvar-se, ainda que, por impossibilidade
absoluta, não possa confessar-se; mas deve ter vontade de fazê-lo se pudesse.
Uma das coisas que retrai um
pouco os meninos de se confessarem é a vergonha, o medo. Que nos dirá aquele
cura ou aquele frade que está sentado no confessionário? Brigarão conosco?
Engolir-nos-ão? Que temoreis tolos, meus filhos! Aquele cura ou aquele frade
que está sentado no confessionário é vosso Pai, é representante de Jesus
Cristo. Com que amabilidade Jesus Cristo tratava as crianças! Assim vos tratará
o confessor. Far-vos-á algumas perguntas, se as julgar necessárias para o
conhecimento dos vossos pecados, pois tem obrigação de conhecê-los; far-vos-á
algumas advertências; dar-vos-á bons conselhos, algumas orações por penitência,
e, finalmente, em nome de Jesus Cristo, dar-vos-á a absolvição, e vossas almas
ficarão limpas e resplandecentes, de modo que, se então morrêsseis, iríeis para
o céu.
Chegai-vos, pois, sem temores à
confissão, e não tenhais vergonha dizendo: “Que dirá ele quando eu me confessar
de tantos pecados feios?” Que há de dizer? Palavras de misericórdia e de
alento: é isso o que ele vos dirá.
Além disto, tudo o que se diz
no confessionário ali morre. O confessor deve preferir que o matem a declarar a
quem quer que seja um pecado ouvido em confissão. Ali tudo cai como num poço:
só o confessor e Deus o ouvem, e no seu peito morre.
Começareis, pois, a
confessar-vos, e procurareis fazer uma confissão inteira e clara. A confissão
deve ser inteira, isto é, deve ser de todos os pecados mortais de que vos
lembrardes. Os de que vos não lembrardes também vos serão perdoados, contanto
que os digais de outra vez, se deles vos lembrardes; mas, se não vos
lembrardes, ficam perdoados. Os pecados veniais não há obrigação de
confessá-los; mas é melhor dizê-los. Quem, notando-o, deixa um pecado grave sem
confessá-lo, comete uma confissão sacrílega, e tem obrigação de repeti-la
quando se confessar bem. Para que a confissão seja inteira, é preciso dizer o
número de pecados mortais cometidos e, se não se souber o número certo, o
número aproximado. Um menino que, por fazer muito tempo que se não confessa,
não pode dizer com precisão o número de pecados que cometeu, confessar-se-á
dizendo: “De tal espécie de pecados terei cometido mais ou menos seis ou sete”,
conforme sejam. Isto se chama número aproximado.
Ademais, deve a confissão ser
clara. Dizer os pecados de maneira que o confessor não os entenda, equivale a
não os dizer. A confissão é para nos confessarmos culpados. E como nos
confessarmos culpados dizendo uma coisa por outra? Aquele que está
verdadeiramente arrependido não mente na confissão, nem diz os seus pecados de
maneira que o confessor entenda uma coisa por outra. Ainda que seja com
vergonha, é preciso dizer todos os pecados, considerando, como diz o catecismo,
que muito maior será a vergonha do pecador que por calar um pecado, se
condenar, quando no dia de juízo saírem à luz do mundo os seus pecados mais
ocultos calados na confissão.
Clara e inteira seja, pois, a
vossa confissão.
Depois de dizerdes os vossos
pecados ao confessor, ouvireis os conselhos dele, procurando segui-los, e
prestareis atenção à penitência que ele costuma impor antes de dizerdes o
“Senhor meu Jesus Cristo”. Quando ele vos disser: “Por penitência rezarás tanto”,
ou “Por penitência farás tal coisa”, isso é a penitência ou satisfação, última
parte da confissão, a qual procurareis cumprir quanto antes, depois de
confessados.
Feito isto, enquanto o
sacerdote recita as orações da absolvição, direis com muito arrependimento o
ato de contrição, renovando então mui deveras a vossa dor e os vossos
propósitos.
Pode a confissão ser sacrílega,
e, pela mesma razão, inválida, por falta de qualquer das cinco condições
necessárias para que ela seja boa. Pode faltar o exame quando alguém, tendo a
consciência bastante onerada de pecados graves, chega-se ao confessionário sem
se examinar ou fazendo-o mui superficialmente. Quando se têm somente pecados
leves e as confissões são frequentes, não é preciso pôr tanta diligência em
examinar-se: alguns minutos bastam.
Quanto à própria confissão, já
vos acabei de dizer que pode pecar-se nela calando conscientemente algum pecado
mortal, ou dissimulando-o de modo que o confessor não o entenda ou só o
entenda a meias. Para que enganá-lo, se afinal é a própria pessoa quem se
engana a si mesma? Ademais, a Jesus Cristo não se engana, porquanto, ainda que
não se diga o pecado ao sacerdote, Jesus Cristo toma nota dele para acusar o
menino de sacrílego no último dia.
Sobretudo podem-se fazer
confissões sacrílegas, e, ainda mais vezes, inválidas, por falta de dor,
coisa que, como eu vos disse, é a mais essencial deste sacramento. Não se deve
confundir confissão sacrílega com confissão inválida. A primeira consiste em
cometer sacrilégios, isto é, em abusar dela voluntariamente, seja calando
conscientemente pecados graves, seja não se doendo voluntariamente deles, seja
não querendo cumprir a penitência grave por pecados mortais confessados. Notai
que, nesta coisa de sacrilégio, sempre repito que ele seja feito com má vontade
e por conseguinte com advertência.
Porém bastas vezes, sem que a
confissão seja sacrílega, pode ser inválida ou nula. A confissão é inválida
quando o penitente, sem notá-lo, não preenche alguma ou algumas das condições
necessárias para a confissão, que já sabeis serem cinco. Destas cinco condições
necessárias para a confissão, não é difícil a alguém dar-se conta se falta ao
exame, ou se deixa de confessar algum pecado, ou se não cumpre a penitência;
mas já não é tão fácil compreender se há verdadeira dor, dor suprema, sobre
qualquer outra dor, detestando-se o pecado mais do que qualquer outro mal,
aborrecendo-o grandissimamente, por ser uma ofensa a Deus. Nisto pode haver
bastante descuido, e, sem embargo, torno a repetir-vos, é a coisa mais
necessária para a confissão.
Pode ser que alguém tenha
escrúpulos de que, ao confessar-se, não sinta a sua dor, e por isto receie
fazer confissão má, ou nula pelo menos. Não é necessário ter dor desta maneira
intensa, embora melhor fosse tê-la; basta que se tenha dor de haver ofendido a
Deus por ser Ele tão bom e por devermos amá-lo sobre todas as coisas. Isto sim:
quanto mais intensa for a dor, tanto mais serão perdoadas as penas merecidas
pelos pecados.
Sendo a dor, na confissão, tão
sumamente necessária, para consegui-la deveis fazer quanto esteja de vossa
parte. Considerareis quão feio e abominável é o pecado, pois Deus, sendo
infinitamente misericordioso, o castiga com penas eternas. O temor destas
mesmas penas, junto com a dor de haver ofendido a Deus, pode mover-vos à
atrição, que, embora sendo uma dor imperfeita, é suficiente para perdoar os
pecados na confissão sacramental. Além disto, se considerardes como Deus é bom,
os benefícios que vos tem feito, e que, no entanto, o haveis injuriado
gravemente. . . eis aqui um meio para vos moverdes à dor. Mas a ela sobretudo
vos movereis contemplando Jesus morto na cruz pelos nossos pecados. Fazei isto,
e vereis como, se acaso estiverdes em pecado, do vosso coração brotará a dor, e
talvez dos vossos olhos as lágrimas.
Uma advertência. Quando um
menino se confessa de pecados veniais ou de faltas pequenas, e quer ter
verdadeira dor delas, juntamente com um propósito eficaz, talvez isso não lhe
saia como ele quereria; e é que lhe é difícil mover-se a dor e a propósito
eficaz por uma mentira pequena, por uma zanga passageira, por não estudar
devidamente.. . Fazei disso a dor que puderdes, e ajuntai um ato de dor por
algum pecado grave já confessado. Porque por um só pecado cometido podemos
doer-nos a vida toda. Estas confissões de venialidades são as que mais vezes
podem ser inválidas. Procurai que o não sejam, porque isso seria profanar a
confissão e, se se fizesse com má vontade, seria até sacrilégio. Não esqueçais
estas instruções.
Segue-se à confissão a
satisfação ou penitência que o confessor impõe. Bem sabeis que satisfação é
compensar de algum modo um dano, uma injúria, uma ofensa, um descuido
voluntário, e mesmo involuntário nas pessoas de consciência delicada. Um menino
educado vai por uma rua de muito trânsito; sem querer, pisa no pé de uma
pessoa... — Desculpe, senhor — diz ele. E o cavalheiro desculpa. O “desculpe,
Senhor” é uma satisfação, mas não obrigatória, pois a pisadela foi
involuntária. Mas, se um menino bom e cristão ofende a outro, depois lhe pede
que lhe perdoe, e, se a ofensa foi pública, em público ele a retrata. Este
pedir perdão é uma satisfação.
Também no sacramento da
penitência, com a satisfação se compensam em parte os pecados cometidos. Esta
satisfação chama-se penitência, e o confessor, a impõe ao penitente antes de
lhe dar a absolvição, quando lhe diz: “Em penitência reze tal coisa, ou faça
tal outra”.
7. — Em tempo de Exercícios
costuma-se fazer confissão geral, que é como se disséssemos balanço geral. Já
vistes esses livros grandes de contas que os guarda-livros manejam? Cada mês
eles fazem um balanço das contas que há neles, para corrigir erros se os
houver: e isto vem a ser como as confissões ordinárias que fazeis, entrando em
contas com a vossa consciência, que é o livro onde estão escritos os vossos
vícios e as vossas virtudes. Porém, além do balanço mensal, o guarda-livros faz
um balanço anual, no qual se corrigem erros e se verificam definitivamente as
importâncias. Também em tempo de Exercícios se faz esta verificação dos
balanços ou confissões ordinárias, para ver se escapou algum erro, alguma
maldade de maior calibre que possa ter passado despercebida nas confissões
ordinárias. Se, por infelicidade, houve algum pecado calado por vergonha, ou se
se fizeram as confissões ou balanços ordinários de qualquer maneira e com
disposições duvidosas, então é necessária a confissão geral, e nela é preciso
renovar e sanear as confissões mal feitas, e deixar o livro com suas contas
claras e corrigidas.
Pois bem, meus filhos, se por
vergonha houverdes calado algum pecado mortal — e digo mortal porque os
veniais, ainda que se calem, não tornam sacrílega a confissão, — se por
infelicidade tiverdes feito confissões ou comunhões sacrílegas, então é de
absoluta necessidade uma revisão de contas com a vossa consciência, e uma
confissão geral bem feita desde a última confissão em que ficastes de
consciência tranquila.
Afora estes casos, não é
obrigatória a confissão geral, isto é, a repetição das confissões anteriores.
Todavia, aconselha-se que ela se faça nestes dias, ao menos confessando-se dos
pecados mais graúdos, para maior confusão própria e para excitar com mais
veemência a dor dos pecados e os propósitos firmes de mudar de vida.
Eis aqui o primeiro fruto
destes Exercícios: uma confissão bem feita. Assim tirareis os obstáculos dos
pecados, para começardes a trilhar o caminho de Deus.
Lembrai-vos de recorrer à SS.
Virgem, pedindo-lhe mui deveras que Ela vos ajude para fazerdes uma boa
confissão; e em particular lembrai-vos da SS. Virgem na sua invocação de Mãe
das Mercês ou da Misericórdia. Olhai como ela segura nas mãos umas cadeias e
grilhões, símbolos das cadeias da escravidão, figura, além disto, dos pecados
que Ela tira de cima de nós, que são cadeias e ligames com que o demônio nos
escraviza, e dizei-lhe comigo: “Livrai-nos, ó Mãe das Mercês, dos nossos
pecados; tirai-nos estas cadeias do vício que nos oprimem, e ajudai-nos a fazer
uma boa confissão”. Para isso, rezai-lhe comigo três Ave-Marias.
Fonte: A Grande Guerra
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