O MARIDO
Os seus deveres
Sacramentum hocmagnum est, ego
dico in Christo etin Ecclesia.
(Este sacramento é grande, digo-o
em Cristo e na Sua Igreja).
Epístola de São Paulo aos
Efésios 5,32.
Meus senhores,
Se quiséssemos ir até a fonte
das decadências e das prosperidades que se vêem suceder na história dos povos,
é até à família que deveríamos ir.
A família é a base e o
fundamento da sociedade. É o terreno sagrado aonde vêem desabrochar todas as
esperanças humanas.
É o berço aonde tudo se prepara,
pode dizer-se, se decide: os destinos sociais, a sorte da Igreja e das almas, a
glória de Deus e a grandeza da pátria.
A família não é somente a
primeira das sociedades humanas. Criação do eterno amor, é de instituição
divina; e foi Nele mesmo que Deus colheu o exemplar dela. Antes de todos os
séculos, em um só Deus, há uma família divina: o Pai, o Filho, o Espírito
Santo; os três dão-se um testemunho inefável de vida, inteligência e amor.
Conhecem-Se, falam-Se e amam-Se
eternamente. A unidade absoluta, a sociedade perfeita, a fecundidade sempre
presente, eis a família divina. É o tipo da família cristã.
Lede o Gênesis. Por duas vezes,
Deus Se concentra e toma conselho Consigo mesmo.
Cria o homem à Sua imagem e
semelhança; e, imediatamente, dá-lhe uma companheira semelhante.
Está fundada a família. Logo
aparecerá a trindade humana, Trindade divina.
Uma, indissolúvel, fecunda, como
esta, tal foi a família, desde a sua origem.
Jesus Cristo veio para
estabelecer as suas leis desprezadas e violadas na antigüidade, e proclamar, de
novo, os seus princípios constitutivos e sagrados. Fez mais. O contrato pelo qual
se formava a sociedade conjugai, constituiu-o sacramento; e quis, para
demonstrar mais a sua santidade, que os esposos fossem os próprios ministros. O
matrimônio não é somente um sacramento que os esposos recebem, mas um
sacramento que se dão um ao outro. O padre é apenas a testemunha; são eles que
são realmente os padres: Sacramentum hocmagnum est.
A graça que recebem nele é muito
mais do que uma graça momentânea. É um crédito que adquirem de Deus e em
virtude do qual inúmeras graças lhes são ulteriormente distribuídas, dia a dia,
instante a instante, para cumprirem todos os deveres e satisfazerem a todas as
obrigações da vida conjugai. É uma fonte abundante e inesgotável de graças,
aberta em suas almas, de onde sairão, quando for necessário, torrentes de luz,
de força e de vida. Sacramentum hoc magnum est.
E, para mostrar ao mesmo tempo a
abundância da graça, a dignidade santa dos esposos, i- lambem a grandeza dos
deveres e a força das obrigações que contraem, é às relações, à i in iào, às
trocas inefáveis de amor e dedicação de Cristo e de Sua Igreja, que o Apóstolo
os lompara: ego dico in Christo etin Ecclesia.
O que foi, o que há de ser
sempre Cristo para a Sua Igreja, o marido deve sempre sê-lo para sua mulher; o
que a Igreja é para o Seu Cristo, a mulher deve sê-lo para seu marido: Sacramentum
hoc magnum est, ego dico in Christo et in Ecclesia.
É nesta altura que Jesus Cristo
colocou o matrimônio cristão, a sociedade conjugai. Para descobrir quais são os
deveres do marido, basta observar que o matrimônio é um contrato. Ora, todo o
contrato é uma troca e comparta três elementos: um fim, um objeto, um motivo.
O fim, é o que se recebe; o
objeto, que se dá; o motivo, é o porque, a razão que determina.
Ponho, por exemplo, a minha casa
à venda, aqui tenho o objeto do contrato; o dinheiro que recebo, é o fim; o
prazer ou a vantagem que me dá o dinheiro, é o motivo. Todos os deveres do
marido podem, portanto, resumir-se nestes três artigos: receber, dar, determinar-se
por um motivo. Examiná-los-emos sob este triplo ponto de vista.
(Livro O marido, o pai e o apóstolo - Escravas de Maria)
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