(Santa Teresinha aos 8 anos de idade) |
“Depois do passeio (durante o qual papai me
comprava sempre um presentinho de um ou dois soldos), recolhia-me em casa.
Fazia então minhas lições. A seguir, ficava todo o resto do tempo a saltitar no
jardim em volta do papai, pois não sabia brincar com boneca. Para mim era
grande alegria preparar chás com grãozinhos e com cascas de árvores que
encontrava pelo chão. Levava-os depois ao papai numa linda xícara pequena. O
coitado do paizinho largava sua ocupação e depois sorridente fazia de conta que
tomava. Antes de me devolver a xícara perguntava-me (como que em segredo) se
era para jogar fora o conteúdo. As vezes, dizia que sim, mas o mais frequente
era levar de volta meu precioso chá, com a intenção de tornar a servi-lo várias
vezes...
Gostava de cultivar minhas florezinhas no jardim
que papai me tinha dado. Entretinha-me em armar altarezinhos no vão que havia
ao centro do muro. Quando terminava a obra, corria a papai e, levando-o comigo,
dizia-lhe que fechasse bem os olhos e só os abrisse no momento que lho mandasse.
Fazia tudo o que eu queria, e deixava-se conduzir até a frente do meu
jardinzinho. Então eu gritava: "Papai, abre os olhos!" Ele abria-os e
extasiava-se para me dar prazer, admirando o que eu julgava ser uma obra-prima!
...
Seria um nunca acabar se quisera contar mil
pequenos episódios desse gênero, que me acodem profusamente à memória... Ah! Como
poderia enumerar todos os carinhos que "Papai" prodigalizava à sua
rainhazinha? Há cousas que o coração sente, mas que a palavra e a própria ideia
não conseguem formular...” (História de uma alma, Santa Terezinha do Menino
Jesus)
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